A CONDUÇÃO coercitiva utilizada para o depoimento do ex-presidente Lula à Polícia Federal, sexta-feira, 4, detonou o radicalismo político no país. A estratégia de dirigentes petistas de se assumirem como vítimas pode fazer algum sentido perante a militância, que tenta reagir à vertiginosa perda de credibilidade da sigla. Mas, para os demais brasileiros, é apenas uma tentativa de desviar o foco da realidade.
O MODELO populista na América Latina tem experimentado a sua deterioração, após anos de governança prometendo esperança e justiça social para o povo, sem, contudo, dar continuidade ao que propôs. Assim foi na Argentina da presidente Cristina Kishner e está sendo com o Equador de Rafael Correa, a Bolívia de Evo Morales e a Venezuela de Nicolás Maduro. E aqui com a presidente Dilma Rousseff.
NÃO SÃO A oposição nem a imprensa e muito menos a tal “elite” que estão perseguindo Lula e o PT: é, isto sim, a força-tarefa formada pelas principais instituições investigativas do Brasil: Judiciário, Ministério Público, Receita Federal e Polícia Federal que, democraticamente, apuram responsabilidades no esquema de corrupção que dilapidou a Petrobras.
PARA OS brasileiros, mais que externar inconformismo nas ruas com manifestações agressivas, violências e pichações, a preocupação é outra: saber se, neste momento crucial para o futuro político e econômico do país, as investigações continuarão sendo desenvolvidas. Por mais vergonhoso que seja presenciar líderes políticos às voltas com todo tipo de denúncias, ninguém está acima da lei.
DEPOIS DE 13 anos no poder, as justificativas de líderes petistas já não convencem. Quando se coloca como vítima das elites, por exemplo, o ex-presidente não leva em conta que poucos dirigentes estiveram tão próximos das empreiteiras quanto ele. E, quando critica a imprensa, passa a idéia de preferir o silêncio diante de fatos sobre os quais não podem pairar dúvidas.
AINDA QUE os governos petistas tenham promovido inegáveis avanços na área social, esse fato não justifica a perpetuação de um programa que, ao falhar na condução da economia e no controle da corrupção, vem colocando muitas dessas conquistas em risco. Numa democracia, a evolução se dá pelo confronto de idéias – e não por ataques à liberdade de expressão ou concessões a teorias conspiratórias.
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