Gabriel Mafort prega valores morais e éticos na política

sexta-feira, 16 de novembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Aos 59 anos, o empresário do polo de moda íntima Gabriel Mafort será uma das caras novas da futura composição da Câmara. Após a segunda tentativa (em 2008 obteve 942 votos), ele foi um dos dois candidatos do PT—o outro foi Cláudio Damião—eleito em 7 de outubro, com 1.391 votos. Gabriel Mafort anuncia que uma de suas principais propostas será exercer um mandato participativo, amparado em valores morais e éticos. Aliás, ele é um ferrenho crítico dos políticos conhecidos pelas práticas assistencialistas e fisiológicas. O futuro vereador também fala sobre a sua ligação com os jovens e a Igreja Católica e espera ter uma relação fraterna e cordial com o prefeito eleito Rogério Cabral (PSD). De antemão, anuncia que o apoio a projetos propostos pelo Executivo serão discutidos de forma transparente com o objetivo de melhorar a vida da população friburguense, descartando qualquer tipo de acordo envolvendo troca de cargos. Ele também propõe a criação de um fórum permanente de debate político com o intuito de esclarecer à população a importância da política como a arte de fazer o bem para a sociedade.Onde você foi melhor votado?Tive muitos votos na região de Conselheiro, assim como também tive uma quantidade expressiva na região central do município. Recebi votos em todas as urnas da cidade.Em relação ao pleito de 2008, a sua quantidade de votos cresceu. Você teve 942 votos em 2008 e, agora, 1391 votos. A que você credita esse aumento?Considero que aumentei a quantidade de votos graças à nossa militância, àqueles que acreditaram em um projeto alternativo baseado em uma política nova, com valores éticos e morais. As pessoas abraçaram esta proposta.Quem é essa militância a que você se refere?O nosso projeto é calcado na juventude. Foram basicamente os jovens que deram sustentação à minha candidatura. Eu não tenho o sangue político nas veias, mas tenho o sangue da solidariedade e acho que isso os motivaram a abraçarem a minha campanha, sempre me dando força e incentivo. São pessoas que pensam uma Nova Friburgo melhor. Estamos juntos por ideologia e, nas nossas propostas, os jovens serão os verdadeiros protagonistas da história.E a Igreja Católica?A Igreja Católica não teve candidatos, mas exerceu o papel de orientar o voto consciente, o voto limpo. Eu realmente tive muitos votos cristãos na minha comunidade, mas não foi só nela. Tive votos também de outras religiões, de pastores evangélicos, por exemplo.Somos todos filhos de Deus...Independente da nossa crença religiosa serei o vereador em defesa do respeito mútuo, da fraternidade. Queremos um diálogo aberto com todas as pessoas bem intencionadas que estejam dispostas a buscar o melhor para Nova Friburgo.E o que diz sobre o projeto alternativo?Queremos fazer um mandato participativo, sim. A nossa proposta é mudar o velho conceito de fazer política, já falido e fracassado. Não que eu seja melhor do que ninguém, não é isso, mas entendo que as práticas clientelistas e fisiologistas estão ultrapassadas. Penso que a responsabilidade do cidadão não acaba quando ele vai à urna. Ali começa a sua participação: ele precisa participar, cobrar do político as suas promessas e ideias expostas na campanha. E, claro, também dando opiniões e sugestões que venham a dar suporte a um mandato. É assim que pretendo agir.Mas político, normalmente, não gosta de ser cobrado.Pois, é, esse é o problema. Nesse sentido é que pretendemos inverter as coisas: queremos fazer com que a população seja esclarecida e faça parte das decisões. A população tem que ser a protagonista. O político só vai mudar quando o voto for consciente e respeitado. Entendo que é o político que tem que se encaixar no contexto, dando vez e voz para a população. É hora de criar uma nova mentalidade, baseada em valores morais e éticos.É essa então a sua intenção com a proposta de criar um gabinete itinerante durante o seu mandato? Vai ser a minha menina dos olhos. Vou fazer o gabinete itinerante nas comunidades ouvindo propostas. Às vezes, as pessoas imaginam que uma proposta simples não faz a diferença, mas faz. Queremos discutir propostas com cada segmento da comunidade, em cada bairro e distrito. Queremos ouvir as associações de moradores e fortalecer de fato os conselhos municipais. Hoje, os conselhos acabam esvaziados por decisões de cima para baixo e pretendemos mudar esta situação. Queremos mostrar que política é um meio de inclusão social.A sua ideia então é promover um despertar comunitário?Tem uma frase que eu gosto muito [de Martin Luther King] que diz o seguinte: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons”. Queremos fazer um grande movimento de despertar o cidadão friburguense para que ele passe de fato a ser o protagonista da história.Você fez parte de uma coligação adversária [apoiou a candidatura Saudade Braga]. Como será a sua relação com o prefeito eleito Rogério Cabral?Com certeza, vamos ter uma relação cordial e fraterna. Já disse isso a ele pessoalmente. O que ele fizer de bom terá todo o meu apoio. Conheço Rogério: é uma pessoa do bem. Nunca me colocarei como uma pessoa que fará oposição por oposição.Então este será o seu posicionamento na Câmara em relação ao Executivo?Quero ser um vereador que vai contribuir para uma cidade melhor, sem fisiologismo e troca de apoio político por cargos na Prefeitura. O momento é de união para que, juntos, possamos recuperar a autoestima dos friburguenses.Você é o terceiro filiado do PT a se eleger vereador na história do município. O PT é um partido meio complicado aqui na cidade, não é?O PT é mesmo um partido problemático. Mas ainda acredito que seja um dos mais democráticos. Lá existe muitas discussões e a gente sabe que há uma ala conservadora que, infelizmente, usam a sigla para conseguir cargos públicos. Isso não é bom. O bom é discutir propostas coletivas em alto nível, sem fisiologismo. No PT também há aqueles que defendem a construção de políticas públicas com valores morais.Vira e mexe, você sempre toca na questão da velha prática política.A classe política está muito desgastada. A política não pode continuar sendo um comércio buscando o retorno pessoal. Volto a dizer: a política tem que ser feita com caridade, fraternidade e amor. Tem discussão, embate? Tem, é normal. Quando a política é feita olhando o próximo, o ser humano, tudo fica mais leve.E a composição da nova Câmara?Quero fazer um convite a todos os eleitos para construirmos grandes propostas para Nova Friburgo, esquecendo as diferenças. Às vezes, o debate poderá ser acalorado. Mas acredito que a discussão será num nível saudável voltada sempre no sentido de propor ideias para a melhoria do coletivo do município.Para terminar: e a presidência da Câmara?Não serei candidato. Penso que ainda tenho que aprender bastante antes de propor meu nome para o cargo. Estamos discutindo com um grupo o lançamento de um nome. Mas ainda não há nada definido, a fase é de gestação.
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