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Impressões — 30/01/2016
Fábula
Momo – filho do sono e da noite, e deus da zombaria. O seu único entretenimento consistia em examinar as ações dos deuses e dos homens e, em repreender com liberdade. Representava-se levantando a máscara do rosto e com um rótulo na mão.
Evoé – é o grito que as bacantes formavam para cantar os louvores de Baco.
(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com argumentos tirados da história poética – Ed. Garnier – Paris)
Linha do Tempo
“Carnaval, desengano, deixei a dor em casa me esperando. E brinquei, e pulei e fui vestido de rei. Quarta feira sempre desce o pano”
(Sonho de um carnaval – Chico Buarque)
“Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar. Dá chupeta, dá chupeta, dá chupeta pro neném não chorar”
(Mamãe eu quero – Jararaca e Vicente Paiva)
Evoé, momo!
Ziriguidum, meu povo! Deixe a tristeza em casa e caia na folia. Durante quatro dias (ou mais) o folião esquece os problemas do dinheiro, do trabalho e de outras coisas, trocando o cotidiano por momentos de descontração máxima, fantasiado ou não, mascarado ou não e deixa o bloco te levar, embalado por marchinhas e muita música, acompanhado da inseparável cerveja, a bebida mais consumida, curtindo a maior festa popular do Brasil. E do mundo. Assim é o Carnaval.
O carnaval é uma festa que é marcada pelo "adeus a carne" que a partir dela se fazia um grande período de abstinência e jejum, como o seu próprio nome em latim "carnis levale" o indica. Para a sua preparação havia uma grande concentração de festejos populares. Cada lugar e região brincava a seu modo, geralmente de uma forma propositadamente extravagante, de acordo com seus costumes.
Sua origem, imagina-se, teria sido na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C, através da qual os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Passou a ser uma comemoração adotada pela igreja católica em 590 d.C. antes da quaresma.
O carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século 20. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans e Rio de Janeiro se inspiraram no carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas. Já o Rio de Janeiro criou e exportou o estilo de fazer carnaval com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como Tóquio e Helsinque. E até São Paulo.
O carnaval do Rio de Janeiro está atualmente no Guinness Book como o maior carnaval do mundo, com um número estimado de dois milhões de pessoas, por dia, nos blocos de rua da cidade. Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da cidade do Recife-PE, como o maior bloco de carnaval do mundo.
Calendário momesco
O carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa, em fevereiro, geralmente, ou em março, conforme o cálculo da Páscoa, ocorre próximo do dia de lua nova. Assim, poderá calhar próximo do ano novo chinês, se calhar antes ou próximo de 19 de fevereiro. No século 21, a data em que ocorreu mais cedo foi a 5 de fevereiro de 2008 e a que ocorrerá mais tarde será a 9 de março de 2038. Embora seja possível em outros séculos, o dia do carnaval não ocorrerá em 3 ou 4 de fevereiro durante todo o século 21.
Data de carnaval nos próximos anos
(considera-se o feriado de momo, a terça-feira de folia)
2017 - 28 de fevereiro
2018 - 13 de fevereiro
2019 - 5 de março
2020 - 25 de fevereiro
2021 - 16 de fevereiro
2022 - 1º de março
2023 - 21 de fevereiro
2024 - 13 de fevereiro
2025 - 4 de março
2026 - 17 de fevereiro
Divirta-se mundo afora
Você não precisa se limitar às cidades brasileiras se quiser farrear o carnaval. O mundo caiu aos pés de momo. Veja só.
Basiléia - Suíça
Conhecido como Fasnacht, o carnaval suíço alcança uma de suas maiores expressões na Basiléia. Ele tem início na segunda-feira que antecede a quarta-feira de cinzas, por volta das 4h da madrugada com o chamado Morgestraich. É nessa hora que se apagam todas as luzes e vários grupos fantasiados desfilam com lanternas pelo centro da cidade enquanto tocam músicas carnavalescas em flautas e tambores. A festa de carnaval dura 72 horas.
Barranquilla - Colômbia
Durante o Carnaval na cidade colombiana, situada a 700 quilômetros de Bogotá, é possível apreciar uma série de eventos típicos e espetáculos. Nos desfiles, por exemplo, são apresentados danças e ritmos folclóricos como cúmbia, pito, gaita, salsa, fandango, mapalé e merecumbé. Declarado pela Unesco como obra mestra do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade, o evento tem seu clímax no sábado anterior à quaresma, com a Batalha das Flores.
