Uma manifestação convocada para às 9h da manhã deste sábado, 27, ameaça bloquear o fluxo de veículos na RJ-116 em Cachoeiras de Macacu, no chamado no Trevo do 70, junto ao entroncamento da rodovia com a RJ-122, onde também há o Posto de Polícia Rodoviária.
De acordo com a comissão organizadora foram convocados mais de mil manifestantes, entre trabalhadores e produtores rurais, comerciantes, ambientalistas, políticos e outros segmentos do município e entorno, “que vão com tratores, caminhões e disposição pra fechar a rodovia e chamar atenção da sociedade com um todo”.
Motivo de polêmica há quase três décadas, o projeto do Governo do Estado que prevê a construção da Barragem em Guapiaçu, em uma área de quatro mil hectares (o equivalente a quatro mil campos de futebol) de Cachoeiras de Macacu, é apontado pelo governo como reforço ao abastecimento de água em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí que, a exemplo da Ilha de Paquetá, são servidos há mais de 80 anos por mananciais de Cachoeiras de Macacu, através dos rios Guapiaçu e Macuco.
Segundo a comissão organizadora, a obra “exigiria de imediato a remoção das 730 famílias que vivem e tiram o sustento do Guapiaçu, com a eliminação de 3 mil empregos diretos em uma das áreas agrícolas mais produtivas do estado. O município de 70 mil habitantes é o primeiro do ranking da produção de aipim, goiaba e milho verde, respondendo também por grande parte do cultivo de inhame, berinjela, pimentão e quiabo, além de carne bovina, leite e queijo. Com a obra, a estimativa é de uma perda anual de 30 milhões de quilos de produção agrícola e 1,3 milhão litros de leite e derivados”.
“Queremos um grande movimento para evidenciar que a barragem inundaria uma das maiores áreas produtivas de Cachoeiras, desempregando mais de 700 famílias e trazendo ameaça de vermos aqui uma nova Mariana”, afirmou Bruno Paciello, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cachoeiras de Macacu, que integra o Comitê das Bacias Hidrográficas da Região Serrana.
Projeto alternativo
A Região Metropolitana do Rio é abastecida pelo sistema Imunana-Laranjal, que capta água dos rios Guapiaçu e Macuco a uma vazão média de 6,5 mil litros por segundo, com o sistema já não atendendo mais com a mesma eficiência a demanda de cerca de 3 milhões de pessoas.
Como solução alternativa à Barragem em Guapiaçu, o pool de empresas públicas, privadas, classistas e até ambientalistas reunidas em volta da questão apresentou ao governo um projeto alternativo que sugere a construção de três barragens menores, evitando a retirada de tantos agricultores.
“Temos muito orgulho e satisfação de poder abastecer outras cidades, e não queremos reter a água. A luta é contra os prejuízos que teremos. Nunca fomos ouvidos em todos esses 30 anos de ameaça de construção da barragem. O governo nunca nos procurou para conversar, e ignora o projeto que apresentamos como opção” reclamou Mário Falcão, presidente do Sindicato da Agricultura Familiar de Cachoeiras de Macacu, referindo-se ao projeto alternativo.
A fim de evitar qualquer ato de violência, organizadores do ato vêm se reunindo com os diversos órgãos envolvidos, como a Polícia Militar. “Estamos mobilizando a população para termos um movimento firme para reforçar esta grave situação e cobrar resultados. Mas queremos um ato com paz e ordem”, destacou Bruno Paciello.
A manifestação conta também com o apoio do prefeito Cica Machado (PMDB), que tem percorrido comunidades rurais explicando aos produtores a gravidade da situação e a importância da presença na paralisação do dia 27.
A polêmica história da barragem que o Governo do Estado insiste em construir em Guapiaçu, Cachoeiras de Macacu, município responsável pelo abastecimento de água Niterói, Itaboraí, São Gonçalo e a Ilha de Paquetá.
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