(SECOM) - O projeto Arte na Praça, em comemoração ao Dia do Teatro, do Circo e do Grafite, na última sexta-feira, 27, foi um sucesso. Milhares de pessoas prestigiaram a ação promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, com apoio de diversos outros setores do poder público, artistas locais, empresas da cidade, imprensa e a Central Única das Favelas (Cufa).
O colorido dos figurinos dos palhaços, a maquiagem e as performances artísticas apresentadas na Praça Dermeval Barbosa Moreira, das 11h às 15h, ininterruptamente, encheram o local de alegria e descontração, numa mostra de que a cidade possui profissionais talentosos.
Os primeiros a se apresentar foram os palhaços, com suas trupes, Beto Grillo, da Cia. Errantes Brincantes (Gaveta); Iash (Pedággio); Patrick Nogueira, da Cia. Viva; Dalmo Latini, da Trupe Família Clou; Léo Abelha (Abelito); Rodrigo Guadagnini (Joge); Trupe da Alegria, composta por Xoxolito (Alexandre Pinto), Mixaria (André Pires Júnior, de 9 anos), Geleia (André Pires) e Colibri (João Batista Pires, de 73 anos); entre outros.
Além de apresentações individuais, os palhaços interagiram com o público, que gargalhou, aplaudiu e pareceu ter esquecido, durante alguns minutos, dos compromissos árduos do dia a dia, para assistir a esquetes, malabarismos, mágicas e performances em pernas de pau. Embora não tenha se apresentado no evento, esteve presente o mamulengueiro Xando. Pernambucano, morador de Teresópolis, ele é conhecido pelo seu teatro de bonecos e no carnaval friburguense deste ano ajudou a criar diversos carros alegóricos da escola de samba Unidos da Saudade.
EVENTOS NA RUA: “Onde o povo está”O secretário municipal de Cultura, Roosevelt Concy, que esteve presente durante todo o evento, tinha a felicidade estampada no rosto: “É o primeiro evento da Secretaria de Cultura em praça pública com múltiplas atividades artísticas. Nosso objetivo é democratizar a cultura. Pretendemos promover o projeto Arte na Praça com frequência, mensalmente, se possível, inclusive para comemorar datas como essas. As secretarias municipais de Cultura, Turismo, Esporte, Comunicação Social e Saúde pretendem trabalhar juntas e já temos um projeto para fazer domingos de lazer na Alberto Braune. Ou seja, eventos na rua, indo onde o povo está”, declarou.
O prefeito Heródoto Bento de Mello também esteve na praça prestigiando o evento. Ele fez questão de falar com o público e agradecer a presença de todos, com muita simpatia e animação, como sempre. Ao perceber que a grande maioria naquele momento era de jovens e crianças, cumprimentou: “Boa tarde, pessoal. Boa tarde galera! Para mim é muita alegria ver que vocês estão alegres assistindo a essas apresentações. O povo de Nova Friburgo tem que ser alegre. Continuem tendo uma ótima tarde”.
Aos 73 anos, o palhaço Colibri sonha criar escola de circo
João Batista Pires, de 73 anos, é mais conhecido como palhaço Colibri, embora tenha tido vários nomes artísticos ao longo da sua vida. Ele se apresentou no evento com a Trupe da Alegria, formada por seu filho, André Pires, e seu neto de 9 anos, André Pires Júnior, e Alexandre Pinto. Na ocasião, aproveitou para relembrar muitos momentos vividos em picadeiros Brasil afora.
Sua relação com o circo começou muito cedo. Aos 6 anos de idade já trabalhava com o pai, que era palhaço. Embora tenha se formado em educação física, especializou-se em ginástica olímpica, o que muito contribuiu para as performances de seus espetáculos. Colibri tem muitas histórias para contar, entre elas, o tempo em que atuou no Circo Garcia, logo assim que este foi criado. Em seu bolso ele faz questão de carregar um pequeno álbum com fotografias antigas, que comprovam sua trajetória.
Paulista, há 18 anos mora em Nova Friburgo, hoje em Campo do Coelho. Colibri pretende criar com sua família uma escola de circo para passar seus conhecimentos. Sua esposa Vera Lúcia Henry também é circense, de família tradicional do ramo, é malabarista e trapezista. Atualmente ele busca parcerias para realizar este sonho.
Público participativo aprovou a iniciativa
Como o público era rotativo durante as quatro horas de atividades gratuitas, pessoas de todas as idades assistiram e participaram das apresentações: aula aberta de teatro e dança de rua com alunos do Ponto de Cultura de Olaria; grupo Pérola Negra, do Ciep Glauber Rocha; Cia Teatrae, com pequena mostra do espetáculo Os Saltimbancos, em cartaz no Centro de Arte; números circenses com alunos do professor Carlos Campanucci, da Oficina Escola de Artes; grupo de tambores da Banda Municipal, também da Oficina Escola, entre outros.
Beto Grillo, que atua como palhaço há oito anos, com o humor típico de quem leva a vida brincando, ao ser indagado por que escolheu a profissão, disse: “Foi o que me sobrou, a gente leva a vida a sério demais. O grande lance é lidar com o que a gente tem de mais verdadeiro. E o palhaço é verdadeiro. Não chego a pensar nisso todos os dias, quando estou atuando, mas é isso. Hoje comemoramos o Dia Nacional do Circo, seja aqui, no Maranhão, em São Paulo ou no sul do país. Estamos em toda parte, para alegrar e tornar o dia melhor”, destacou.
Cinco professoras da Escola Estadual de Educação Especial Neuza Goulart Brizola, que funciona anexo à antiga Fonf, na Rua Sylvio Henrique Braune, levaram à praça 32 alunos portadores de necessidades especiais. Alguns deles participaram ativamente das atividades. A professora Vânia de Araújo Schuvenck adorou a iniciativa, pois tudo que se refere ao convívio social é de extrema importância para o trabalho que realiza, de integrar os alunos à sociedade.
Guinter Melo, de 11 anos, e seu irmão Lázaro, de 6, alunos do Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf), que saíam do colégio àquela hora, sentaram-se na arquibancada para assistir aos espetáculos. Guinter, que faz curso de desenho na Oficina Escola de Artes, também pensa em cursar arte circense na oficina, pois adora circo e música. Já seu irmão ficou surpreso ao ouvir os palhaços cantando músicas que a avó canta para eles. Elen Cardinot, que também passava pelo local, estava feliz ao presenciar crianças e jovens participando e assistindo ao evento: “Pensar que nossas crianças não tinham perspectivas de futuro, estavam pela periferia sem opção de lazer e cultura e agora podem ter acesso a atividades culturais em nossa cidade, gratuitamente, me deixa emocionada”, declarou.
A Central Única das Favelas (Cufa), que tem representação em Nova Friburgo, participou do evento levando para a praça grafiteiros e dançarinos de rua, apresentando hip hop. Segundo Aline Velozo, coordenadora da Cufa na cidade, o objetivo é levantar a autoestima da periferia. Mais informações sobre a Cufa podem ser obtidas no site www.cufa. org.br, onde há um link para o blog de Nova Friburgo. Atualmente existem cerca de 40 profissionais envolvidos desenvolvendo projetos para ampliar a participação popular.
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