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E a história se repete...
A história do poder ao longo dos séculos registra momentos que vão do dantesco ao hilário. Imperadores, reis e presidentes usaram e abusaram do poder para satisfazer interesses pessoais e frequentemente mesquinhos. Roma, por exemplo, era o próprio caos em termos de liderança. Não se sabe se tudo o que a história registra é verdadeiro. Mas sabe-se, com certeza, que são situações esdrúxulas, de causar vergonha à humanidade.
O exemplo mais famoso deve ser o de Calígula, imperador de Roma. Para alguns historiadores, Calígula terminou a vida em estado de demência. Fazia gastos exorbitantes, cobrava impostos altíssimos e não havia freios em seu governo. Era cruel com os presos e os escravos e possuía uma vida sexual depravada. Ordenou que estátuas suas fossem colocadas em lugares de destaque em todos os templos, até nas sinagogas em Jerusalém. Um dos pontos mais famosos de sua história foi quando nomeou como senador o seu cavalo, Incitatus, para quem ainda construiu um palácio. Aliás, a história pouco fala, mas antes disso, ele já havia nomeado o cavalo como sacerdote. Sua intenção era humilhar o Senado romano e mostrar que se podia nomear um cavalo sacerdote e senador, podia fazer qualquer coisa com a vida de qualquer pessoa.
Outro imperador, Cômodo, era metido a lutador. Mas do jeito dele. Mesmo sendo Imperador, ele lutava nas arenas com os gladiadores para mostrar a sua valentia. O detalhe é que era tudo combinado. Os gladiadores apenas fingiam que lutavam com ele e, em troca, tinham a vida poupada pelo Imperador ao final da luta. Ele também dizia que era Hércules e exigia ser adorado como tal. Coisas do poder.
Cláudio, outro imperador de Roma, desconfiava que sua esposa o traía. Para resolver o problema, mandou executá-la, juntamente com 300 suspeitos.
Nero é outro caso famoso. Ele jamais seria acusado de nepotismo. Matou a mãe, a primeira esposa e um meio-irmão, além da fama (não comprovada) de ter tacado fogo em Roma.
Houve um tal de Caracala, menos famoso, mas que desde a infância aparentava ser perigoso, quando quase esfaqueou o pai pelas costas, diante de uma multidão. Além disso, condenou a própria esposa ao exílio e depois mandou matá-la. Era fã de Alexandre, o Grande, e passou a imitá-lo nas roupas e comportamento.
Domiciano matou um irmão e um primo. Paranóico, via todos como conspiradores, exterminando-os. Exigia ser tratado como um Deus. Comportamento recorrente no poder, pelo visto.
Consta que outro imperador maluco, Heliogábalo, teria se castrado publicamente em um culto religioso.
Como se vê, são muitos os relatos históricos de excentricidades praticadas por quem está no poder. Há, até hoje, a exemplo de Calígula, quem nomeie, não cavalos, mas pessoas que por motivos diversos não poderiam ser nomeadas para cargos públicos... há quem, por ser popular, se ache deus, acima de tudo e de todos, inclusive da lei... há quem mande matar desafetos, reais e imaginários, aliados e inimigos... há até quem seja traído em grampos públicos...
Há de tudo um pouco... de novo... porque a historia, pelo jeito, não se reinventa; ela se reescreve... tristemente...
Alzimar Andrade
Alzimar Andrade
Alzimar Andrade é Analista Judiciário do Tribunal de Justiça, Diretor Geral do Sind-Justiça e escreve todas as quintas-feiras sobre tudo aquilo que envolve a justiça e a injustiça, nos tribunais e na vida...
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