A DEFENSORIA Pública da União (DPU), por meio do Grupo de Trabalho Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI, realizou uma audiência pública que teve como tema “Igualdade na veia: doação de sangue por homossexuais”. O evento foi marcado em resposta ao Ministério da Saúde que decidiu manter o dispositivo discriminatório que proíbe a doação de sangue por homens homossexuais.
A DETERMINAÇÃO existe em muitos países e foi criada nos anos 80, no auge da epidemia de aids. Hoje, apesar das novas tecnologias, os bancos de sangue ainda rejeitam os doadores gays masculinos. De acordo com o Ministério da Saúde, entre os homens com o HIV, há mais heterossexuais. Mas a proporção de homossexuais contaminados vem aumentando, principalmente entre os mais jovens.
UMA PORTARIA do ministério diz que a orientação sexual não deve ser usada como critério para seleção de doadores de sangue. Entretanto, outra portaria exclui homens que tiveram relações sexuais com outros homens nos últimos 12 meses. Segundo a DPU, a resolução do Ministério da Saúde sinaliza para a abertura de um diálogo institucional que pode possibilitar a resolução extrajudicial da questão.
O HEMOCENTRO de Nova Friburgo, assim como os demais hemocentros do país, encontra dificuldades diárias para manter o estoque de sangue em níveis mínimos de segurança para atender não só a população friburguense, mas, ainda, a de mais 12 municípios da região, o que torna o problema ainda mais grave. O nível de doações está abaixo do mínimo necessário, que seria entre 35 e 40 bolsas de sangue.
A SITUAÇÃO somente poderá ser resolvida através da solidariedade. As pessoas que necessitam de transfusão podem contar somente com os saudáveis e que se dispõem a doar sangue. É a única esperança de vida para milhares de pessoas. Trata-se de um ato humanitário que o friburguense certamente não saberá negar, pois a tradição solidária de nossa população vem sendo demonstrada em diversas atitudes de amor ao próximo.
UM HOSPITAL com a abrangência do Raul Sertã, com características regionais, devido à inexistência de outros hospitais do mesmo porte para atender a diversos municípios do Centro-Norte, necessita de sangue disponível em quantidade e qualidade adequadas. Sem o sangue, cirurgias são canceladas e será enorme o ônus se isto ocorrer. É preciso, pois, compreender a importância da doação para manter os níveis adequados para o pronto atendimento hospitalar.
O CIDADÃO comum, ao se preocupar com a sorte dos outros, ao se mobilizar por causas de interesse social e comunitário, estabelece laços de solidariedade e confiança mútua que nos protegem em tempos de crise. Por tantos benefícios que o gesto traz para o voluntário — no caso específico, o doador de sangue — é que o voluntariado merece ser valorizado, apoiado, divulgado e fortalecido. Trata-se de um pequeno gesto que pode salvar vidas e não deve ser visto com indiferença pela população.
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