Nascida entre 2009 e 2010 e publicada semanalmente no caderno Light, de A VOZ DA SERRA, a HQ Pássaros Artificiais provocou estranheza entre leitores, que ficaram sem ver o final. Até agora. Porque os autores, Diego Aguiar Vieira e Antonio Eder, retomaram a produção do quadrinho e estão lançando uma versão totalmente nova e enlouquecida da história. Originalmente pensada como uma história de trinta e duas páginas planejadas como um caderno donde se soltariam os grampos e a leitura, o quadrinho contaria com outras ordens de leitura.
Nessa edição, totalmente redesenhada por Antonio, a ordem da leitura está ainda mais entregue às vontades do leitor. Em um formato especial, as páginas vêm num envelope selado, que além de textos inéditos e exclusivos para essa primeira edição limitada de 100 exemplares, traz em cada envelope uma página datilografada, original e assinada, de um pequeno livro que só poderá ser acessado na íntegra pelos que comprarem o quadrinho.
Diego esclarece que a história ainda é a mesma: a estranha mistura de elementos que parecem fazer com que uma mulher desestabilizada pelas falidas figuras masculinas ao seu redor, busque alguma espécie de redenção, que talvez nunca chegue. “Isso tudo enquanto se discute a morte, a vida, arte, possessões e compromissos, como uma metralhadora emocional que, se você ainda for daqueles que pensam que quadrinhos é coisa de criança, no mínimo vai pensar que também pode ser uma parada muito louca”, diz.
Saindo de forma independente, sob o selo Macuco Beleza Produtora Independente, Pássaros Artificiais formaliza a criação de um universo ficcional que começou a ser moldado anos antes da primeira versão ser publicada. “Tocando anu para Cantagalo, o movimento criativo em questão são histórias sobre as muitas histórias que as pessoas acumulam enquanto vivem e morrem. Amores, confusões mentais e o que pensamos e pensam sobre nós, enquanto somos incapazes de deixar a morte tomar forma”, ressalta Diego.
Segundo ele, esta HQ parte de uma narrativa transmídia em constante progresso, e nega a si mesma qualquer rótulo, gênero, assim como qualquer classificação midiática, “abraçando ao mesmo tempo que o universo dos quadrinhos, também a linguagem cinematográfica e literária. Pássaros Artificiais é ainda um jogo, uma história que busca fins, ordenamentos diversos e buscas por respostas, que só cabem ao leitor, sempre o verdadeiro dono daquilo que lê, saber se são encontradas ou não”.
O que dizem por aí
“Uma sucessão de microcosmos poéticos de tirar o fôlego, Pássaros Artificiais mescla o traço tradicional e expressivo de Antonio Eder com a prosa experimental e multidimensional de Diego Aguiar Vieira. Uma saga espaço-temporal contida em uma narrativa de núcleo familiar, Pássaros voa alto e sem nada de artificial em sua trajetória. Além de permitir leituras com ordens distintas da paginação, a obra permite várias releituras de cada página isolada: tal é o alcance filosófico e lírico do texto de Vieira. Você termina com a sensação de que não sabe muito bem o que o atingiu, desejando investigar como isso aconteceu.” Alex Mandarino, escritor, tradutor.
"Onde é o lado de lá da realidade? Para onde convergem, de onde procedem os fios que tecem a trama de nossas vidas? E quem observa essa trama, fora do tempo e do espaço, entre as frestas e batidas do coração? A resposta está na Teoria da Flor de Lótus, e pelas ruas desta Macuco literária e alucinógena, desta Macuco alucinada e reflexiva, onde a realidade é desfolhada pelo sopro suave de um tempo não-linear, e as histórias que tomam forma apontam para O Que não tem forma, nem nunca terá." Lucio Manfredi, escritor e roteirista.
“Em um lugar onde vários mundos se conectam após a morte de um escritor apaixonado pela literatura, somos apresentados a uma ciranda de acontecimentos e referências. Um mundo repleto de melancolia e caos em uma HQ que é original e independente. Julio Cortázar encontrando Ariano Suassuna. Cinema Novo e Tropicália se reencontrando em quadrinhos”. Délio Freire, escritor e cineasta.
“A HQ Pássaros Artificiais, escrita por Diego Aguiar e desenhada pelo mestre Antonio Eder, te pega no contrapé, injetando um vírus que é como uma compulsão desperta do primeiro ao último quadro. 'Há sempre mais de um ponto de vista.', diz o personagem já no princípio da história. É disso que se trata. Entra aí, respire fundo e mergulhe.” João Pinheiro é autor das graphic-novels Burroughs, Kerouac e Carolina, sobre a escritora Carolina Maria de Jesus, além de editor do site Projeto BILL.
“Em Pássaros Artificiais, Antonio Eder coloca em prática uma narrativa de quadrinhos bem tradicional, mas com experimentações na linguagem, no conceito e no estilo. Vista seu escafandro e prepare-se para mergulhar em uma obra simples e direta, mas carregada de significado.” Raphael Fernandes, roteirista e editor da revista Mad e da Draco Editora.
“Escrever sobre este álbum não é fácil, mas vital. Diego Aguiar Vieira e Antonio Eder realizam o Pássaros Artificiais como mestres íntegros das histórias em quadrinhos por darem uma aula de narrativa na melhor tradição que uma ótima HQ tem que ter. Quadrinhos são xamãs anciões das narrativas, se você sabe que essa arte nasceu pintada na era boreal da nascente humanidade, sabe que se trata de uma arte mágica que eleva os nossos sentidos e percepção da realidade. Pássaros Artificiais tem parte dessa tradição por trazer algo novo. Eder é maduro, sabe simplificar e emocionar, mas nestes desenhos ele faz algo maior ainda, faz a mágica complexa de Vieira acontecer nas diversas texturas labirínticas de detalhes e subtramas sobre a metafísica da morte e a metalinguagem dissecada pelas variantes personagens que indagam o coexistir das histórias dentro das histórias.” Carlos Ferreira, roteirista de quadrinhos.
Onde ler mais
Páginas de uma versão anterior desta HQ foram publicadas no jornal A VOZ DA SERRA, onde podem ser conferidas em: http://passarosartificiais. blogspot.com.br
Conheça outras histórias do universo de Tocando Anu para Cantagalo:
Os Arames da Cerca: http://aramesdacerca.com.br.
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