Radar — 12/12/2015

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse ontem que adiar os ajustes necessários à economia brasileira pode atrasar o início da recuperação econômica do país. “Uma eventual postergação dos ajustes somente adiaria o início da recuperação econômica, ampliando o ciclo vicioso de incerteza, a perda de confiança, o adiamento de investimentos e a reprecificação de ativos, ampliando a queda da atividade econômica e tornando o próprio ajuste mais prolongado e custoso”, afirmou Tombini, em discurso na Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo Tombini, além do ajuste fiscal, o Brasil está passando por acertos nas áreas externa e monetária.

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De acordo com o presidente do Banco Central, o problema é que os benefícios dos ajustes demoram a aparecer, enquanto os custos são imediatos, o que pode causar incompreensão ou mesmo questionamentos em relação às medidas necessárias ao ajuste. "Essa percepção inicial adversa pode levar ao bloqueio, ainda que parcial, das propostas de ajuste, trazendo incertezas quando a sua duração e intensidade, ou mesmo quanto à sua consecução”, ressaltou.

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O cenário de recessão pela qual passa o Brasil resultou em um aumento da participação do setor agropecuário no Produto Interno Bruto (PIB), De acordo com balanço feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA), a participação do setor no PIB passou de 21,4% registrados em 2014, para uma projeção de 23% em 2015. Segundo a CNA, a agropecuária brasileira deverá crescer 2,4% em 2015, apesar de a agricultura não apresentar crescimento e de o agronegócio registrar retração de 0,6% no ano. O resultado se deve principalmente ao fraco desempenho das agroindústrias e dos serviços no setor.

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Os custos da indústria brasileira não param de subir. O Indicador de Custos Industriais aumentou 2,9% no terceiro trimestre deste ano em relação ao segundo trimestre. Foi o quarto trimestre consecutivo de alta, informa o estudo divulgado quinta-feira, 10,  pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na comparação com o terceiro trimestre de 2014, os custos industriais subiram 11%, muito acima do aumento de 7,6% nos preços dos produtos manufaturados, o que reduziu a margem de lucro das empresas. Segundo nota da CNI, "nos últimos quatro trimestres, o aumento dos custos industriais vem sendo superior ao dos preços dos produtos manufaturados, o que indica uma perda de margem de lucro das empresas. Isso é uma consequência da crise econômica, que reduz a demanda, impedindo o repasse do aumento de custos para os preços".

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De acordo com a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os moradores das principais capitais do país estão pagando mais caro pelos produtos que fazem parte da cesta básica. Os preços subiram no mês passado nas 18 capitais de estados em que o levantamento foi feito. As quatro cidades que apresentaram os maiores avanços foram: Brasília (9,22%); Campo Grande-MS (8,66%), Salvador-BA (8,53%) e Recife-PE (8,52%). A menor correção foi observada em Belém-PA (1,23%). No Município do Rio de Janeiro a alta foi de 7,27%, e o custo foi de R$ 385,80. No acumulado do ano até novembro, o cenário é o mesmo: todas as cidades apresentando aumento. As maiores elevações ocorreram em Salvador (20,69%), Campo Grande (19,55%) e Curitiba (18,81%). As menores variações ocorreram em Belém (5,87%) e Goiânia (6,85%).

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De acordo com o Dieese, os produtos com predomínio de alta nos preços nas Regiões Centro-Sul em novembro foram tomate, açúcar, óleo de soja, arroz, café em pó, pão francês, carne bovina e batata. No Norte e Nordeste, o destaque foi para a alta da farinha de mandioca. A pesquisa do Dieese estimou que o salário mínimo necessário de um trabalhador, para suprir as necessidades básicas da família com quatro pessoas deveria ser de R$ 3.399,22, ou seja, 4,31 vezes superior do que o piso nacional de R$ 788.

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