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IMPRESSÕES - 06/12/2014
sexta-feira, 05 de dezembro de 2014
Japão, não
A colônia japonesa em Nova Friburgo, cujos descendentes participam ativamente da vida da cidade, não deve estar gostando nada do estado de conservação do marco comemorativo do cinquentenário da presença nipônica em Nova Friburgo, na Praça Getúlio Vargas, inaugurado em 1977. A pedra, que simboliza a chegada japonesa em 1927, está suja, pichada e sem nada que possa descrevê-la como um monumento dessa importância. Resta, para registro, apenas a memória dos que conhecem o passado da cidade e reverenciam uma colônia formadora de nossa história. Uma pena.
Fábula
Amizade - Os gregos formaram dela uma divindade. Os romanos a representavam debaixo de um emblema do qual se nos conservou a descrição. Era a figura de uma moça, vestida com uma túnica por baixo de cuja franja se liam essas palavras — a morte e a vida — e na testa estavam gravadas estas outras palavras — o verão e o inverno. A figura tinha o peito aberto até o coração para o qual apontava com o dedo e nele as palavras seguintes — de perto e de longe.
(Dicionário da Fábula – Ed. Garnier – Paris)
Natal feio
O debate sobre a herança colonial e o racismo na Holanda reacende a cada ano nos meses de novembro e dezembro, quando o personagem Zwarte Piet, ou "Pedro Preto”, aparece nas vitrines de lojas decoradas para o Natal em todo o país. De acordo com o folclore holandês, os Zwarte Piets são os ajudantes do Sinterklaas, ou São Nicolau, figura análoga ao Papai Noel.
Se grande parte da população holandesa não vê problema na representação do Zwarte Piet, por outro lado, ele é considerado uma caricatura racista por vários movimentos sociais, que há anos protestam contra o personagem e ressaltam a necessidade da discussão sobre o racismo na sociedade holandesa.
A brasileira Patricia Schor, pesquisadora da Universidade de Utrecht, é especialista em pós-colonialismo e racismo, vive na Holanda há 20 anos e argumenta que o personagem remete ao passado colonial e escravocrata da Holanda, além de reforçar a discriminação contra pessoas negras no contexto atual do país: "Não somente o Zwarte Piet carrega esta herança de desumanização do negro, como ele reafirma também a posição marginal que a população negra tem na Holanda contemporânea”.
Linha do tempo
"Objets de qualité”. Assim foi definido o trabalho do artista plástico Gilberto Paim, no "Louis Vuiton City Guide Rio de Janeiro”. A versão carioca de um dos mais famosos guias de cidades do mundo, lançado em outubro, não poupou elogios ao trabalho em cerâmica do artista que, com sua mulher Elizabeth Fonseca, realiza peças encantadoras que ornam residências e lojas de decoração no Brasil e no mundo. Do seu Atelier de Cerâmica, no Cônego, a dupla trilha uma estrada de bom gosto e de sucesso inquestionável. Beleza que põe mesa, sim senhor, como se observa na foto de Regina Lo Bianco.
Por que o Brasil?
Ajudar a família é um dos objetivos mais citados pelos haitianos para sua vinda ao Brasil. Em busca de uma vida melhor, querem ajudar a família, querem dar um pouco de conforto aos que ficaram e aos que estão em outros países. Estão em busca do "sonho brasileiro”.
Assim, nasce a expressão "anpil mizè”, que na língua crioula haitiana reflete as dificuldades que os imigrantes passam antes mesmo de sua saída do Haiti: muitos se endividam ou vendem o que têm em busca do "sonho”. Anpil mizè são as privações e dificuldades por que passam os haitianos. Muitos narraram momentos de horror na rota percorrida, especialmente no Equador e Peru, para chegar ao estado do Acre ou Amazonas.
Pesquisadores defendem uma revisão da política migratória brasileira para os haitianos, de modo a diminuir as consequências do trajeto ilegal. "Insistir na manutenção da prática — que a nosso ver não é uma política — de registrar os haitianos nas regiões de fronteira é uma medida que tem contribuído para que o tráfico de pessoas seja indiretamente incentivado”, explicam eles.
Racismo de norte a sul
O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado” e "permeia todas as áreas da vida”. A conclusão é da Organização das Nações Unidas (ONU), com a publicação de seu informe sobre a situação da discriminação racial no país. No documento, os peritos concluem que o "mito da democracia racial” ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda "nega a existência do racismo”.
A entidade sugere que se "desconstrua a ideologia do branqueamento que continua a afetar as mentalidades de uma porção significativa da sociedade”. Apesar de fazer parte de mais de 50% da população, os afro-brasileiros representam apenas 20% do PIB. O desemprego é 50% superior ao restante da sociedade, e a renda é metade da população branca. A expectativa de vida para os afro-brasileiros seria de apenas 66 anos, contra mais de 72 anos para o restante da população.
Mesmo no campo da cultura, a participação desse grupo é apenas "superficial”, e as taxas de analfabetismo são duas vezes superiores ao restante da população. A violência policial contra os negros também chama a atenção. Em 2010, 76,6% dos homicídios no país envolveram afro-brasileiros.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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