Uma parceria que já dura 30 anos certamente rende shows empolgantes, e se ainda por cima é para comemorar 100 anos do samba, então, se tornam irresistíveis. É o que vão fazer Zé da Velha e Silvério Pontes — no trombone e trompete —, no Palco das Artes, no Sesc, nesta quarta-feira, dia 17, às 20h. E no sábado, dia 20, às 21h30, é a vez de Monarco e Tuco Pellegrino colocarem todo mundo para sambar. Aos 81 anos, o consagrado compositor da Portela vai lembrar sambas-enredo de sucesso e composições do baluarte.
Os artistas
Zé da Velha e Silvério Pontes - Nascido em Sergipe, Zé da Velha (José Alberto Rodrigues Matos) foi influenciado musicalmente pelo pai, alfaiate profissional e flautista e saxofonista amador. Já morando no Rio, aos 15 anos começou a tocar trombone, primeiro de pistão, mais tarde de vara. Logo cedo se enturmou com músicos de gafieira, sambistas e chorões da Velha Guarda, de onde veio o apelido que virou nome artístico. Paralela à atividade de instrumentista, trabalhou em companhias aéreas por mais de 40 anos, até se aposentar. O trompetista Silvério Pontes, 20 anos mais jovem que Zé da Velha, caminha pela área do choro e tocou ao lado de artistas como Luiz Melodia, Tim Maia, Elza Soares e integra o naipe de metais do grupo de reggae Cidade Negra. A parceria entre Silvério e Zé da Velha começou em 1991, e deu tão certo que os dois passaram a se apresentar juntos. Em 1995 gravaram o disco "Só Gafieira", indicado para o prêmio Sharp. Em 1999 veio o segundo CD, "Tudo Dança — Choros, Maxixes, Sambas", trazendo faixas como "Bole Bole" (Jacob do Bandolim), "O Bom Filho à Casa Torna" (Bonfiglio de Oliveira) e "Pra Machucar Meu Coração" (Ary Barroso). No ano seguinte veio "Ele e Eu", com repertório de choros e sambas.
Monarco - Com seu dom incontestável para compor, Monarco é reconhecido no meio como um sambista que pertence à linhagem nobre do samba de raiz, sendo suas composições consideradas como de musicalidade mais apurada quando se trata de samba. Assim, Monarco passou a ser sinônimo da qualidade de “Monarca”, ou seja, o rei do samba de raiz. O respeito por este ilustre senhor do samba, é algo incontestável. Por isso, em 1999 a cantora Marisa Monte convidou Monarco e a Velha Guarda da Portela para o CD “Tudo Azul”, de sua produção, que contou com participação de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho. Foi um grande divisor de águas em termos de visibilidade da Velha Guarda da Portela na indústria cultural, e que deu testemunho do patrimônio histórico musical dos chamados “bambas” (notáveis sambistas) e da ala mais tradicional da assim chamada azul-e-branco de Oswaldo Cruz, a Portela. Em 2010 Monarco gravou o seu primeiro DVD com o nome que não poderia definir melhor o artista: Monarco – A Memória do Samba e se tornou presidente de honra da Portela em 2013, recebendo homenagens de todos os sambistas do Brasil pela sua dedicação ao samba.
Tuco Pellegrino - Fernando Pellegrino, o Tuco, é um dos expoentes do movimento de pesquisa e disseminação do samba de terreiro no país. Fez escola em importantes agremiações paulistanas de preservação do samba como o Morro das Pedras e o Terreiro Grande. Tem em seu canto o timbre de “gogós” do passado como o portelense Ventura e o mangueirense Jamelão. Como pesquisador, seus discos são documentos da cultura popular brasileira com músicas inéditas de nomes como Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Nelson Cavaquinho e Manacéa, além de Monarco e Nelson Sargento, que interpretam seus sambas.
Em um de seus álbuns, na pesquisa, no coro e solando em duas faixas, está Cristina Buarque, ao lado do Batalhão de Sambistas, músicos que fazem do andamento do samba aquele que se fazia na Portela antiga, cada vez mais deixada de lado pelos defensores da “modernidade”. Monarco e Tuco formam a dupla de ouro da noite de sábado no Sesc. Simplesmente, imperdível!
A programação completa está em www.festivalsescdeinverno.com.br
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