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Radar — 06/05/2016
Pacote de bondades
A seis dias da votação do impeachment pelo Senado Federal, a presidente Dilma Rousseff já contratou um aumento de R$ 8 bilhões de despesas que vão afetar as contas do provável governo do vice-presidente Michel Temer. E a 'bomba fiscal' que cairá no colo da provável nova equipe econômica pode chegar a pelo menos R$ 10 bilhões com a publicação, nos próximos dias, de uma Medida Provisória (MP) que dá reajuste salarial diferenciado a auditores da Receita Federal, com direito a bônus de produtividade. A edição da MP custará R$ 400 milhões este ano e mais R$ 1,5 bilhão no próximo.
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O governo também ampliou em mais R$ 1 bilhão as despesas previstas com subsídios no Plano Safra, além de mais R$ 1 bilhão para o Minha Casa Minha Vida. A presidente já havia anunciado reajuste de 9% no Bolsa Família, com custo de R$ 1 bilhão, e de 5% da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, com impacto de R$ 5 bilhões. O temor do grupo que assessora Temer é com o custo político de retirar "bondades" já anunciadas, mesmo com a justificativa de que foram tomadas de forma "irresponsável".
Brasileiros no paraíso
Os brasileiros mantêm mais de US$ 23 bilhões (aproximadamente R$ 81,88 bilhões) investidos apenas no Caribe. O volume é tão alto que, entre 2010 e 2014, esse montante representou 5% dos recursos recebidos em paraísos fiscais de todo o mundo e colocou o país como o quinto que mais investe nesse tipo de região. Nas quatro primeiras colocações estão Hong Kong, com US$ 148 bilhões, Estados Unidos, com US$ 94 bilhões, Rússia, com US$ 77 bilhões e China, com US$ 45 bilhões. Os dados são da Conferência da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio. Apenas no ano passado, o mundo aplicou US$ 72 bilhões em paraísos fiscais.
Riqueza no interior
Através da análise dos dados entre 2015 e 2016, o estudo IPC Maps mostra que o consumo nacional tem fôlego para chegar a R$ 3,9 trilhões, apostando no crescimento dos gastos dos brasileiros no interior dos estados, com boa concentração em algumas de suas cidades. O fenômeno da interiorização do consumo já é uma realidade que percorre o Brasil, alcançando 70,3% de tudo que será consumido pelos brasileiros em 2016, pouco acima de R$ 2,7 trilhões em gastos, já considerando o atual cenário de retração econômica nacional.
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O estudo mostra que desde o ano passado a movimentação do consumo fora das capitais bateu os 70%. Atualmente, resta às capitais estaduais 29,72% (correspondendo a R$ 1,16 trilhão) da potencialidade de consumo no país, uma participação que há tempo rendia mais da metade do consumo nacional. Em 2010, as capitais e os municípios de suas regiões metropolitanas eram responsáveis por 51,1% do consumo nacional; no ano passado perderam a liderança para os municípios do interior, pois responderam por 46% do consumo brasileiro e, em 2016, serão responsáveis por 45% de tudo que será consumido pelos brasileiros.
Baixa renda perde
O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, chegou a 0,69% em abril, taxa acima da registrada em março (0,44%). O percentual está acima do registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR), que mede a inflação para todas as faixas de renda e que ficou em 0,49% em abril. Os números foram divulgados pela Fundação Getulio Vargas. O IPC-C1 acumula 3,82% este ano e 9,94% em 12 meses. A taxa acumulada em 12 meses também é superior ao total acumulado no mesmo período pelo IPC-BR (9,24%).
Firjan otimista
Ao participar de um painel na Bratecc Offshore 2016, evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Texas, em Houston (EUA), o presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, disse que a conjuntura político-econômica brasileira sofrerá “uma guinada positiva” com a conclusão do processo de impeachment e a mudança no comando da nação. “As condições políticas que aguardam o vice-presidente Michel Temer são completamente diversas. Ele terá apoio do Congresso para realizar as reformas constitucionais de que o país tanto necessita”, destacou, afirmando que o processo de impeachment ocorre rigorosamente dentro do que estabelece a Constituição.
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O presidente da Firjan demonstrou otimismo com o futuro governo: “A condução da economia ficará a cargo de pessoas competentes, com histórico de atuação no setor privado e em instituições financeiras. A estabilidade econômica será preservada. Ou seja, o Brasil estará preparado para recuperar sua credibilidade internacional”.
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