Nas últimas semanas a professora Gilmara Santos Nascimento teve que reorganizar as contas para conseguir pagar o aluguel da casa onde mora com a família no distrito de Mury. Desde o fim de maio, ela e centenas de outras pessoas ainda não receberam o aluguel social, benefício pago pelo governo do estado àqueles que tiveram que abandonar suas casas por causa da tragédia das chuvas de 2011.
“Eu recebo R$ 500 do benefício e ainda tenho que acrescentar R$ 200 para conseguir pagar o aluguel da casa onde moro. Por causa do atraso, os pagamentos de todas as minhas contas tiveram que ser reprogramados. Tive que me virar para quitar o aluguel para não ser despejada”, conta a professora.
Gilmara teve que sair do Parque Maria Teresa, no distrito de Riograndina, porque a casa dela foi interditada pela Defesa Civil quando a rua começou a ruir devido a um deslizamento de terras provocado pelas chuvas naquele ano. Desde então, ela recebe o benefício, enquanto aguarda se será contemplada com um novo imóvel no condomínio Terra Nova, em Conselheiro Paulino, ou se voltará a morar na antiga casa, se a rua for recuperada.
“Estou nesta situação há cinco anos, sem nenhuma definição. Essa não é a primeira vez que o aluguel social atrasa. Já ficamos de cinco a 15 dias sem receber do governo. Procurei a Secretaria Municipal de Assistência Social e me disseram que o estado não tem dinheiro para realizar o pagamento, por causa da crise. O pior é que não nos dão um prazo, e ficamos nesta agonia”, lamenta a professora.
Ao todo, 122 pessoas recebem R$ 500 de aluguel social em Nova Friburgo, segundo a Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, órgão responsável pelo pagamento do benefício em todo o Rio de Janeiro. Em nota, a pasta confirmou nesta segunda-feira, 13, que houve atraso no pagamento do benefício em maio, e acrescentou que solicitou à Secretaria de Fazenda (Sefaz) prioridade no pagamento dos programas sociais e aguarda a liberação da verba. A VOZ DA SERRA também entrou em contato com a Sefaz, mas o órgão não comentou o assunto até o fim da tarde da segunda-feira.
O aluguel social é um benefício assistencial de caráter temporário pago para famílias que foram desabrigadas em razão de vulnerabilidade econômica, calamidade pública ou por causa das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Em Nova Friburgo, o governo do estado gasta quase R$ 800 mil, por ano, com o benefício. O pagamento às famílias já poderia ter sido interrompido na cidade se todos os apartamentos do Terra Nova tivessem sido entregues.
No último dia 9 depois de protestos e pressão da Secretaria Municipal de Assistência Social, centenas de beneficiários, enfim, assinaram os contratos de mais de 260 apartamentos no bloco 8 do condomínio construído às margens da RJ-148 (Nova Friburgo-Carmo). A entrega das chaves, porém, ainda não foi definida pela Caixa Econômica Federal, mas é provável que aconteça nesta semana. O banco também ainda não definiu quando sorteará o restante dos apartamentos no condomínio 9 do Terra Nova, último que falta ser entregue. Gilmara poderá morar em um deles.
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