Os servidores do Fórum e do Detran em Nova Friburgo aderiram à greve por tempo indeterminado, iniciada na quarta-feira, 6. A paralisação se estende a outras cidades do estado e acompanha o movimento de servidores da educação e da saúde e outras categorias do estado que cruzaram os braços por causa dos atrasos nos pagamentos de salários devido à crise pela qual passa o estado. A Polícia Civil também deverá reduzir suas atividades nesta semana.
Os servidores do Poder Judiciário tiveram os salários atrasados pagos no dia 31 de março, após liminar, e, agora, querem, entre outras pautas, o reajuste dos vencimentos, que não ocorre há quase dois anos, segundo o SindJustiça-RJ. Ao menos 30% do efetivo deve continuar trabalhando no Fórum Juiz Rivaldo Pereira Santos, na Avenida Euterpe Friburguense, conforme determina a lei. Em carta endereçada à população, o sindicato lamentou os transtornos que a greve causa a população, mas justificou que a paralisação é necessária devido às fracassadas tentativas de negociação com o governo do estado.
“Desde setembro de 2014 não recebemos nenhum reajuste, amargando 17 meses sem qualquer reposição inflacionária num quadro de inflação de 10% ao ano. Além disso, o governo do estado pretende congelar por mais dois anos os nossos salários, aumentar a contribuição previdenciária dos servidores, proibir a convocação de novos servidores, além de reduzir o orçamento da Justiça e extinguir o fundo com o qual o Judiciário mantém o custeio do tribunal e o investimento na melhoria da prestação da tutela jurisdicional à população”, informou o SindJustiça-RJ.
Os funcionários do Detran também não trabalharam nesta quarta-feira, 6, por causa dos salários atrasados, que deverão ser pagos, segundo o governo do estado, a partir do próximo dia 14. O órgão suspendeu os exames práticos e teóricos de direção nos próximos dias. Os postos de habilitação, no entanto, oferecem normalmente serviços como renovação e 2ª via da carteira de motorista.
A presidente do Sindetran-RJ, Maria da Penha Afonso Machado, informou que o atendimento ao público já está precário. “Começamos um movimento por tempo indeterminado. Questionamos o parcelamento do 13º salário, a mudança do calendário de pagamentos (que hoje está no 10º dia útil do mês seguinte ao trabalhado) e, por fim, com as propostas que congelam o salário do funcionalismo e aumentam a contribuição previdenciária dos trabalhadores públicos para 14%”, disse.
Polícia vai parar
Já os policiais civis entraram em estado de greve nesta quarta-feira, 6, e prometem deflagrar uma paralisação a partir de sexta-feira, 8. Entre outras reivindicações, segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), os servidores querem a volta do calendário de pagamentos no 1º e 2º dia úteis do mês, reajuste acima da inflação do período, 13º salário integral, regularização do pagamento do Regime Adicional de Serviço (RAS) e da premiação por área de redução de crimes.
Segundo o vice-presidente do Sinpol, Álvaro Luiz do Nascimento, a falta de estrutura das delegacias é outra questão que prejudica o trabalho dos policiais. “Estamos trabalhando atualmente com nossa frota reduzida, sendo que os veículos nem são nossos, mas, sim, alugados de uma empresa. A toda hora falta combustível, temos delegacias que não têm sequer banco para as pessoas sentarem. Até produtos básicos, como papel higiênico, impressoras e água estão em falta. Alguns policiais compram garrafas d’água com seu próprio dinheiro. Como a gente não recebe, até uma simples garrafinha já faz falta no orçamento de cada um”, disse à Agência Brasil.
Álvaro comentou que a paralisação não será contra o povo, mas sim algo que os policiais foram obrigados a fazer em prol de melhorias para todos. “Essa greve não será contra a população. É um movimento de alerta ao estado para que veja nossa luta. Pedimos, inclusive que, cada cidadão que tiver alguma ocorrência que possa aguardar para ser registrada, que aguarde. Estaremos operando com 30% dos funcionários, como manda a lei, e dando prioridade para situações emergenciais, como homicídios ou sequestros”, explicou. Na próxima segunda-feira, 11, haverá uma reunião do sindicato para avaliar a continuidade do movimento grevista.
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