A decisão da Justiça, em primeira instância, acatando a ação civil pública que resultou na suspensão do reajuste do valor da passagem de ônibus, na tarde de quarta-feira, 25, causou revolta aos funcionários da empresa de ônibus, que perderam o aumento de 15% concedido à categoria. A decisão judicial, motivada pela ação impetrada pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT), obrigou a concessionária de transporte público da cidade a reduzir a passagem para R$ 2,00, valor anteriormente em vigor.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Ivanir Onorato, reuniu os trabalhadores da Faol na tarde desta quinta-feira, 26, para protestar em sessão na Câmara Municipal contra a decisão da Justiça. A casa legislativa foi escolhida para o protesto por ser representativa da população e avalista das ações do executivo, além de ter entre seus integrantes, vereador do PT, um dos representantes da ação.
Ivanir acusou o governo anterior de incitar sindicatos e partidos a irem às ruas “com o pretexto de fazer política e iludir o povo, prática comum daquela administração em seus dois mandatos”, avaliou o líder dos trabalhadores rodoviários. Ivanir ainda atacou a ex-prefeita e condenou a campanha de difamação contra a Faol e seus 1.200 funcionários, que, segundo ele, estão em situação precária de vida, devido ao longo período sem aumentos de salários.
“É um crime o que o governo anterior fez com os trabalhadores da Faol. Não é possível um cobrador de ônibus sustentar a família ganhando apenas R$ 542,00. A ex-prefeita enganou o povo, impediu a melhoria nos serviços da empresa concessionária e deixou o trabalhador rodoviário passando fome com salários baixíssimos. Há dois anos tentamos o diálogo, mas não recebemos resposta. O novo governo agiu de acordo com a lei, salvou nossos empregos e a vida de nossos familiares, mas mesmo assim esse grupo que dominou a política por oito anos insiste em prejudicar o trabalhador”, protestou.
‘Familiares em risco’Entre os 150 manifestantes da Faol que compareceram ao plenário da Câmara dos Vereadores, o cobrador Rivaldo Damião da Costa pedia por justiça e se dizia apreensivo com a anulação do aumento dos salários dos trabalhadores.
“Como vou sustentar minha família com esse contracheque? Não é possível que os atos inconsequentes do governo anterior continuem a nos prejudicar. É uma vergonha assistir a uma manifestação programada e usada pelos políticos do passado. Temos que evoluir. Estamos passando por dificuldades. Se a população conhecesse nossa terrível realidade pensaria duas vezes em deter o aumento”, desabafou Rivaldo.
O líder do governo na Câmara, Marcelo Verly, ponderou sobre as palavras dos funcionários rodoviários, que se reuniram em sessão aberta com os vereadores, e avaliou o momento como delicado e sério.
“O antigo governo demonizou a empresa Faol e diminuiu seus funcionários, usando de truculência ao tratar de um assunto extremamente relevante para a sociedade friburguense. O uso de politicagem e radicalismos sempre foi um expediente desse grupo extinto pelo voto nas últimas eleições. Não podemos tolerar mais os desgovernos e algazarras, mas sim analisar uma política pública que trate o problema com cuidado e apresente soluções”.
O vereador Sérgio Xavier, presidente da Câmara, endossou as palavras do vereador Marcelo Verly e descreveu a situação herdada pelo atual governo como uma bomba-relógio prestes a explodir.
“Há uma grande incongruência naqueles que dizem lutar pela classe trabalhadora e que, mesmo assim, não escutam a verdade e logo disparam contra o aumento dos salários dos próprios trabalhadores. A implantação de melhorias, como a bilhetagem eletrônica, modernização da frota e ampliação das linhas noturnas (principalmente de madrugada), medidas determinadas pelo prefeito, são extremamente necessárias. Precisamos analisar com cuidado todas essas questões para tomarmos uma posição ponderada sobre esse assunto”.
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