Cinco gestantes podem estar infectadas pelo zika vírus, causador da microcefalia em bebês, informou ontem, 7, a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo. As mulheres — três moram em Olaria e duas no distrito de Conselheiro Paulino — já passaram por exames específicos, cujas amostras foram enviadas para análise em um laboratório de referência do estado. Não há previsão sobre quando sai o resultado dos testes nas grávidas.
“Se os casos forem confirmados, faremos o acompanhamento necessário das gestantes e dos bebês. Nos bairros onde elas moram, já estamos desenvolvendo ações através de mutirões, com agentes de endemias e comunitários, para orientar a população sobre a importância de vistoriar os imóveis para impedir a proliferação do mosquito”, explica a subsecretária de Vigilância em Saúde, Fabíola Braz Penna.
Na tarde de ontem a força-tarefa, composta por representantes de várias secretarias, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Sanatório Naval e também vereadores, reuniu-se no Centro Administrativo César Guinle (antigo prédio da Oi), no Centro, para discutirem o plano de guerra de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do zika vírus, da febre chikungunya e da dengue. Aliás, do início do ano passado até o último dia 2, foram registrados 169 casos de dengue em Nova Friburgo. A meta ambiciosa do governo municipal é tentar vistoriar todos os imóveis da cidade ainda este mês.
“Se não dermos as mãos, não teremos êxito em nossas ações contra o mosquito. Se a comunidade não participar, dificilmente vamos vencer. Por isso, é importante que todo mundo tire dez minutos do seu tempo para vistoriar suas casas e acabar com possíveis focos do mosquito. É importante também transmitir essa mensagem para os amigos e familiares, e cobrar que os vizinhos façam o mesmo”, pediu o prefeito Rogério Cabral, ao lado do secretário da Defesa Civil, coronel João Paulo Mori, e do secretário de Saúde, Rafael Tavares.
A operação de combate ao mosquito contará com a ajuda de cerca de 30 agentes da Vigilância Sanitária, 60 agentes da Defesa Civil, além do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Tiro de Guerra e outras instituições e empresas privadas. A ação da Prefeitura de Nova Friburgo segue o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, do Ministério da Saúde, e a campanha “Dez minutos salvam vidas”, instituída pelo governo estadual. O objetivo é intensificar o combate aos focos do mosquito no período com maior incidência, que ocorre nos meses de março, abril e maio.
Segundo o plano municipal, serão realizadas ações integradas para intensificar a campanha nacional de combate ao mosquito durante todo o primeiro semestre em Nova Friburgo. Todos os domicílios em instalações públicas e privadas urbanas, inclusive, os imóveis fechados e as casas de veraneio, devem ser inspecionados até 31 de janeiro. Os colégios públicos e particulares também serão vistoriados no período de férias escolares. Serão realizadas também inspeções mensais até fevereiro e bimestrais, de março a junho, pela equipe que compõe a força-tarefa.
Casos de microcefalia crescem no RJ e no país
Os casos de microcefalia em bebês não param de aumentar no país. Na última terça-feira, 5, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro boletim epidemiológico do ano que mostra o aumento de 14,5% no número de casos de microcefalia relacionados ao zika vírus no estado do Rio de Janeiro. Segundo o órgão, a quantidade de notificações subiu de 103 para 118 casos em relação ao último balanço divulgado em dezembro de 2015. A quantidade de municípios fluminenses com registros da doença também aumentou de 19 para 20.
Foram registrados até terça-feira no país 3.174 casos de microcefalia associados ao zika vírus em 684 municípios de 21 estados. O número corresponde a um aumento de cerca de 6,68% em relação ao último informe divulgado pelo Ministério da Saúde. Além disso, 38 mortes supostamente ligadas à doença estão sob investigação.
O estado de Pernambuco, o primeiro a identificar aumento de microcefalia, continua com o maior número de casos suspeitos (1.185), o que representa 37,33% do total registrado em todo o país. Em seguida, estão os estados da Paraíba (504), Bahia (312), Rio Grande do Norte (169), Sergipe (146), Ceará (134), Alagoas (139), Mato Grosso (123) e Rio de Janeiro (118).
Saiba mais sobre a doença
O que é a microcefalia?
É uma má-formação congênita que faz com que a cabeça de um recém-nascido meça 32 centímetros ou menos, o que significa que o cérebro não se desenvolveu da maneira correta.
O que causa a microcefalia?
A condição pode ser causada por diversos fatores, como substâncias químicas que a mãe ingere durante a gestação ou quando é infectada por bactérias e vírus. As causas mais comuns são a toxoplasmose e a rubéola.
A doença causa sequelas?
Como o cérebro não se desenvolve, há um risco muito grande de a má-formação se refletir em quadros de retardo mental ou atraso no desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
Qual o tratamento?
Não existe tratamento, mas é possível minimizar as sequelas com acompanhamento pediátrico e neurológico.
Como é feito o diagnóstico?
A microcefalia só pode ser diagnosticada após o nascimento. Durante o pré-natal, exames como ecografia, por exemplo, são capazes de apontar uma alta probabilidade para a má-formação.
O zika vírus realmente causa microcefalia?
Sim. O Ministério da Saúde confirmou no último dia 28 de novembro que existe relação entre o vírus zika e os casos de microcefalia na região nordeste do país.
Como ocorre a contaminação?
O mosquito pica uma pessoa com um dos vírus e é infectado. Ao picar outra pessoa, transmite o vírus, que não é passado de uma pessoa para a outra. Fique atento, o mosquito costuma a atacar no início da manhã e no final da tarde.
Quais o sintomas?
São manchas vermelhas na pele, febre, conjuntivite, dores nas articulações, nos músculos e na cabeça. Em alguns casos, entretanto, a doença é assintomática, ou seja, a pessoa infectada não apresenta sinais típicos.
O que as gestantes podem fazer?
O Ministério da Saúde orienta que as mulheres grávidas adotem medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros, além de se protegerem da exposição de mosquitos, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes. Também faz parte destas orientações o acompanhamento e as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames recomendados pelo médico.
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