Primeira Flinf é marcada pela adesão do público

Zuenir Ventura se emociona em homenagem no Teatro Municipal Laercio Ventura
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Primeira Flinf é marcada pela adesão do público

Foram mais de 60 atividades, mais de 60 voluntários, 165 pessoas envolvidas nas apresentações artísticas e mesas, e um público de cerca de 2.600 pessoas em três dias de evento. A Flinf – Festa Literária de Nova Friburgo - já nasce grande, com potencial para se firmar de vez no calendário de eventos literários do país. Marcada pela adesão, pela sincera entrega do público e dos participantes presentes, a Flinf se materializou realmente na festa do encontro.

A abertura no Teatro Municipal Laercio Ventura contou com a participação das escolas municipais Vale de Luz e Umbelina Breder de Queiroz. O primeiro show foi das crianças. A contação de histórias de Maria Clara Cavalcanti e a aula sobre mediação de leitura de Alessandro Rocha e Thaty Castelo Branco, especialistas do iiLER-PUC-Rio, mantiveram  a plateia de cerca de 300 pessoas concentrada para o que estava por vir: a descontraída e generosa conversa de duas horas do jornalista e escritor homenageado da primeira Flinf, Zuenir Ventura, que subiu ao palco do teatro com os olhos marejando, visivelmente emocionado.

“Eu não sei se tem na plateia alguém especialista em coração, mas eu vou precisar de um, realmente. Eu fiquei ali me contendo, sabe, porque homem não chora”, riu. Eu estou muito, muito emocionado. Você [referindo-se à curadora da Flinf, Maria Fernanda Macedo] não pode imaginar o tamanho da minha emoção em ser homenageado neste teatro que leva o nome de Laercio Ventura na cidade que me deu régua e compasso”, destacou.

Zuenir conversou sobre sua vida em Nova Friburgo, contou causos. Com riqueza de detalhes, falou ao público - composto em sua maioria por professores da rede pública de ensino - sobre o processo de criação de cada um de seus livros, com destaque, claro, para “Sagrada Família”, cujo enredo se passa na pequena Florida, cidade imaginária inspirada em Nova Friburgo. A obra, que mostra a cidade pacata e personagens nem tão pacatos assim, contou com a pesquisa apurada da jornalista Dalva Ventura, prima de Zuenir.

“Foi a reconstituição de época através da pesquisa de Dalvinha que me permitiu ficcionar um pouco da história de Nova Friburgo nos anos 40”, disse o escritor.

Zuenir, um verbo

"Zuenir entrou em minha vida quando eu passava por um período de turbulência. Estava com dois filhos pré-adolescentes, sem empregada, com uma licença não-remunerada da prefeitura e terminando a faculdade de jornalismo. A cada 15 dias, não tendo com quem deixar as crianças, a família acampava no Jornal do Brasil, onde eu ajudava meu marido na revisão dos textos. 
Para minha sorte, os plantões de fim de semana de Ancelmo Góes coincidiam com os do mestre Zu. Ao saber que eu estava me formando em jornalismo, ele me convidou para fazer um estágio no caderno Ideias. Aceitei, mas pedi um tempo para arranjar uma empregada. Meses depois, apresentei-me a ele, tímida, na redação do JB.
Com entusiasmo juvenil, Zu acionou a impressora e me jogou no colo os originais, ainda quentinhos, de seu livro "1968 - o ano que não terminou". Pediu minha opinião, sobre o enfoque que dera ao Congresso da UNE, em Ibiúna. Mal consegui ler as páginas. Não acreditava que aquele grande jornalista descia até o meu tamanho de estudante para conversar comigo.
E foi assim, com naturalidade, simplicidade e respeito que Zuenir Ventura conquistou definitivamente meu carinho. Quando escrevi meu primeiro romance, Silvana Gontijo contou para Zuenir. Ele me pediu para ler, mas eu demorei mais de cinco anos para lhe entregar os originais d'Essa Menina. Recebi dele os melhores incentivos e muita cobrança para imediata publicação.
Generoso, Mestre Zu sempre acreditou em mim, muito mais do que eu mesma. E foi para homenagear Zuenir Ventura que eu vim participar da 1ª Flinf.”
(Tina Correia, escritora, que participou, no sábado, 15, na Fundação Dom João VI, junto com Zuenir).

