Em reunião no final da tarde da última quinta-feira, 1º, com moradores do edifício Monte Carlo, situado nas esquinas das ruas Augusto Spinelli e Juvenal Namen (trecho também que se inicia a Rua Cristina Ziede), no Centro, que teve parte de sua estrutura destruída no evento climático de 2011, o secretário de Meio Ambiente, Alexandre Sanglard, entregou laudos autorizando a solução definitiva sobre o que será feito com a construção. O prédio foi na época totalmente desabitado e interditado pelo governo do estado, em razão da estrutura de fundação ser comum a toda a construção.
Os laudos das obras feitas pelo governo do estado sobre a contenção de encostas próximas ao prédio atestaram a segurança do local — e o secretário afirma que a partir de agora os proprietários têm, legalmente, a autorização para tomar a decisão sobre o que será feito com o prédio: se ele será demolido ou se a estrutura original afetada será reconstruída. Ele afirmou ainda que os moradores já têm um laudo de uma empresa especializada em engenharia e recuperação estrutural que atesta que a reconstrução é possível.
Segundo Alexandre, a recuperação da estrutura é viável uma vez que o imóvel é de excelente qualidade. Além disso, a reconstrução do imóvel seria mais um marco da recuperação da cidade, já que a imagem do prédio, assim como inúmeras outras, viajou o mundo.
Após a entrega do laudo da Defesa Civil e do documento com o parecer da secretaria de Meio Ambiente ao síndico do imóvel, os moradores realizarão assembleia na qual serão decididas as medidas a serem tomadas para a promoção de uma solução técnica do imóvel. A Defesa Civil só pode desinterditar o prédio após as obras de recuperação serem realizadas e devidamente vistoriadas.
Entenda o caso
Vinte e dois mortos, sete casas soterradas, um edifício residencial praticamente cortado ao meio por uma avalanche de toneladas de terra e lama que mudaram para sempre o aspecto das ruas Juvenal Namen e Cristina Ziede na madrugada do fatídico 12 de janeiro de 2011.
As cenas da trágica imagem, em um dos pontos nobres do centro de Nova Friburgo, não saem da cabeça de quem as presenciou, viu pela TV ou ainda através das imagens de jornais ou vídeos na internet. E perduram até hoje. Cinco anos se passaram e pouca coisa mudou na bucólica rua de construções sólidas habitadas por tradicionais famílias.
O governo do estado realizou obras de contenções da base da encosta com muros de gabião e drenagens com calhas de concreto, além do plantio de vegetações rasteiras que ajudam a apagar as gigantescas cicatrizes abertas numa imensa montanha que margeia o lado ímpar da rua.
Manifesto à ouvidoria da Prefeitura cobrou obras
Em 2013, moradores e amigos da Rua Juvenal Namen/Cristina Ziede organizaram um manifesto com o recolhimento de assinaturas que foi encaminhado à ouvidoria da Prefeitura de Nova Friburgo para cobrar intervenções urgentes do poder público na via, já que ao estado coube apenas as obras de contenção da encosta. Os moradores queriam a urbanização e uma definição aos proprietários que tiveram suas casas soterradas, seus bens perdidos.
Os 18 apartamentos — nove em dois blocos — estão todos vazios. Cinquenta metros quadrados dos apartamentos da coluna 4 do bloco B ruíram com o deslizamento. Todo o prédio continuou interditado por medida de segurança. Alguns moradores, nos dois primeiros anos, ainda nutriam alguma esperança de retornar aos seus lares, principalmente com o andamento das obras nas encostas realizadas pelo governo estadual. Mas, com o passar do tempo, um ano, dois anos depois, a espera se transformou em decepção, angústia, frustração.
Agora, passados cinco anos da tragédia, uma nova perspectiva se apresenta para os proprietários, com a entrega dos laudos autorizando a solução definitiva sobre o que será feito com a construção.
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