Um pouco de história da velha Nova Friburgo - A história do nosso Paissandu - 13 de maio 2011

domingo, 31 de julho de 2011
O nome “Paissandu” entrou na história da nossa terra quando, nos anos 1880, se desenrolava a guerra do Paraguai. Nela, como todos sabem, uma das passagens heróicas das tropas brasileiras passou-se num local com aquele nome, ao longo do Rio Uruguai. Todos já sabem como começou a história de Nova Friburgo. Quando D. João VI contratou a vinda de famílias suíças para o Brasil, determinou a Gachet que fossem trazidas cem famílias suíças do Cantão de Fribourg. Por motivos que não cabe aqui explicar, quando os imigrantes suíços chegaram, eram um contingente de imigrantes com suíços de vários cantões de língua francesa e alemã e com muito mais gente do que aqui se esperava, embora a quarta parte dos que de lá partiram tiveram o Atlântico como sepultura. Para alojá-los o monsenhor Malheiros Miranda, encarregado pelo Rei de tal tarefa, escolheu a Fazenda do Morro Queimado, no alto da Serra dos Órgãos, região de clima mais ameno. O clima era bom mas as terras agrícolas não o eram. Lá na serra, conforme contratado com Gachet e para alojar provisoriamente os suíços, o Rei mandou preparar uma vila e duas aldeias e nelas construir 100 casas e mais as casa de administração e serviços. Na aldeia ao Sul da vila, entre os rios Santo Antonio e Cônego, num largo rodeado de casas foi levantado o pelourinho da região. Este largo passou a ser conhecido como o Largo do Pelourinho e lá foram alojados os suíços de língua alemã. Em 1821, depois de sorteados os lotes agrícolas para os colonos, a vila e as aldeias ficaram com grande número de casas desocupadas pelos que para aqueles lotes se deslocaram. Em 1824, aquelas casas da aldeia do Pelourinho passaram a receber 342 imigrantes alemães que para aqui vieram mandados por D. Pedro I e que faziam parte da primeira colonização alemã no Brasil. Em duas daquela casas, pelo Pastor Sauerbronn, membro daquela colônia, foi levantada a primeira igreja protestante do Brasil. Em 1839, a pedido de um grupo de moradores, o pelourinho foi demolido pela Câmara Municipal. Não encontramos nada que confirme ter ele sido utilizado para as suas cruéis finalidades. Nos anos 1850, Gustavo Leuenroth, que havia construído um hotel no caminho que ligava o Largo do Pelourinho à parte final da Rua do Senado (Rua Alberto Braune), recebeu em seu hotel o cientista suíço J. J. Tschudi em viagem ao Brasil. Tschudi, que lá ficou hospedado por alguns meses, fez enormes elogios ao hotel em seu livro “Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e São Paulo”. A partir da existência daquele hotel e dada a sua importância, o antigo Largo do Pelourinho passou a ser conhecido como a “village” do Leuenroth. Em 3 de novembro de 1865, em homenagem aos feitos das tropas brasileiras na Guerra do Paraguai, a Câmara da Vila mudou o nome do Largo do Pelourinho para Praça Paissandu. Em 1868, Carlos Engert, que estava gerenciando o Hotel Leuenroth, pede à Câmara que lhe conceda licença para “à sua própria custa, nivelar, arborizar e aformosear a Praça Paissandu”, encargo este que desempenhou por cerca de 20 anos quando construiu o Hotel Engert, na Rua General Argolo, rua que anteriormente se chamou Rua do Senado e, nos dias de hoje, Avenida Alberto Braune. O nome Praça do Paissandu perdurou até os anos 1930 quando foi mudado para Praça Comendador Julius Arp, nome esse mudado quando da entrada do Brasil para a segunda guerra mundial passando a ser Praça Marcilio Dias, herói brasileiro na Guerra do Paraguai, nome que permanece até os nossos dias. O nome Paissandu, pela “voz do povo” passou a indicar o bairro onde aquela praça está situada.
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Carlos Jayme Jaccoud

Um pouco de história

Carlos Jayme Jaccoud é historiador.

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