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O futuro museu de Nova Friburgo
Foi inaugurada no mês de dezembro a primeira sala do futuro museu de Nova Friburgo. O museu fica no solar do Barão de Nova Friburgo, na Praça Getúlio Vargas. Esse imóvel foi adquirido pela prefeitura dos descendentes do barão e durante muito tempo serviu como sede da Câmara Municipal e igualmente biblioteca pública. Foi duramente castigado quando serviu como Centro Cultural para cursos livres promovidos pela secretaria de Cultura. Mas agora, finalmente, o solar do Barão de Nova Friburgo tem uma destinação que lhe faz justiça, por ser um dos mais importantes patrimônios históricos do município. Na primeira sala do museu, outrora sala de chá dos Clemente Pinto, estão expostas esculturas que ficaram por décadas na Praça Dermeval Barbosa Moreira, em frente à catedral São João Batista. A retirada delas do logradouro público, em 2013, foi para evitar danos maiores e pichamentos. As esculturas denominadas de "Quatro Estações" são de autoria do escultor francês Mathurin Moreau. Na França e em vários outros países há inúmeros trabalhos seus em bronze como estátuas, fontes e monumentos funerários. A estátua Oceania, do Museu d’Orsay, em Paris, é um dos seus trabalhos. As esculturas das quatro estações foram encomendadas por Eduardo Guinle a Mathurin Moreau e ficavam na ilha central do Parque São Clemente, que foi de sua propriedade antes de pertencer ao Country Clube. Eduardo Guinle as doou à municipalidade na comemoração do centenário de Nova Friburgo, em 1918. Outra peça exibida é uma imagem de São Clemente, do século 19, em madeira policromada, santo protetor da família Clemente Pinto, do Barão de Nova Friburgo. Mas a maior preciosidade são duas cadeiras estilo império em carvalho, bronze e jacarandá que ficavam na capela da chácara do chalet onde se encontrava a imagem de São Clemente. Apresentam no espaldar o brasão de armas de Antônio Clemente Pinto.
Fica ao centro da sala o decreto original de fundação de Nova Friburgo. Juntamente um assento manuscrito dos primeiros suíços que chegaram ao Brasil, em 1819, feito por Monsenhor Miranda. Janelas de prospecção com as pinturas originais Elviro Ernesto Martignoni, uma intervenção de fins do século 19, expõem como era a parede da sala. Martignoni igualmente pintou a Catedral São João Batista e possivelmente o palacete do Barão de Duas Barras, onde hoje funciona a UFF. Painéis explicam o objetivo do museu e a inauguração dessa sala tem por finalidade sensibilizar o empresariado e possíveis mecenas para auxiliar financeiramente o futuro museu. A Fundação D. João VI conta com associação de amigos que auxiliará na captação de recursos. São curadores da primeira sala do futuro museu a museóloga Lilian Barreto e o arquiteto e historiador Luiz Fernando Folly. Lilian Barreto esclarece que pretende solicitar a cessão de peças pertinentes à história de Nova Friburgo ao Museu da República, ao Museu Imperial e ao Museu Histórico Nacional. Está no projeto do futuro museu uma sala destinada à indústria. Dentro do contexto de seus quase duzentos anos de história, a Era industrial de fato merece destaque. Entre os anos de 1911 e 1980, Nova Friburgo de uma cidade veranista ficou reconhecida como um município industrial, recebendo inclusive a alcunha de paraíso capitalista pelo então prefeito Heródoto Bento de Mello. O município já possui dois centros de memória abertos ao público: o do Colégio Anchieta e a Casa Suíça. Esse último trata-se de um memorial com peças que reproduzem utensílios de trabalho e objetos do cotidiano dos colonos suíços no século 19. São raros os objetos originais e os que compõem o seu acervo são réplicas para ilustrar o modo de vida dos colonos suíços. Com a inauguração da primeira sala do futuro museu e somando os centros de memória do Colégio Anchieta e da Casa Suíça, o município dá um grande em passo em sua história e em sua memória. A todos os leitores de A VOZ DA SERRA, um feliz 2017!
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
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