Groove, bamba e rock and roll com Los Pandas D’Acapulco

A mistura de vozes do grupo é algo entre juventude e maturidade, que só um coral com um nome legal desses conseguiria reproduzir
sexta-feira, 15 de abril de 2016
por Ana Blue

Num sábado qualquer de verão, de calor, de cor, de sal, de sol, peguei uma carona e rumei para uma casa grande e bonita em Mury, perto da antiga estrada do trem. Recebida no portão por duas cachorrinhas que não podiam ter outros nomes que não Pintada e Fumaça — os rabos abanando, felizes, como são todas as criaturas que vivem em meio à música — encontro Connan, regente do nada convencional coral Los Pandas D’Acapulco. Tudo na casa exalava harmonia.

Um grande círculo de pessoas está formado na sala da casa de Mury, em volta de uma bela mesa rústica de madeira. Connan senta-se num canto à esquerda, perto da janela, atrás de um teclado com o qual acompanha o coral e sob o olhar atento de uma menininha de grandes olhos — sua filha, concluo. Assistindo ao ensaio, cheguei àquela constatação óbvia: Nova Friburgo é mesmo um celeiro de talentos transbordando por todos os cantos. “Los Pandas” são adolescentes e jovens, com idades entre 14 e 24 anos — “embora tenha um de 30 anos com cara de 23”, diz Connan, quase com ares de confidência. A mistura de vozes é encantadora, algo entre juventude e maturidade que só um coral com um nome legal desses conseguiria reproduzir. Nos intervalos, quando eles relaxam e desatam conversas aleatórias, nem parece que é o mesmo grupo de jovens de momentos antes. Eles conversam sobre figurinos e músicas do Hozier normalmente, enquanto eu continuo embasbacada, tocada pelo som que apresentaram. E olha que é só ensaio. 

“Por que Los Pandas D’Acapulco?”, pergunto ao Connan depois do ensaio, quando o momento é de comemorar os aniversariantes do mês com bolo e batatinhas chips. “Formamos um coro, uma banda de rock and roll alternativo, casa de bamba, renascentistas, grooveiros, jazzistas, tudo isso e tudo isso junto. Não queríamos um nome careta, a ideia é subverter a caretice. E pandas são bichos simpáticos, né? Imagina com sombreros...”

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TAGS: Música
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