LEITORES - 02/04/2015

quarta-feira, 01 de abril de 2015
Participe da coluna A Voz dos Leitores, enviando texto e fotos para leitores@avozdaserra.com.br. Mensagens sem identificação completa e textos digitados com todas as letras maiúsculas serão desconsiderados para publicação. Em razão do espaço, os textos podem ser resumidos ou editados. O jornal também se reserva o direito de publicar ou não as cartas dos leitores. Para o envio de fotografia, o leitor confirma que é o autor da mesma ou possui autorização para distribuí-la, e autoriza expressamente o jornal A VOZ DA SERRA a publicá-la no meio impresso ou digital.    Sem obras Aproveitando que o DER-RJ falou das encostas na RJ-142. Como diz o Massimo, pergunta que não quer calar: Por que pararam as obras da variante? (ponte que tiraria o fluxo de carros do centro de Lumiar). As obras estão paradas há meses e ninguém deu uma explicação à população. Adilson Ribeiro  Sem sinal Sr. Prefeito e demais " mandatários” do município de Nova Friburgo. Até quando permanecerá a inércia que se arrasta no município há mais de 50 anos? Pois tudo continua na mesma passividade de império arruinado, onde nem a comunicação avança. Como se observa na localidade de Vargem Alta, com uma alta produção natural de flores e também ao longo da estrada Mury-Lumiar, a RJ-142 (ligando à Região dos Lagos), sem nenhum sinal de comunicação, nem mesmo através de celulares (por satélite). Wander Frauches de Andrade Sem luz No dia 30, passei pela praça principal da cidade, às 21h, e notei que a totalidade das luminárias, as do lado esquerdo em direção à rodoviária, estavam apagadas. As do lado direito, algumas também estavam.  Ora, o noticiário dá conta de que há frequentes assaltos à noite, naquela praça. Claro, a escuridão favorece. Sabemos que a responsabilidade pela iluminação pública da cidade é da Prefeitura, que cobra uma taxa por ela. Donde concluímos que a nossa Prefeitura é responsável, em parte, pelos assaltos que ocorrem nesse logradouro. Ronaldo Volle Soanf Caro amigo Roberto Vianna, se é que posso chamá-lo assim. Li sua matéria nesta seção e quero parabenizá-lo. Por inúmeras vezes enviei e-mails para esta seção. Quero dizer-lhe que por problemas políticos não temos, mas já era para termos em nossa cidade um Hospital do Câncer desde meados de 1992. Procure o Dr. Renato Abi-Ramia que ele lhe dará os detalhes. Por várias vezes citei que nossa cidade tem o Soamar (Sociedade de Amigos da Marinha), esta briosa corporação que faz parte de nosso município. Quero dizer, ninguém pensou em criar uma Soanf: Sociedade de Amigos de Nova Friburgo. Vou lhe perguntar o que pergunto há 20 anos, perguntas feitas na época ao Prof. Carlos Guimarães e recentemente ao deputado federal Glauber Braga: nós temos o maior gargalo do trânsito, talvez do estado, chamado Praça Marcílio Dias. Pegue um mapa aéreo de nossa cidade e ficarás abismado ao ver que quem divide nossa cidade um duas é exatamente o terreno pertencente ao Sanatório Naval em Nova Friburgo. Os bairros de Cascatinha, Cônego, Olaria, são separados de Teodoro de Oliveira, Mury, Ponte da Saudade e Perissê. Imagine o que tiraríamos do Centro, a quantidade de veículos, inclusive de ônibus. Pelos meus cálculos, seriam mais de 20 ônibus por hora. Agora me recordo, sobre sua matéria sobre o VLT, aqui foi motivo de chacota o que em outras cidades se torna realidade. Com minha estima e consideração, atenciosamente.  