Leitores habituais de revistas e sites científicos certamente estão familiarizados com o Cern (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), laboratório responsável por construir e operar o maior acelerador de partículas do mundo (Large Hadron Collider - LHC), ocupando um perímetro de 27 quilômetros na fronteira entre a França e a Suíça.
Mas mesmo quem não nutre o menor interesse pela ciência, inevitavelmente já se viu confrontado com notícias baseadas em experimentos realizados neste complexo fundado em 1954, conhecido em português como Organização Europeia para Pesquisa Nuclear, e cujo maior experimento na atualidade materializa-se justamente no LHC.
Extrapolaram as páginas científicas, por exemplo, as repercussões a respeito das evidências do chamado Bóson de Higgs — publicitariamente chamado de “a partícula de Deus” —, bem como as notícias alarmistas de que o mundo poderia acabar graças a um experimento lá realizado que, em tese, poderia dar início a um buraco negro.
O fato que mais nos importa, contudo, é que o LHC representa uma das principais ferramentas da humanidade em nosso tempo para expandir as fronteiras do conhecimento, aprofundando-se no universo subatômico em busca de respostas atualizadas para algumas das questões mais fundamentais à nossa espécie: o que constitui a matéria?
Por que partículas diferentes possuem massas diferentes? O que constitui a chamada “matéria escura”? Existem múltiplas dimensões? Se no Big Bang quantidades iguais de matéria e antimatéria foram produzidas, onde foi parar a antimatéria?
A essa altura o leitor de A VOZ DA SERRA deve estar se perguntando o que, afinal, os mais recentes avanços da ciência mundial têm a ver com Nova Friburgo e nossas pautas cotidianas. Pois bem, ocorre que graças a uma iniciativa do jovem professor Bernardo Sotto-Maior Peralva, que há sete meses leciona no Instituto Politécnico do Rio de Janeiro e há dez anos integra a equipe de colaboradores de um dos principais experimentos do LHC, o campus da Uerj na Lagoinha será palco para uma convenção que promete reunir, presencialmente ou por teleconferência, vários dos mais privilegiados cérebros da comunidade científica nacional.
Tão importante quanto registrar a realização, nesta quinta-feira, 7, e sexta-feira, 8, da conferência anual dos colaboradores brasileiros do Atlas — um dos quatro principais detectores espalhados ao longo do LHC —, é destacar que ele será aberto a interessados, ainda que, por razões óbvias, não seja exatamente acessível a todos os públicos.
A partir da realização do encontro, o professor Bernardo — que passou três anos de sua formação trabalhando presencialmente no Cern — espera contagiar alguns de seus colegas de campus e dar início ao processo para inserir oficialmente o IPRJ no grupo de colaboradores do Atlas.
O Instituto Politécnico do Rio de Janeiro funciona em Nova Friburgo na Rua Bonfim, 25, Vila Amélia.
As atividades começam nesta quinta-feira, 7, das 14h às 18h, e seguem na sexta-feira, durante a manhã e à tarde.
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