Conforme previsto em assembleia geral realizada no último dia 29, no Sindicato dos Metalúrgicos de Nova Friburgo, e também em assembleia do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais do Rio de Janeiro) no dia 20, a greve foi aprovada por profissionais da rede estadual de ensino e a paralisação começou ontem, 2.
Em Nova Friburgo, estudantes e professores das escolas estaduais Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf), Tuffy El Jaick, Colégio Canadá, Colégio Jamil El Jaick, Colégio Eduardo Breder e Galdino do Valle estiveram presentes com rostos pintados na Praça Demerval Barbosa Moreira.
Os estudantes seguravam cartazes com frases como “A aula hoje é aqui fora! Estamos juntos com vocês, professores!”, “Nosso futuro está em jogo!” e “Juntos somos mais!”, e ampliaram a manifestação para um questionamento sobre a qualidade da educação oferecida na cidade e no estado.
O professor de história Fernando Dunes do Colégio Canadá aponta os principais problemas enfrentados por docentes. “A questão não é só o salário, que não recebemos há muito tempo, mas os funcionários terceirizados que são mandados embora mesmo sem receber”, explica o professor. Em frente ao Ienf, um estande foi montado e professores e funcionários esclarecem dúvidas para alunos e pais.
A falta de merenda é outro fator que incomoda alunos que precisam estudar em horário integral. “Eu estudo das sete da manhã até as cinco da tarde e o dia inteiro só tenho uma fruta para comer”, explica Nathália Dias, estudante do 2º ano do Colégio Canadá. Outro ponto destacado por ela são funcionários que não recebem os salários. “Na minha escola tem uma moça que tem dois filhos e até agora ela não recebeu, sabe? Isso é uma absurdo. Ela precisa sustentar a família dela. Simplesmente a mandaram embora”, exalta a aluna. Além da falta de materiais didáticos, que por muitas das vezes são confeccionados pelos próprios docentes.
A empresa prestadora dos serviços afirma que a ausência de porteiros e demais funcionários na escola é de responsabilidade do governo do estado, que não repassou as verbas para o pagamento. Há mais de uma semana que as escolas estão sem porteiros. A VOZ DA SERRA tentou entrar em contato com a Planejar Terceirização e Serviços Eireli, responsável pela terceirização, mas a empresa não atendeu as ligações.
Greve na capital
A greve na capital, além de reivindicar a falta de salários, exige melhores condições de trabalho e unidades com estruturas de qualidade para os alunos e docentes. O movimento também protesta contra o projeto de reforma da Previdência do governo do Rio à Assembleia Legislativa (Alerj), que prevê aumento no desconto de 11% para 14%.
Segundo o Sepe, a categoria está em estado de greve desde dezembro, quando o governador Pezão decidiu parcelar o pagamento do 13º salário em cinco vezes, dividiu o pagamento do salário de novembro e mudou o calendário de pagamento dos salários do início do mês para o 7º dia útil, além de manter o reajuste zero, caracterizando redução salarial real.
A Secretaria estadual de Educação lamentou a escolha do Sepe de dar início à greve e colocou em questão a crise econômica do país. A secretaria afirmou ainda que as reivindicações apontadas pelo Sindicato não dependem dela.
ERRATA 04/03/2016: De acordo com o professor Fernando Nunes, os professores da rede estadual estão recebendo o salário, diferente do que informa a matéria. Na verdade, a segunda parcela do décimo terceiro salário está atrasada.
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