Roberto Martins   Áureos tempos A mídia tem mostrado com frequência documentários, shows, etc, sobre Wilson Simonal, o excelente cantor brasileiro que fez grande sucesso tanto aqui como no exterior na década de 60 principalmente. Ah! Os grandes festivais! Esses documentários inclusive têm citado seu suposto envolvimento na época da ditadura, mas prefiro focar no seu lado artístico, e isso tudo me leva novamente a uma "viagem no tempo”, lembrando que ele esteve aqui uma ocasião, fazendo um show no nosso então badalado Clube de Xadrez. Se não me falha a memória, esse show tinha a apresentação do também famoso na época Carlos Imperial. Aliás, repetindo, o nosso Xadrez "bombava”, não só com os seus carnavais, como era também um dos "points” da sociedade local, e palco de apresentações importantes. Quanto ao Simonal, esse deixou seu legado importante no mundo artístico; quanto ao Clube de Xadrez, esse ainda merece ser mais bem tratado e aproveitado para grandes eventos. Merece a nossa gratidão e o nosso respeito por tantos momentos de alegrias e confraternizações, já que pelos seus salões passaram várias gerações da sociedade friburguense.  Enfim, mais belas e boas lembranças da nossa Friburgo de outrora. Vera Regina Veiga da Gama e Silva Prefeitura responde  Com relação à nota publicada na edição desta quarta-feira, dia 1º de abril, sobre as condições do pavimento da Rua José Corrêa da Silva, de acesso ao Condomínio Terra Nova, o secretário de Conselheiro Paulino, Wilson Tavares, informa que o problema foi causado por uma ligação de esgoto entre a parte alta e baixa do referido condomínio pela empresa Odebrecht, a quem compete o conserto da via. O secretário se comprometeu a mais uma vez comunicar oficialmente à empresa a necessidade do reparo nessa rua.   OPINIÃO DOS LEITORES   Ressonâncias da passagem de Aleksander Laks por Nova Friburgo Em uma manhã de outono de 2015   Geni Amélia Nader Vasconcelos  Parecia uma manhã como outras, mas carregávamos uma grande expectativa. Um projeto, abraçado em 2014, estava, felizmente, por se concretizar. Aleksander Laks, judeu, nascido na Polônia e naturalizado brasileiro, sobrevivente do holocausto, chegaria para proferir uma palestra em nossa escola, o Colégio Nossa Senhora das Dores. Foi marcante, desde o início, a interação entre aquele senhor de semblante simpático, de quase noventa anos, e a plateia, constituída de jovens do ensino médio, de seus professores, do colegiado da escola e de convidados envolvidos com a realização do evento.  A noção de aparente fragilidade do palestrante se dissipou quando ele tomou o microfone e, com uma voz firme e clara, com um discurso bem articulado e penetrante, começou a narrar sua vida sob o nazismo. Ele, então menino de doze anos, sentiu na pele as crueldades e os horrores que esse regime impôs a tantos. Ao afirmar não saber como havia sobrevivido, mas entender o porquê — para mostrar que aquilo não poderia se repetir —, Laks foi nos envolvendo não apenas em cenas terríveis que marcaram sua vida como em interrogações fundamentais a respeito de nossa humanidade, daquilo que de mais belo ou mais triste somos capazes de realizar; da possibilidade de não nos deixarmos dominar pelas condições a que somos submetidos; de mantermos a esperança. Instigou-nos a refletir sobre inúmeras questões e desdobrá-las em outras: o significado da narrativa, o papel da educação e dos professores, o dever da memória, a banalidade do mal, a luta pelos direitos humanos, o silêncio sufocante de quem é impedido de usar a palavra e é representado por outros, as relações familiares ... Impossível inventariar as histórias e desdobramentos suscitados por Laks em cada sujeito — jovem ou adulto — presente naquele teatro. São histórias, reflexões e desdobramentos que demandam  novos espaços para se tecerem. O fato do palestrante beber goles de água ao longo de toda a sua exposição poderia ter passado despercebido, mas ganhou um contorno diferente quando relatou um novo episódio dramático  por ele vivenciado. Certa ocasião, ao ser deslocado com outras vítimas do nazismo em um trem, escutou um clamor ensurdecedor. Pessoas suplicavam por água nos vagões. O coro crescente de vozes não foi capaz de encontrar quem  acolhesse a súplica. E, aos poucos, as vozes foram se reduzindo até se calarem por completo. A morte havia ceifado a vida de inúmeros homens e mulheres naquele trem.  