Imagine andar por uma cidade onde se respira arte por todos os cantos — essa seria a cidade ideal. Ter arte espalhada pelas ruas, praças e muros, em obras criadas por artistas que desenvolvem intervenções urbanas, através de desenhos e cores cravadas nas famosas e desagradáveis “cidades de pedra”.
Este é o principal tema abordado nesta edição, que misturou todo tipo de atividade gerada por indivíduos talentosos, na verdade, de crianças a jovens e adultos. Em Friburgo tem de tudo: atuações, trocas de livros, encenação de teatro, música e dança e atividades humanitárias. Tudo pensado, elaborado e colocado em prática por seus idealizadores e promotores. Artistas ou simples cidadãos e/ou entidades que sabem como criar algo inusitado e interessante em diversos espaços da cidade, ao ar livre ou no interior de prédios públicos, como hospitais.
Existem intervenções urbanas de vários portes e com finalidades diversas, indo desde pequenas inserções de adesivos, grafites, movimentos socioeducativos, instalações artísticas, painéis, monumentos. Em resumo, a noção desse tipo de intervenção é empregada, no campo das artes, com múltiplos sentidos, não havendo uma única definição para o termo. O que vale é a população aproveitar determinado espaço e ali expressar o que pensa, como pensa, como enxerga o seu entorno, que mensagem quer passar.
Transformando Nova Friburgo
Promover transformações ou reações, no plano físico, intelectual, sensorial e humanitário, faz parte de intervenções numa comunidade. A Feira Grátis da Gratidão, por exemplo, é uma intervenção de afeto e desapego, que acontece há cerca de dois anos na Praça do Suspiro, a cada último sábado do mês, às 10h30. Qualquer pessoa pode comparecer levando ou não um objeto que não precise mais. E se encontrar uma peça que goste, é só pegar e levar. Independentemente dessas trocas, também pode aparecer simplesmente para dar e receber um abraço.
A Árvore Que Dá Livros — montada na praça em dezembro, numa alusão ao Natal — é uma das manifestações culturais que vêm dando certo há quatro anos. Outros projetos são desenvolvidos pelas jovens Marina Werneck e Marina Costa, que estão preparando uma Kombi para levar arte e cultura a comunidades carentes, e pelo grupo de adolescentes formado por Clara Ruiz Ventura, Guilherme Couto e Emanuel Borges, que montaram uma geladeira de livros na rodoviária do centro da cidade.
A Superpão já patrocinou o projeto Pão e Poesia, da escritora Raquel Nader; o artista plástico, escultor e desenhista Mário Moreira contribui com seu talento pintando tapumes e muros da cidade, assim como o artista Diego Monnerat, já conhecido na cidade, deixou sua marca nos muros da sede do jornal A VOZ DA SERRA.
O Gama (Grupo de Arte Movimento e Ação), através de seu fundador, Julio Cezar Seabra Cavalcante — o Jaburu — decorou praças, pátios, ruas e escolas com uma mega exposição itinerante: dezenas de painéis com imagens antigas e atuais de Friburgo foram expostas durante um ano por todos os bairros da cidade, sempre ao ar livre.
O ator Nelmo Ricardo, falecido prematuramente em 2013, circulava pelas ruas da cidade fazendo performances e divertindo crianças e adultos.
Outro projeto da maior relevância é o Banda na Praça, com as centenárias Euterpe Friburguense e Campesina, que brindam o público com repertório que vai da música clássica à popular. Quanto ao rock, destacamos o músico João Vazio que promove concorridos shows na Praça Getúlio Vargas.
A arte embeleza a vida — e faz bem aos olhos. Toda cidade merece ser mais humana e mais bonita. Com tantos talentos em todas as áreas artísticas do município, por falta de espaço destacamos apenas uma pequena parcela de todo o universo de artistas e agentes culturais friburgenses. De qualquer forma, rendemos homenagens através destes aqui citados — e a todos que virão. A cidade agradece.
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