Quebec - Canadá
Tido como o maior carnaval de inverno do mundo, o carnaval de Quebec, no Canadá, dura três semanas. A festa consiste em concertos musicais, esculturas de neve, paradas noturnas e atividades esportivas, tais como competição de canoas e pesca no gelo. Apesar de um frio que chega a dez graus negativos – e possibilita até mesmo a existência de um Palácio de Gelo –, a comemoração costuma atrair milhares de pessoas do mundo todo.
Nice - França
Na cidade francesa de Nice – o maior balneário da Côte D’Azur -, os pontos altos do Carnaval são os bonecos gigantescos de papel machê, as festas de rua e a célebre Batalha das Flores. Na brincadeira, flores utilizadas para enfeitar os carros alegóricos são arremessadas nos observadores de um cortejo que perpassa a Promenade des Anglais. A tradição data de 1876, quando carnavalescos desfilavam em carruagens decoradas e trocavam buquês entre si.
Colônia - Alemanha
Enquanto muitos no Brasil reclamam que as preparações para o carnaval começam cedo demais, os alemães já estão pulando há semanas. Em Colônia, por exemplo, as festas começam nada menos que em novembro – mais especificamente às 11h11 do dia 11 de novembro (11º mês do ano) – e se estendem até a quarta-feira de cinzas. Celebrado em pleno inverno, marca o que os alemães chamam de a “quinta estação do ano”.
Nova Orleans - Estados Unidos
É na capital mundial do jazz que acontece o carnaval mais famoso dos Estados Unidos: o Mardi Gras, ou terça-feira gorda. A festa se assemelha a que é celebrada no Brasil, com desfiles de blocos, carros alegóricos e gente fantasiada. Mas para quem achava que nudez no carnaval é uma exclusividade dos brasileiros, o Mardi Gras traz uma tradição bem particular: distribuir colares de contas coloridos, símbolos da festa, para quem mostrar os seios.
Veneza - Itália
É no período do carnaval que Veneza recebe o maior número de turistas, atraídos sobretudo por uma tradição histórica que remonta ao século 12I e que teve seu auge no século 18. E também é quando a cidade, conhecida como a Rainha do Adriático, ganha aquele aspecto de baile de máscaras a céu aberto – além dos que são de fato celebrados no interior de palácios antiquíssimos, com direito a fantasias do mais alto requinte.
Brasil é o ponto alto
Rio de Janeiro
Quando o assunto é carnaval, nenhuma cidade do mundo é capaz de atrair mais holofotes que o Rio de Janeiro, onde a folia já começa logo após a virada do ano. Na capital carioca, a graça é pular e entoar marchinhas atrás dos famosos bloquinhos de rua, todos regados a muito confete e serpentina. Outro ponto alto que atrai turistas dos quatro cantos do planeta é assistir ao desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Carnaval melhor, impossível.
Olinda
Na cidade pernambucana, passistas pulam o carnaval de sombrinha na mão e frevo no pé. Os cinco dias de festa, que começam com o típico desfile de bonecos gigantes conhecidos como mamulengos, oferecem diversos blocos de rua, como o Sala de Justiça e o Bacalhau do Batata, que fecha o carnaval na quarta-feira de Cinzas. E para quem ainda quiser curtir um carnaval mais metropolitano, a vizinha Recife está a poucos quilômetros de distância.
Salvador
Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu, diz o refrão. Dizem que, na Bahia, é carnaval o ano todo. Mas é nos dias que antecedem à quaresma que Salvador alcança o auge da folia. Em ritmo de axé e muita batucada, foliões com ou sem abadá (camiseta que identifica os blocos) se divertem acompanhando os famosos trios elétricos. Aquele que não garantiu seu abadá e nem comprou ingresso para os camarotes ganha o apelido de “pipoca” – e pula sem a proteção dos cordões de isolamento.
Nota do colunista
Esta página circula com o tema uma semana antes do carnaval para fazer um esquenta, uma prévia do que pode ser a festa para você leitor. Leia e sonhe, pois falta apenas uma semana. E lembre-se: beba, mas não dirija, com muito amor e sem violência.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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