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2017: ano difícil
2017: ano difícil
Um início de recuperação em meio a um crescimento tímido e a dificuldades no cenário internacional. Para economistas, as perspectivas para a economia em 2017 indicam leve melhora em relação a 2016, mas apontam para um caminho cheio de percalços rumo à retomada da produção e do consumo. Segundo os especialistas, o quadro político também retarda a recuperação da economia. Para eles, o país precisa superar as pendências políticas antes de voltar a crescer, mas essa é apenas uma parte da solução.
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Para a professora de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Virene Matesco, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) crescerá no máximo 0,5% em 2017. Ela diz que somente quando consumidores e empresários recuperarem a confiança, a economia começará a recuperar-se plenamente.
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As entidades do setor produtivo também não têm projeções otimistas para a economia no próximo ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima crescimento de 0,5% para o PIB, com expansão de 1,3% na indústria. Para a entidade, o investimento deve crescer 2,3% em 2017 depois de cair 11,2% este ano. Para o gerente-executivo da CNI, Flávio Castelo Branco, a ociosidade das indústrias, que estão com grandes estoques acumulados, e as dificuldades financeiras das famílias e das empresas dificultam a retomada do crescimento. Segundo ele, somente quando o endividamento diminuir, o consumo e a produção terão condições de reagir.
Shoppings faturam menos
As vendas em lojas de shopping caíram 3% no Natal de 2016 na comparação com igual período do ano anterior, segundo a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). O desempenho foi apurado por meio de pesquisa feita com 150 empresas de varejo associadas à entidade. A Alshop considera que as famílias gastaram menos neste Natal em meio a uma restrição no acesso ao crédito, taxas de juros elevadas e desemprego. Segundo constatou a entidade com base em dados do SPC Brasil, o gasto médio dos brasileiros com presentes de Natal caiu cerca de 5% este ano ante 2015. De acordo com o estudo, os segmentos que se destacaram em vendas mesmo diante do cenário mais fraco foram: perfumaria e cosméticos, moda, calçados, brinquedos e bijuterias e acessórios.
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De acordo com projeções da Alshop, as vendas em lojas de shopping no ano de 2016 acumulam R$ 140,5 bilhões. O resultado este ano é 3,2% menor em termos nominais do que o de 2015, de acordo com o estudo. A Alshop apresentou números da evolução histórica das vendas em shoppings desde 2004 e, segundo os dados da entidade, o ano de 2016 é o primeiro desde então em que o setor registrou queda de vendas em termos nominais.
Crédito recua
Com a recessão econômica, o crédito no Brasil deve apresentar, este ano, o primeiro recuo já registrado pelo Banco Central (BC). A projeção é que a retração no saldo das operações de crédito chegue a 3%, este ano, a primeira da série histórica iniciada em março de 2007. Em 12 meses acumulados até novembro, o recuo ficou em 2,3%, o que levou o BC a revisar a estimativa, que era de queda de 2%. Para o próximo ano, a expectativa é de retomada do crédito, com estimativa de crescimento do saldo em 2%.
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Segundo o BC, essa retração está associada à queda da atividade econômica. E lembra que em 2015, primeiro ano da recessão econômica, houve desaceleração no saldo do crédito, que registrou crescimento de 6,7%, depois da expansão de 11,3%, em 2014. O crédito para as empresas foi o mais atingido pelo recuo. Em 2015, o crédito para esse segmentou cresceu 6,3%, mas deve recuar mais de 7% em 2016. Já o crédito para as famílias desacelerou, mas não chegou a apresentar queda. Em 2015, houve expansão de 7,1% e em 12 meses até novembro deste ano, o crescimento é de 3,2%.
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