Notas do Repórter - 13 de março

sexta-feira, 13 de março de 2009
por Jornal A Voz da Serra

A Bolsa, um plano eleitoral?

Quando a crise econômica internacional estourava bancos e financeiras e derrubava multinacionais em vários países o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acreditava e o próprio, em nome de uma tranquilidade desaconselhada pela prudência, blasonava que se tratava de uma marolinha e insistia em que a população deveria continuar comprando bens de uso e de consumo, pois o comércio e a indústria precisavam produzir e vender para a economia continuar aquecida. A sociedade refugou o otimismo presidencial e os meios produtores começaram a sentir os efeitos do que hoje já é uma recessão, com demissões, queda de poder aquisitivo, acordos para manutenção dos empregos e uma previsão de que os maiores sintomas ainda estão por vir.

A equipe econômica, ponderadamente, toma a iniciativa de um bloqueio no Orçamento de 2009 da ordem de R$ 37,2 bilhões atingindo o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) mortalmente, cortando verbas da Educação, Saúde, Segurança, Meio Ambiente, Transporte, Desenvolvimento e Turismo, sugerindo ainda providências no sentido de diminuir o tamanho do Estado. Calado, sem uma manifestação tão ao seu estilo espalhafatoso, o presidente anui às medidas, mas, contraditoriamente, mesmo vendo o sacrifício de itens importantes de seus projetos, aumenta o teto da renda familiar de R$ 120 (cento e vinte reais), para R$ 137, acrescentando mais de meio bilhão de reais na despesa com o Bolsa Família, que dos atuais 11 bilhões de reais alcança com a medida a cifra de R$12,34 bilhões, para atender a um universo na faixa de 50 milhões de pessoas, mais do que a população de muitos países.

O Brasil é um país de seculares dívidas sociais com sua população de menor renda, que precisam ser resgatadas para que o conceito de cidadania não seja apenas um tópico de estudos e análises dos sociólogos e cientistas políticos. Mas não pelo caminho perdulário do fundo perdido, do dinheiro aplicado de maneira populista, da subvenção que estiola a iniciativa de progresso particular e individual. Já sustentamos, nababescamente, muitos parasitas em Câmaras e Assembleias. É oportuno recordar que nas eleições presidenciais em que Lula foi para o segundo turno com José Serra, contrariando todas as expectativas, ocorreram fatos anômalos e até criminosos. Um foi a inconfidência da Polícia Federal quando prendeu os aloprados do PT no caso do dossiê Serra, inconcluso até hoje. E deu a divulgação nacional ao episódio. Outro foi o boato de que o candidato oposicionista iria acabar com o Bolsa Família, divulgado em áreas específicas do Nordeste e que redundou em um placar demolidor, cerca de 20 milhões de votos para Lula, justamente a então estimativa dos beneficiados que retribuiriam com votos.

Na forma de legislação eleitoral vários meses ainda separam o presidente dos impedimentos legais do uso de verbas que podem ser eleitoreiros. Mas não deixa de ser muito suspeito que haja um aumento da Bolsa Esmola exatamente quando o governo vê retiradas da vitrine, em virtude do corte de verbas, muitas das obras que lhe dariam credibilidade. Será que a filantropia feita com o dinheiro dos impostos vai eleger o sucessor. Ou sucessora?

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