Crise aumenta número de ambulantes e pedintes nas ruas de Friburgo

A prática é mais comum em trechos movimentados do Centro, como no entorno da Praça Getúlio Vargas e da Avenida Alberto Braune
quarta-feira, 13 de abril de 2016
por Flávia Namen
Morador de São Geraldo, o ambulante Cláudio Freitas vende balas nas ruas do Centro para driblar o desemprego (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
Morador de São Geraldo, o ambulante Cláudio Freitas vende balas nas ruas do Centro para driblar o desemprego (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

A exemplo das capitais e grandes cidades do Brasil, Nova Friburgo também tem registrado um crescimento no número de pedintes e ambulantes pelas ruas em função da crise econômica que afeta o país. Além das habituais pessoas pedindo “um trocado” nas calçadas, portas de igreja e agências bancárias, é cada vez maior a quantidade de gente vendendo artigos como balas, DVDs, salgados, doces além de canetas e lápis para arrecadar recursos. A prática é mais comum em trechos movimentados do Centro, como no entorno da Praça Getúlio Vargas e da Avenida Alberto Braune, onde há intensa circulação de pessoas. 

Reflexo do aumento do desemprego na cidade, o crescimento do comércio informal acaba confundindo alguns friburguenses. É o caso de um grupo de pessoas que costuma vender jujubas na Rua 7 de Setembro e aborda os passantes com o tradicional apelo: “Compra pra ajudar ...”. Pensando ser iniciativa de alguma instituição assistencial do município, uma leitora do jornal perguntou para onde seria a ajuda e ficou surpresa com a resposta. “Eles disseram que o dinheiro da venda não era para nenhuma entidade da cidade mas para para ajudar a eles mesmos. Pelo menos foram sinceros mas acho que muita gente compra pensando estar colaborando com alguma obra social”, disse a leitora que entrou em contato com a redação e pediu para não ser identificada.

Outra abordagem que tem desagradado vários friburguenses é a feita por pessoas vendendo artigos como canetas e lápis. A redação do jornal vem recebendo queixas sobre o fato, que está ocorrendo com frequência nas imediações dos shoppings da cidade e em trechos da Alberto Braune. Isso porque alguns desses ambulantes dizem que os recursos da venda são destinados a entidades que estão situadas fora do município. Outros apelam para o tradicional argumento que precisam sustentar os filhos com o dinheiro da venda, despertando dúvidas em quem é interpelado. 

De 2015 até fevereiro, mais de dois mil postos de trabalho fechados na cidade

Ao contrário dos concorrentes, o ambulante Cláudio Freitas não recorre a nenhum apelo para vender suas balas no Centro. Morador de São Geraldo, ele faz ponto de segunda a sábado, das 9h às 17h, nas imediações do sinal da praça, na esquina coma Rua Farinha Filho. “Sou balconista mas o desemprego está muito grande em Friburgo e há um bom tempo decidi vender balas de eucalipto nas ruas. Foi a maneira que encontrei para garantir o meu sustento”, disse ele, que vende cada pacote a R$ 1.

Vale destacar que, apenas nos dois primeiros meses deste ano, Nova Friburgo perdeu  mais de 400 postos de trabalho em diversos setores. Só no comércio, foram fechadas 102 vagas somente em fevereiro. É o que indicam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, do Governo Federal. Os números comprovam que a recessão está abalando a economia friburguense, que perdeu 1.607 empregos formais no ano passado, o que totaliza mais de dois mil postos de trabalho fechados em 14 meses. 

 

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TAGS: situação de rua
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