Desemprego, recessão e disparada de juros... Nunca o jeitinho brasileiro foi tão necessário quando o assunto é equilibrar o orçamento. O ano de 2015 foi marcado por uma forte retração da economia e para piorar, a inflação ainda encolheu as finanças de muitos brasileiros. Em meio a crise, criatividade para ganhar dinheiro nunca foi tão necessária.
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — realizada nas principais regiões metropolitanas do país — mostrou que no ano passado cresceu a procura de brasileiros por uma segunda fonte de renda. A VOZ DA SERRA procurou pessoas que perderam seus empregos ou até se mantiveram neles, mas que adotaram um método para fugir da crise.
Mariane Bom Faria, gestora em agência de marketing digital, por exemplo, realizou o seu grande sonho. “Eu já tinha a intenção de trabalhar com acessórios de moda. Em 2015, comecei a tirar o projeto do papel e comecei a vender lenços, echarpes e faixinhas de cabelo. Mesmo em um momento turbulento para o país, percebi a oportunidade de lançar a marca, com foco no virtual (já que o mercado online tem crescido mais do que a comercialização em lojas físicas) e, assim, aumentar a minha renda”, conta.
A “loja” de Mariane também trabalha visando o meio ambiente: “Além disso, apostei em usar materiais reciclados ou de reaproveitamento, gerando diferencial para os meus produtos. Do último mês para cá, tive aumento substancial nas vendas”, acrescenta Mariane com a expectativa de maior faturamento este ano.
A busca por novos caminhos é um das iniciativas adotadas pelos moradores da cidade. Barraquinhas de pipoca, de sorvete, venda ambulante e distribuição de panfletos são recursos que tem gerado bastante lucro.
Newton Bittencourt, que trabalha produzindo comida japonesa, é um profissional conhecido por sushiman. A atividade sempre foi uma paixão, mas as mudanças de estratégia vieram pelas insatisfações no trabalho anterior. "O meu momento de trabalho era muito ruim. Trabalhava num restaurante no qual não estava recebendo o salário na data correta; com excedente de horário e não recebia hora extra, dobrando a jornada praticamente todos os dias. A facilidade que eu encontro agora é que trabalho com uma culinária que vem crescendo em todo o país, e aqui na cidade não é diferente... Como as opções até o ano passado eram poucas, o pessoal procura por novidade. Além do fato de fazer o que amo e sempre estar preparando tudo com o maior carinho e cuidado possível”, revela Newton.
No início do negócio, Newton não tinha noções de faturamento. Foi comprando o material que precisava e aos poucos, pagando as contas para poder sustentar também o seu filho de 3 anos. Mas havia sempre uma reserva de dinheiro como emergência.
Já a analista do Sebrae, Roselane Muzzi, explica que para abrir um pequeno negócio é preciso fazer uma pesquisa de mercado. “É necessário saber o que vai fazer; qual o seu público alvo; quem são ou seus concorrentes; qual vai ser o custo fixo para não ficar no vermelho. E saber qual o tipo de negócio que a pessoa vai abrir e de que forma. Se é virtual ou não”, explica ela lembrando que é sempre bom buscar informação antes de iniciar uma nova atividade. “Por isso ficar atento aos gastos no mês e investir em renda extra, pode sim facilitar o dia a dia”, completa Roselane.
Para Felipe Esteban Johans, 30 anos, que é chileno, conseguir uma colocação no mercado até que não foi uma tarefa tão difícil. Esteban chegou a Nova Friburgo em 2008 e trabalhava fazendo artesanato que vendia pelas ruas. Depois começou a buscar emprego porque tornou-se pai. Neste período trabalhou em diversas lojas. Mas sempre teve a vontade de montar um negócio e acabou se inspirando no irmão, que fazia cervejas no Chile.
“Estou começando a produzir cervejas artesanais com os amigos em casa. Não dá pra me sustentar ainda. Mas quero legalizar sim para poder vender oficialmente em lojas. Hoje, produzo e vendo para pessoas próximas. Mas agora esse ano quero investir nos papéis para oficializar. Mas a cerveja já tem um nome Vieja Escuela, que significa velha escola [velha-guarda]”, conta. Felipe teve um gasto de R$ 6 mil com materiais específicos para a produção.
Em agosto de 2015, o prefeito Rogério Cabral assinou um anteprojeto que cria um programa de incentivo às microcervejarias artesanais no município. Esta medida é inédita no Brasil, segundo o secretário municipal de Turismo, Nauro Grehs. O objetivo é tornar Nova Friburgo uma referência em cerveja artesanal em nível nacional nos próximos dez anos.
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