“O venerável Zu é o senhorzinho mais jovem que conheço e mestre de várias gerações de coleguinhas, a minha inclusive.”
(Ancelmo Gois, jornalista)

“Três clássicos de 1931: "Limite", de Mário Peixoto, "Luzes da cidade", de Chaplin, e Zuenir Ventura, de seu Zezé e dona Neném.”
(Artur Xexéo, colunista)

“Zuenir é a prova de que jornalismo é vampirismo. Sempre com os dentes na jugular do novo e perto das carótidas dos jovens, é broto aos 80.”
(Joaquim Ferreira dos Santos, colunista)

“Quase todos os jornalistas escrevem sobre assuntos. Zuenir é o nosso único grande especialista em gente. É do que ele mais entende.”
(Luiz Garcia, jornalista)

“Os 80 anos do Zuenir e o vulcão redivivo da Islândia, similaridades e contrastes. Um estudo sobre as forças inesgotáveis da natureza.
(Luís Fernando Veríssimo, escritor)

“Ele trocou Friburgo pelo calor de Vila Isabel, descobriu o Rio, se fez um dos maiores jornalistas de sua geração e se transformou na mais gostável criatura da vida cultural carioca.” A opinião, insuspeita, é de quem o conhece há 76 anos.
(João Máximo, jornalista, primo de Zuenir).

"A pessoa é para o que nasce. Poucas vezes um título foi tão feliz, quanto esse escolhido por Roberto Berliner para contar a história de três irmãs cegas e cantadoras. Drummond, como disse o anjo, nasceu para ser gauche na vida. E Zuenir nasceu para ser referência. Referência ética, referência profissional, referência afetiva, referência de vida.
Desde o dia em que aprendi a ver o mundo por meio das notícias, meu sonho era conhecer o mestre Zu. Foi ele, mesmo sem saber, quem bordou a colcha de retalhos que me fez compreender, com clareza e simplicidade, o país e a cidade em que eu vivia. Sob qualquer perspectiva, Zuenir desenvolvia, em palavras, as equações mais complicadas do cotidiano e da história. (...) Zuenir é, assim, um verbo de referência, de terceira conjugação, sempre no presente. Viva ele!''
(Andréa Pachá, juíza e escritora, autora de "A vida não é justa" e Segredo de Justiça", que deram origem à série de TV).

“A coragem, a lucidez com que a gente precisa olhar para si mesmo, olhar para nosso território, estão inscritos nestas escritas de mestre.”
(Maria Fernanda Macedo, curadora da Flinf).

Em Friburgo para a Flinf, Zuenir visita nova sede de A VOZ DA SERRA

Na manhã do último sábado, 15, Zuenir Ventura visitou a nova sede de A VOZ DA SERRA, a já conhecida casa azul, na Avenida Comte Bittencourt e lembrou de sua passagem por Nova Friburgo e sua relação com o jornal. Ele foi recepcionado pela diretora Adriana Ventura e o vice-diretor, Gabriel Ventura. “Adriana querida. Adorei visitar as novas instalações da nossa A VOZ DA SERRA e conversar com você e o Gabriel. Tive a sensação de que Laercio e o Meco (Américo Ventura, um dos fundadores) ali sobre minha cabeça (relacionando-se a um quadro numa das salas de recepção do jornal) estavam participando do nosso papo. Obrigado por ter me levado para esse encontro de afetos”, disse o mestre Zu. 

  • Zuenir Ventura ao lado de Adriana Ventura, diretora de A VOZ DA SERRA

    Zuenir Ventura ao lado de Adriana Ventura, diretora de A VOZ DA SERRA

  • E ao lado de Gabriel Ventura, vice-diretor de A VOZ DA SERRA

    E ao lado de Gabriel Ventura, vice-diretor de A VOZ DA SERRA

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Flinf
Publicidade