Encerrando a narração desse fato, o palestrante comentou que as marcas dessa situação foram tão fortes que, até hoje, seu primeiro gesto a cada dia é procurar pela água que deixa sempre ao lado da cama. Enquanto mergulhava em sua narrativa, outras lembranças insistiam em me habitar.  Desloquei-me no tempo e no espaço. Por segundos, revisitei Paula Frassinetti, fundadora da congregação das irmãs de Santa Doroteia, em Roma, em meados do século XIX. Tempos de efervescência política em torno da unificação da península Itálica. Movimentos nacionalistas afloraram em diferentes locais. No sul da Itália, Giuseppe Garibaldi liderava a luta. Os franceses, que apoiavam o papa na disputa pela manutenção de suas terras e poder, cortaram a canalização da água para abalarem a resistência dos garibaldinos, fazendo-os sucumbir de sede. Neste cenário conflituoso um soldado garibaldino apresentou-se à portaria da casa de Santo Onofre, onde Paula se encontrava com outras irmãs. Pedia por água.  Conduzido por uma irmã até Paula, o soldado pôde saciar sua sede em um poço existente na cozinha da casa. O comandante, ao saber o que ocorrera, recorreu a Paula, pedindo por água para a tropa. Logo obteve a resposta:  — Enquanto houver água para nós, também haverá para vós. Em torno da água, duas respostas bem diferentes, mobilizando-nos para pensar, no gesto de Paula, a sensibilidade ao apelo trazido pelo outro, no fato testemunhado por Aleksander Laks uma noção de humanidade extremamente redutora e excludente, na qual certos outros nada são. A densidade da palestra tornou o tempo cronológico irrelevante. A plateia permanecia atenta e interessada, bebendo cada gesto e palavra de Laks. Ao final, aplausos, muitas emoções e procura pelo palestrante para um abraço e fotos. Também fiz esse caminho. Ao abraçar nosso convidado lhe falei sobre Paula Frassinetti, sobre a experiência protagonizada por ela à beira do poço.  Momento inesquecível! Em meio a um gesto de ternura, Aleksander repetiu para mim: — Água, água, água! A manhã do dia 25 de março estava terminando. Uma manhã do tempo quaresmal. Tempo especial para pensarmos a complexidade que nos constitui individualmente e como coletividade, as forças que nos convidam à solidariedade e aquelas que nos desagregam. Tempo de conversão. Tempo de refletirmos a respeito da dor, da crueldade e da opressão que continuam a ser impostas a tantas pessoas, grupos e povos em nossos dias. E, muitas vezes, perpetrados por aqueles que passaram por experiências de profundo e indescritível sofrimento. Este é o enorme desafio ético que se impõe para todos: o entendimento dos outros, dos tantos e diferentes outros como pertencentes à mesma humanidade, como dignos de uma convivência social mais fraterna, mais justa e respeitosa com a vida de todos e de cada um.  Que não nos esqueçamos deste desafio em um tempo no qual a racionalidade hegemônica se faz pouco atenta ou até mesmo menospreza a  busca do sentido da educação: cuidar para  que as novas gerações se sintam parte de um mundo comum e se responsabilizem por ele.   A autora é Coordenadora Pedagógica do Fundamental II e do Ensino Médio no Colégio Nossa Senhora das Dores. É membro da coordenação do Grupo de Estudos Memória, Identidade e Espaço, oriundo da Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia Tem algum texto que gostaria de ver publicado?  Envie para a seção dos leitores de A Voz da Serra! 
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