Não há crise financeira capaz de derrubar a tradicional noite de Natal, em qualquer lugar do mundo. O sentimento que acomete todos os povos é mais forte que tudo. Com os brasileiros, de maneira geral, e friburguenses, em particular, ocorre o mesmo. Reunião familiar, troca de presentes, e peru e rabanada (para ser bem sucinta) estão sempre lá. Se os tempos são bicudos, como o que vivemos no momento, a família pode até abrir mão de uma coisa ou outra e optar por algo mais simples, sem tantos importados, ou mesmo nenhum. Mas, não faltarão comida e bebida, nem presentes, ainda que sejam “lembrancinhas”.
É aquela história recorrente. Mesmo quando você jura para si mesmo que vai ser comedido e racional nas festas de típicas de dezembro, quando o fim do ano vai chegando começa a ficar difícil cumprir a promessa. Como é sacrificante economizar! As tentações estão espalhadas por todos os cantos, olhando direto pra você enquanto caminha pelas ruas ou shoppings: é a decoração, as vitrines, as ceias, as doações. E aí, o que fazer, como celebrar Natal e Ano Novo sem gastar tudo e detonar o 13º?
Bom, antes de mais nada, tenhamos em mente que tudo que diz respeito ao Natal pode passar por adequações. Por exemplo: se tiver que ser radical, troque itens importados por nacionais e até o chester por um frango recheado. Outra opção para ter uma ceia legal é substituir ingredientes mais finos por produtos de linhagem popular, muito mais em conta. Em vez de arroz com castanha, use amendoim, e nas sobremesas, musses de frutas nacionais e da estação. O poder econômico do brasileiro despencou mesmo e a alta carga tributária contribuiu para que os preços dos produtos natalinos, em sua maioria importados, continuem em alta.
Tradições mantidas com bom senso e criatividade
Num país onde o povo é especialista em se reinventar, se adequar, há sempre um jeito de se permitir viver um momento especial como esse, sem culpas. Trata-se da data magna do Cristianismo. Então, sem lamentações, vamos ver como podemos ter uma noite feliz, seguindo algumas tendências que vêm sendo observadas nos consumidores de todo o país.
“Tenho ouvido o mesmo tipo de discurso, de várias pessoas, tanto nas minhas relações quanto em entrevistas. Falam muito em ceia de ‘adesão’. As pessoas estão cautelosas, mas não desanimadas. Venho percebendo essa tendência há algum tempo, bem antes da expectativa do Natal”, disse o chef de cozinha Chico Figueiredo, colunista de gastronomia do caderno Light, suplemento deste jornal.
Os anfitriões que tinham por hábito oferecer ceia de Natal aos parentes e amigos, este ano estão sugerindo que os convidados colaborem com as despesas, levando algum prato ou bebida. É o popular sistema de adesão. “Acho perfeitamente aceitável, não há nada de constrangedor nisso. É uma questão de responsabilidade, de ser realista com o momento que estamos vivendo. Não é complicado, é só organizar de modo que cada convidado traga o que foi previamente combinado para evitar pratos repetidos ou parecidos. E também levar em conta que uma bacalhoada sai bem mais cara que um prato de rabanada... Então, tem que haver compensações, que pode ser com algum tipo de entrada, uma garrafa de vinho ou espumante, para complementar e ser justo para todos”, recomenda.
Dividir para somar
Outro item importante que Chico Figueiredo destaca é o envolvimento dos convidados em todas as etapas da festa, desde familiares aos amigos dos donos da casa: é a divisão de tarefas. Afinal, quem estava acostumado a contratar um ou dois garçons, além da cozinheira em tempo integral, este ano dispensou seus serviços. Mas, o chef lembra também o quanto pode ser divertida toda essa integração apesar da trabalheira. A festa não deve exaurir os anfitriões nem os convidados.
“Todos saem ganhando ao dividir as tarefas, sem contar a economia que cada um estará fazendo ao se reunir para fazer uma única festa, num único espaço. Ninguém vai ficar horas na cozinha nem chegar ao fim do dia exausto, talvez meio cansado para curtir a festa. Dependendo do tamanho da família ou do grupo de amigos que participarão da festa, o tipo de pratos e bebidas varia. Pode até ser que baste uma ou duas opções de comida e um tipo de bebida, cerveja, ou vinho, ou refrigerantes... tudo depende da festa que se quer dar. Agora, sem dúvida, não tem como evitar a limpeza da casa no dia seguinte. Esse ônus fica mesmo para os donos da casa. Mas, esse preço terá valido a pena ao relembrar a beleza do que foi proporcionado a tanta gente querida”, ressalta Chico.
Quanto aos presentes, ele acredita que sai bem mais em conta promover o popular e muito bem-vindo ‘amigo oculto', que considera outra diversão. “É uma maneira prática, barata e muito animada de se manter a tradição da troca de presentes. Por mais simples que seja, uma lembrança, vá lá, é sempre bem-vinda, nem que seja pelo gesto”, encerra Chico, desejando um Feliz Natal a todos.
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