Moda íntima exporta menos, mas fatura mais por causa do dólar alto

Setor avança porque também conquistou novos mercados internacionais
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
A moda íntima feminina continua como carro-chefe da pauta exportadora da região (Foto: Lúcio César Pereira)
A moda íntima feminina continua como carro-chefe da pauta exportadora da região (Foto: Lúcio César Pereira)

Empresas que atuam no setor de vestuário em Nova Friburgo e outras cidades da região Centro-Norte Fluminense exportaram menos no ano passado, mas, graças à alta cotação do dólar, faturaram mais. Segundo análise da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), as vendas do setor para fora do país aumentaram de 986 mil dólares em 2014 para 1,2 milhão em 2015 - um aumento de 24% -, apesar de a quantidade de peças enviadas para fora do país ter caído de 13,7 para 10,4 toneladas.

O destaque positivo nas exportações se deve principalmente à valorização do preço nos itens de moda íntima, carro-chefe do setor em Nova Friburgo, e também a conquista de outros seis mercados internacionais. Hoje o setor exporta para 38 países na América, Ásia, África e Europa.

“Em 2015, os dois principais parceiros comerciais do Estado do Rio, Estados Unidos e China, representaram juntos 40% da corrente de comércio. Qualquer alteração nesses parceiros causa um grande impacto na pauta. Por isso, é fundamental a busca pela diversificação dos mercados”, analisa a especialista em Comércio Exterior da Firjan, Cláudia Teixeira dos Santos, para quem a valorização do dólar frente ao real representa oportunidade para exportar.

Em Nova Friburgo, a empresa Sensualle, que trabalha com lingerie erótica, colhe os frutos de um investimento direcionado ao mercado externo. O gerente de vendas Eric Gouvêa Aguiar conta que entrou para equipe em 2006 para incrementar as ações de exportação.

“No início participamos de muitos salões internacionais e fizemos contatos. Hoje temos uma cartela de clientes fidelizados e vendemos para mais de 30 países, cobrindo os cinco continentes”, diz o gerente. Para ele é necessário estar sempre atualizado sobre burocracias para não ser pego de surpresa pelo cliente e ter sempre as melhores oportunidades de negócio na manga.

A ReD Sports, que trabalha com moda fitness, é uma das empresas que tem percebido o crescimento das vendas para o mercado externo. Segundo a gerente Andreia Tomaz, eles exportam há mais de dez anos e o que mais colabora para esse fenômeno é a qualificação do produto. “O desafio é exportar moda brasileira mesmo, com a nossa modelagem, e mesmo assim observar o número de compradores interessados aumentando”, garante a gerente.

A empresária Luciana Navega Cabral, diz que na Maninha’s Moda Praia a expectativa é de aumento nas vendas para os próximos seis meses. Luciana relata que desde agosto do ano passado vem registrando aumento na procura dos biquínis e revela que está em negociação com novos mercados como Equador e Japão.

“Esse é o momento! Devemos fazer o possível para qualificar o produto, investindo em design e, no nosso caso, na contextualização da modelagem. Só assim vamos conquistar esses compradores internacionais”, assegura. A empresária acredita que agora é a hora de resgatar clientes perdidos no tempo, conquistar novos e manter os que já têm certa frequência.

Destino da peças

De acordo com a análise da Firjan, baseada em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Uruguai continua como o principal destino das exportações de empresas de vestuário de Nova Friburgo e região, principalmente para a compra de lingeries femininas. A Argentina, novo país parceiro, comprou 275,5 mil dólares em peças no ano passado.

Apesar de a moda íntima ter sido a primeira colocada nas exportações em todos os países, houve tendência de aumento nas importações de moda esportiva e vestuário feminino, em geral, em alguns países europeus como França, Itália e Suíça, além dos Estados Unidos.

A região também aumentou suas exportações para a Alemanha em todos os itens vendidos no ano de 2014. Já a Bolívia foi o maior destino de saiotes, camisas de noite, pijamas, e afins de malha (de uso feminino): as exportações da região para a Bolívia foram de US$ 102 mil e 0,9 toneladas, aumento de 68% e 14% respectivamente, comparado com 2014. O Reino Unido ainda figura como principal parceiro na exportação de camisas de malha masculinas, apesar de quedas percentuais de 27% no preço médio e 8% na quantidade importada.

Outros destinos para os quais o Rio aumentou consideravelmente suas exportações dos itens de vestuário (variações acima de 100%) foram: Angola, Estados Unidos, Equador, Alemanha, Nova Zelândia, Grécia, Espanha, Moçambique e Guiana Francesa.

Na contramão da tendência, a região vendeu menos para o Japão. Já Chile, México, Israel e Suécia tiveram quedas acentuadas tanto no volume, como no valor dos itens exportados.

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TAGS: moda íntima | economia
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