A família Botelho está em festa pelos 30 anos da padaria Superpão e merecidamente vem sendo cumprimentada ao longo da semana pela clientela formada por várias gerações de friburguenses. Ao olhar para trás, Gustavo Botelho, então um adolescente, lembra de um longínquo maio de 1986, quando o pai Guaracy Nunes Botelho decidiu montar o próprio negócio para garantir a subsistência da família e adquiriu uma pequena padaria no Paissandu.
Hoje, passadas três décadas, ele fala do presente: “O comércio está presente na nossa família desde o nosso pai, e hoje é uma tradição que queremos passar para a geração seguinte. Somos sete irmãos e meus pais viam no comércio o melhor caminho para botar todos os filhos para trabalhar juntos. Essa maneira de enxergar o coletivo para chegar à unidade (e vice-versa) aplicamos aqui no nosso convívio diário, com os funcionários, que chamo de colaboradores. Estamos unidos em prol de uma meta que é trabalhar pelo bem comum, de todos nós e de nossos clientes”, disse Gustavo, sócio-diretor da empresa.
Essa foi uma lição aprendida a duras penas por toda a família, devido ao prematuro falecimento do pai apenas dois anos após a inauguração da padaria. No entanto, o curto mas intenso período compartilhado foi suficiente para que viúva e filhos absorvessem e adotassem o legado deixado pelo seu Guaracy. O luto pela perda do chefe da família, que era uma fonte de inspiração, se transformou numa ferramenta poderosa que fortaleceu o espírito de cada membro do clã. “Cuidamos uns dos outros, aqui dentro, com a nossa numerosa família, e lá fora também, nos envolvendo com a comunidade de várias maneiras. Temos orgulho da criação que recebemos de nossos pais. Essa integração faz parte da espinha dorsal da empresa, que estimula a prática da fraternidade. Tudo fica mais fácil quando somos generosos. Nosso espírito fica em paz e nosso coração mais feliz ”, enfatizou Gustavo.
E assim, forças recompostas, união restabelecida, a família seguiu em frente, perseguindo a meta estabelecida pelo pai. Intensificaram o trabalho no setor de panificação, agora, com uma nova sócia, a mãe, dona Maria Nilda. Naquela primeira sede, uma padaria de 200 metros quadrados, 16 colaboradores fabricavam cerca de 100 produtos artesanais. Mas logo a demanda começou a aumentar e foi preciso acompanhar a expansão do binômio procura-oferta.
Um novo tempo
Diante das novas perspectivas, vieram sucessivas reformas até que em 2003 a Superpão deu um passo do tamanho do esforço e dedicação dos proprietários. De uma modesta padaria transformou-se numa das maiores da América Latina, contemplada por dez anos consecutivos com o Prêmio Baker Top que homenageia as melhores padarias do país. Desde então, a Superpão está situada num prédio de quatro mil metros quadrados e produz diariamente 950 produtos artesanais num espaço de 1.000 metros, em funcionamento todos os dias do ano. Atualmente, a direção da padaria trabalha em parceria com mais de 150 colaboradores, atendendo das 6h às 23h.
Lá, o cliente — que pode ser um morador, turista ou viajante —, encontra uma numerosa variedade de pães, tortas, bolos, doces, salgados, pizzas, caldos, etc, com a qualidade que lhe é característica, reconhecida por todos. Seus produtos são feitos com receitas balanceadas e com o apoio de equipamentos modernos, os melhores no setor de panificação.
A Superpão dispõe de seções de mercado, além de oferecer produtos frescos em hortifruti, e carnes, pastas, vinhos, frios e serviços de lanchonete. “Trabalhamos com dedicação e empenho a fim de desenvolver o que há de melhor, com sabor único. Nosso dia a dia é voltado para a satisfação do cliente, e nesse resultado está o nosso maior prazer”, disse Gustavo, acrescentando que não há segredos guardados a sete chaves. Pelo contrário, um deles, tão importante quanto as guloseimas, também pode ser experimentado por todos os clientes: o atendimento. “Os clientes são tratados com carinho e chamados pelo nome, diferencial que é praticado por todos nós, dos colaboradores aos diretores. E estamos projetando a expansão dos negócios aumentando também o nosso espaço físico”, antecipou.
“Aprendemos desde cedo que o bom relacionamento com o cliente é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. Por isso, todos nós, as mais de 150 pessoas distribuídas em todos os setores, trabalhamos numa atmosfera familiar, e nos aproximamos dos clientes, como se os recebêssemos em nossas casas. Sentimos que eles têm orgulho da nossa padaria, tanto que é comum os clientes trazerem amigos, hóspedes, visitantes para conhecer a loja, descobrir e saborear nossos produtos. No fim, cada vez mais fazemos amigos, daqui e de fora. A padaria passa a ser um ponto de encontro, uma referência, até mesmo uma atração turística. Estamos prontos para mais 30 anos”, acrescentou, rindo, Olney Botelho, filho mais velho do seu Guaracy e dona Maria Nilda, também sócio-diretor.
Amiga da família, cliente desde sempre, dona Carmelita é a voz que expressa o orgulho da comunidade friburguense
“Conheci o Guaracy quando éramos funcionários dos Correios. Eu e meu marido ficamos amigos dele, da esposa Nilda e acompanhamos o nascimento de seus sete filhos, ao longo dos anos, lá se vão décadas. Lembro com saudade das férias em nossa fazenda, com a criançada animada, enchendo o ambiente da alegria barulhenta típica da infância. Inclusive dois dos meus filhos são padrinhos de um deles, a Laura Maria. Acompanhamos o crescimento de todos eles, a adolescência, o início da vida adulta, casamentos, a chegada da nova geração, a luta de cada um para vencer na vida, os obstáculos que enfrentaram para seguir em frente. Todos eles são especiais para nós. Sempre que saía ou sai reportagem no A VOZ DA SERRA, como esta de dez anos atrás, sobre os ‘20 anos de liderança da Superpão’, publicada em 2006, eu recorto e guardo. Tenho orgulho de ter feito parte da história deles, de ainda conviver de forma íntima com essa família querida que honra o nome de Nova Friburgo. Para festejar os 30 anos da empresa, dedico essa trova à família:
“Alimento para o corpo
que nos sustenta na lida
Superpão, que energia!
fazendo o pão do dia.”
(Maria do Carmo Bispo dos Santos, uma das mais antigas assinantes de A VOZ DA SERRA)
Deixe o seu comentário