Colégio Anchieta: fé e ciência - Segunda Parte

A aquisição da sede da Fazenda do Morro Queimado foi no reitorado do padre Domingos de Meis. Em 1° de janeiro de 1902 foi colocada a pedra fundamental do novo edifício. Estavam presentes padres e escolásticos jesuítas, o Conde de Nova Friburgo, o Barão de São Clemente, o segundo Barão de Duas Barras, autoridades políticas e judiciais, alunos e ex-alunos. Em apenas quatro anos todo o conjunto do colégio estava pronto. Suas palmeiras imperiais indicam que ali seria um templo da fé e do saber. O Colégio Anchieta leva o nome de um dos mais importantes jesuítas da Companhia de Jesus: José de Anchieta. Qual foi o papel da Companhia de Jesus na história do Brasil?  A Companhia de Jesus é uma ordem religiosa da Igreja Católica fundada na Europa em 1540, por Inácio de Loyola. Nascido na Espanha em 1491, de família fidalga, seguiu a carreira militar convertendo-se à vida religiosa após ser ferido em um cerco das tropas francesas. Em Roma, como estudante da Universidade de Paris, fundou a Companhia de Jesus que foi aprovada pelo Papa Paulo III, em 1540. Essa companhia foi fundada em pleno desenrolar do movimento de reação da Igreja Católica contra a reforma protestante, sendo os jesuítas considerados um dos principais agentes da Contra Reforma. Seu objetivo era tentar sustar o grande avanço protestante por meio da educação dos homens e por intermédio da ação missionária, procurando converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas. Os jesuítas contribuíram para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de colonização e povoamento da Colônia brasileira. A Coroa portuguesa contou com a colaboração dos jesuítas para converter os índios à fé católica. O primeiro grupo de jesuítas chegou à Colônia brasileira em 1549, chefiado pelo padre Manuel da Nóbrega. A primeira coisa que os jesuítas fizeram foi tentar entender como os índios pensavam, quais eram os seus ritos religiosos, quais eram as suas concepções teológicas para compreendê-las e poder utilizá-las em benefício da cristianização. Para se comunicar com os índios criaram um idioma próprio. A partir do tupi e do gurarani construíram um idioma que vão chamar Língua Geral. A liberdade dos indígenas sempre foi defendida pelos padres da Companhia de Jesus, apesar de não se oporem formalmente à escravatura, em virtude sua situação frente à Coroa portuguesa. A vinda dos jesuítas proporcionava assim a expansão da Fé e do Império, reunindo mercadores, colonos e evangelizadores. A atuação dos padres na colônia brasileira no primeiro século foi a catequização, convertendo os índios à fé católica e aos costumes dos brancos, desenvolvendo no indígena a cultura do trabalho. Já no segundo século foi de implantação de um sistema educacional. Começaram a se dedicar ao ensino dos filhos dos donos de engenho, responsáveis pelo ensino inclusive dos jovens que se preparavam para ingressar em cursos superiores na Universidade de Coimbra. O método educacional jesuítico foi influenciado pela orientação filosófica das teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino que tinha como princípios fundamentais: a busca da perfeição humana por meio da palavra de Deus e a vontade dos homens; a obediência absoluta e sem limites aos superiores; a disciplina severa e rígida; a hierarquia baseada na estrutura militar, daí serem conhecidos como soldados de Cristo; e por fim a valorização da aptidão pessoal de seus membros. O Projeto Educacional Jesuítico era o alicerce da nova estrutura social e educacional da Colônia brasileira. Com a sua política de instrução — uma escola, uma igreja —, edificaram templos e colégios nas mais diversas regiões da colônia, expandindo sua pedagogia através do teatro, da música e da dança. A Companhia de Jesus não foi a única ordem religiosa que atuou na Colônia brasileira, mas foi aquela que primeiro desembarcou e mais destaque teve. Os membros das demais ordens, como os franciscanos, os carmelitas e os beneditinos, iniciaram seu trabalho por volta de 1580, e diferentemente dos jesuítas, não tinham na função educadora sua principal atividade. Depois de mais de dois séculos no Brasil, os jesuítas tiveram suas atividades suspensas na Colônia a partir de 1759, por ordem do Rei D. José II. O poderoso Ministro de Estado, Marquês de Pombal, expulsou os jesuítas da Colônia e confiscou para a Coroa portuguesa todos os bens da Companhia de Jesus. No entanto, o Papa Pio VII iria restaurar a Companhia de Jesus, em 1814. Os jesuítas retornariam ao Brasil, dando continuidade à sua obra educacional. Hoje em dia formam a maior ordem religiosa da Igreja Católica. Continua na próxima semana.