Preservar para evoluir

quarta-feira, 07 de outubro de 2015
por Jornal A Voz da Serra

A REVISÃO DO Plano Diretor do município vem sendo discutida pelo governo, técnicos especialistas e a sociedade organizada visando uma adequação sobre o planejamento urbano em todas as suas vertentes. Trata-se de uma iniciativa louvável para tornar Nova Friburgo mais humana e adequada à sua crescente população. E há muito que fazer.

NÃO É DESCONHECIDA da população a fama de Nova Friburgo como cidade turística e rodeada de matas e florestas e por conta da fama criou-se o mito da cidade-flor, que se constituiu ao longo dos anos. Cidade das hortênsias, capital dos cravos e outros significados criaram a mítica da beleza serrana — que o tempo hoje, infelizmente, não ajudou a preservar. A cidade foi se desfigurando ao longo dos anos e hoje não se apresenta mais tão encantadora aos olhos dos turistas e dos próprios friburguenses.

O RIO BENGALAS, transformado, não segue o seu trajeto pelo centro da cidade rodeado de flores, como há alguns anos. O concreto que tudo protege substituiu árvores e plantas existentes às suas margens, tirando a beleza e colocando a modernidade a serviço da população, protegendo as margens inseguras das enchentes que se formam na cidade.

A PRAÇA Getúlio Vargas foi descaracterizada em seu principal atrativo — os eucaliptos — que tornaram-na conhecida como “catedral dos eucaliptos”, mas que foi recentemente prejudicada com o abate e a poda indiscriminada das suas centenárias árvores. Hoje, aquele patrimônio aguarda projeto de reforma a cargo do governo federal, mas até a presente data nada foi apresentado.

OUTRO FATO lamentável está ocorrendo na cidade. Conforme mostra a reportagem publicada na edição de ontem de A VOZ DA SERRA, 250 árvores foram derrubadas ao longo da RJ-116 no trecho entre o centro da cidade e o distrito de Conselheiro Paulino para atender às obras de controle de inundação e recuperação ambiental do Rio Bengalas.  

COM A PRIMAVERA a cidade, paradoxalmente, oferece a possibilidade de reafirmar a imagem do município como um polo de floricultura de corte e que, nesta época do ano, pode mostrar aos turistas a sua importância econômica. A floricultura friburguense é um excelente negócio que pode ser ampliado com estímulos através de pesquisas agrícolas e incentivos financeiros, além da imprescindível vontade política dos governantes.

ACIMA DA beleza das flores, Nova Friburgo abriga importante nicho de Mata Atlântica, oferecendo inúmeros atrativos naturais e fonte de permanente pesquisa sobre sua fauna e flora. Macaé de Cima, Rio Bonito, Lumiar são localidades que abrigam florestas de altitude cortadas por rios não poluídos, de natureza exuberante, o que caracteriza o município como de alto interesse para a preservação ambiental e a implantação de um racional modelo de ecoturismo no Estado do Rio.

EMBORA COM tantos problemas, pode-se constatar que Nova Friburgo tem uma profunda relação com a natureza e isso deve ser mantido a qualquer custo. Trata-se de seu maior patrimônio, o que lhe possibilita a manutenção de uma ampla rede de serviços, alavancando a economia, gerando renda e empregos. A importância das flores, e da natureza, portanto, é maior que o perfume que exala. Significa a sobrevivência de milhares de pessoas e a perspectiva de uma melhor qualidade de vida para a população no futuro.

 

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