Há pelo menos cinco anos a quadra de esportes próxima à praça do centro do distrito de Riograndina não é usada. Às margens do Rio Grande, a área de lazer foi destruída pela inundação provocada pelas as chuvas da tragédia de 2011. Desde então, os alunos da Escola Municipal Estação do Rio Grande e os moradores não têm um local apropriado para a prática de esportes. “Essa quadra era sempre usada para aulas, mas, desde a tragédia, não a utilizamos, porque o espaço está sem condições de receber os alunos”, disse um professor que preferiu não se identificar.
Os moradores contam que em janeiro daquele ano as águas do rio ultrapassaram três metros de altura. Apesar do estrago causado pela enxurrada, o piso de cimento da quadra e as muretas ainda estão intactas. As tintas coloridas no chão para demarcação dos espaços usados por cada modalidade esportiva estão desaparecendo. Há entulho e o mato cresce ao redor do espaço. Em frente à quadra, está o principal ponto turístico do distrito. A Casa de Cultura de Riograndina, instalada num prédio, construído no tempo do império, e que oferece, desde 2008, cursos gratuitos de música, artesanato, dança e até culinária para mais de cem crianças e jovens da região no projeto Ponto de Cultura.
O casarão, que já abrigou a histórica estação ferroviária, também foi afetado pelas chuvas em 2011, mas foi reformado um ano depois. “Desde aquele dia, o forno onde colocávamos as peças de cerâmica produzidas por nossos alunos não funciona mais. O curso teve que parar por causa disso”, conta o coordenador do Ponto de Cultura, Ezequiel do Espírito Santo. Apesar de estar a mais de dois metros o nível do rio, a casa foi inundada e ocupada por lama. Móveis, livros e centenas de artigos foram destruídos pela chuva. As marcas da tragédia ainda estão nas paredes do casarão tombado como patrimônio histórico.
Mais reivindicações da comunidade local
No fim da manhã da última quarta-feira, 9, o centro de Riograndina estava tranquilo. Enquanto alguns jovens ia para escola, outros voltavam para casa. O comerciante Celso Marra aproveitou para reclamar da falta de sinalização e redutores de velocidade na Rua Mathias Pereira Borges, um dos trechos da RJ-148, que liga Nova Friburgo a Carmo. “É um perigo para os pedestres. A quantidade de carros, ônibus e caminhões que passam por aqui em alta velocidade é grande. Os bueiros dessa rua também precisam ser limpos para evitar inundação quando chove”, clama o comerciante de 38 anos.
Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do estado (DER-RJ), há um projeto para a recuperação da rodovia que atravessa Riograndina. “O órgão aguarda a liberação de verbas para iniciar os trabalhos na RJ-148 e pede aos motoristas e pedestres que redobrem a atenção ao passar pela região”, diz o texto. A cerca de um quilômetro do centro do distrito um deslizamento de terras às margens do Rio Grande continua sendo monitorado pela Defesa Civil.
No último dia 26 de janeiro, um imóvel desabou parcialmente sobre o rio, depois que a encosta ao lado caiu devido às chuvas de verão. O problema também é herança da tragédia de 2011. O local foi vistoriado e um ofício foi enviado para o DER-RJ e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), juntamente com o relatório de vistoria para o conhecimento e providências dos referidos órgãos. O trecho está sendo monitorado”, esclareceu a Defesa Civil. A Prefeitura de Nova Friburgo não respondeu o e-mail do jornal sobre a quadra do distrito até o fechamento da reportagem.
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