Fernanda Silva ouvia música enquanto caminhava pela Avenida Alberto Braune, a principal via do município de Nova Friburgo. O dia parecia como outro qualquer, até que ela, ao atravessar a rua, sentiu uma batida em sua perna. Fernanda ficou em choque por um segundo. Ao retirar o fone do ouvido, pôde ouvir o motorista reclamando da desatenção dela. Por sorte, não foi um acidente grave.
Casos assim são mais comuns do que se imagina e ocorrem nas principais cidade do país. “Sempre fui muito distraída e com essa tecnologia toda e a correria do dia a dia a gente se esquece do essencial, que é olhar ao redor. No ano passado fui uma dessas pessoas desatentas. Eu atravessei fora da faixa de pedestre, arranhei meu braço e torci meu pé, felizmente não causei um acidente mais grave”, afirma Fernanda.
Muito se fala no perigo do uso de celulares ao volante, mas nem tanto da distração frequente nas calçadas. Um estudo realizado pela Universidade de Stony Brook, de Nova York, no final de 2015, aponta que 61% das pessoas que mandam mensagem pelo celular enquanto caminham não conseguem se manter em linha reta. O estudo aponta também que esta distração é uma característica mais presente na geração Y, a faixa etária de 18 a 34 anos, e que o número de ferimentos causados por pedestres aumentou consideravelmente entre 2004 e 2010. Fraturas no quadril, ferimentos na cabeça entre outros foram os principais motivos para constatar o perigo causado pela distração nas vias urbanas, já que muitos consideram o andar uma atividade, digamos, “automática”.
Nas ruas de Nova Friburgo, A VOZ DA SERRA constatou um grande número de pessoas caminhando e utilizando o celular. Destas cerca de 40% tinham idade entre 15 e 30 anos. Além disso, foi observado também um grande número de pessoas que não atravessaram na faixa de pedestre, não olham se está vindo algum veículo e não respeitam a sinalização indicada.
Dalva, moradora de Olaria, recentemente comprou um celular e afirma já se distrair com a novidade. “Eu ainda não sei mexer direito. Estou sempre pedindo ajuda. Minha filha colocou música no celular e já caí na rua, tropecei e quase sofri um acidente. Hoje não ouço mais música na rua, e muitas vezes eu paro em algum lugar para mexer ao celular”, explica. Dalva também destacou outro fator importante: “Já me assaltaram por causa do celular. Não vi o ladrão”, explica.
De acordo com o major do Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo, Fábio Gonçalves, em 2015 foram registrados 167 casos de atropelamentos na cidade, com índices altos no meses de fevereiro, abril, julho e outubro, devido aos feriados e outras atividades nesta época, como carnaval, férias e dias das crianças. Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, foram totalizados 48 acidentes por atropelamento, 29 só em fevereiro. Vale a pena ressaltar que tais informações, não corresponde somente à falta de atenção com aparelhos digitais, os dados podem variar.
Seguro DPVAT
Apesar de tantos riscos, ainda existe um suporte para vítimas de acidentes de trânsito. As vítimas podem pedir pedir uma indenização mesmo que ela nunca tenha tido um carro e pago o DPVAT. O pedido pode ser feito em até três anos a contar da data do acidente. Os direitos valem para quem é pedestre, foram atingidas por cargas ou abordo do veículo. Quem não tem direito a indenização são os motoristas causadores do acidente.
Os valores das indenizações são de: 13.500 reais para morte, até 13.500 reais para invalidez e até 2.700 reais para despesas médico-hospitalares. De acordo com um boletim divulgado pelo DPVAT em 2015, 74% dos indenizados são homens e 26% mulheres e a maioria jovens adultos, sendo que 51% estão tem entre 18 e 34 anos. Os motoristas foram os que mais requisitaram o pagamento e correspondem a 64% do total. Passageiros e pedestres representam 18% cada.
Deixe o seu comentário