Salve brenhas do Morro Queimado!

quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Foto de capa
Vista do Parque Estadual dos Três Picos

Nossas montanhas, como elas fazem parte de nossa história e de nosso inconsciente coletivo. Inicia na vila do Morro Queimado, nome pelo qual Nova Friburgo ficou conhecida nos primórdios de sua história. Tem esse nome em razão das montanhas das Duas Pedras localizadas na Fazenda do Morro Queimado, no qual se instalou o Núcleo Colonial dos Suíços. Apelidaram-na de Morro Queimado por causa da cor tisnada cinzenta das montanhas das Duas Pedras. As montanhas graníticas que caracterizam a geografia local dá essa aparência acinzentada que o vulgo denominava de “queimada”. Catarina, Porcelet, Maffort e Imperador, outras montanhas ganham nomes ao longo da história. As três primeiras em homenagem aos colonos suíços. A do imperador talvez pelo fato de D. Pedro II ter subido essa montanha, nos informa a tradição oral. Já se pensou que talvez as montanhas de Nova Friburgo formassem barreiras ao avanço de doenças contagiosas, como a febre amarela, que tinha surto epidêmico constante no Rio de Janeiro e matou boa parte da população vizinha de Cantagalo. Em pesquisa recente feita entre a UFRJ e o IBGE ficou constatado que os dois cumes mais altos da Serra do Mar são o Pico Maior (dos Três Picos) e o Pico da Caledônia, ambos localizados em Nova Friburgo. O primeiro, situado no Parque Estadual de Três Picos, conhecido como Salinas, com 2.366m, e o segundo com 2.257m, situado no bairro do Cônego. As montanhas da Serra do Mar são o alinhamento mais importante do Brasil em termos geográficos, com 1.500 quilômetros de extensão. O Pico Maior, sendo a mais alta montanha da Serra do Mar, coloca Nova Friburgo em destaque.

Há um interessante blog denominado de Croquiteca que tem por objetivo compartilhar informações e experiências sobre escaladas e divulgar o potencial que a região de Nova Friburgo possui para a prática do alpinismo. O blog traz uma foto incrível mostrando de forma didática a enumeração de vinte e cinco montanhas de Nova Friburgo. É quando nos damos conta do nosso potencial de montanhismo. Já o blog Dario do Nascimento traz uma informação impressionante no qual são enumeradas trinta e sete montanhas com as respectivas metragens, em que poucas ainda não foram mensuradas. Vale a pena a transcrição delas: Os Três Picos, Pico da Caledônia, Pedra do Capacete, Morro do Ronca-Pedra, Pedra Cabeça de Dragão, Pedra da Mariana, Pedra da Boa Vista, Pedra Garrafão, Pedra do Faraó, Pedra de São Caetano, Pedra da Babilônia, Pedra da Catarina Pai, Morro do Gato, Pedra do Chapéu da Bruxa, Pico da Sibéria, Pedra da Pirâmide, Pico do Von Veigl, Pedra Janela das Andorinhas, Duas Pedras, Pedra da Benfica, Pedra do Porcelet, Pedra da Catarina Mãe, Pedra do Eco, Pedra do Imperador, Pedra dos Maffort, Morro da Cruz, Pedra da Catarina Filho, Pedra Riscada, Pedra Eller, Pedra do Cão Sentado, Janeladas Andorinhas, Morro São João, Pico do Filó, Pedra de Santa Luiz e Morro do Shangrilá. Quando me deparei com essa relação me recordei da Pedra Riscada, em São Pedro da Serra, e das histórias orais de certas montanhas dessa região. No entanto, algo me deixa profundamente apreensiva. O Plano Diretor que será votado ainda esse ano traz um dispositivo que aumenta o gabarito dos prédios do centro da cidade, Olaria e Conselheiro Paulino. Um prédio que hoje pode ter no máximo cinco andares terá dez se esse dispositivo for aprovado pela Câmara Municipal. Com isso, perderemos o skyline, ou seja, a vista do alinhamento das montanhas no Centro, Olaria e Conselheiro Paulino. Nesses bairros não mais avistaremos as montanhas em virtude da barreira provocada pelos prédios de dez andares. É assustador! E mais assustador ainda é a informação que tive de que esse dispositivo será aprovado, pois já conta com a concordância da maioria da Câmara Municipal. Sem mais a dizer sobre esse quadro assustador, termino com “Canto a Friburgo” do poeta J. G. de Araújo Jorge, que escreveu em trova: “No cimo da montanha, em seu ninho florido, eis Friburgo! Um jardim suspenso, no alto erguido paragens de beleza infinita e de calma, onde respira o corpo, e onde repousa a alma. Cidade cujo nome é um símbolo e um troféu, parada de um caminho, a caminho do céu!”. 

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    Pico Maior, o mais alto da Serra do Mar

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    Alpinistas no cume da montanha do Parque dos Três Picos

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Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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