Gosto daqui, é tranquilo e, ao mesmo tempo, não estamos tão distantes de bairros maiores
“Hoje eu venho na Kombi da escola, mas antes andava do Rui Sanglard até aqui a pé. Meus filhos estudaram nessa escola e hoje meus netos fazem parte dessa turminha. Não troco esse trabalho por nada. Morei no Alto do Catete durante anos e só saí porque minha filha estava crescendo e precisava ficar mais perto da cidade para concluir os estudos”, conta tia Maria, um sorriso estampado no rosto.
Marilene Leal, de 51 anos, é professora, mora em Cordeiro, mas há pelo menos três anos é colega de trabalho de tia Maria e tem investido suas manhãs para ensinar as crianças. “A Lina Rosa dos Santos é uma escola multisseriada que atende 16 crianças da comunidade. Alguns alunos caminham cerca de uma hora até chegar ao local onde a Kombi vai buscar e, mesmo assim, chegam aqui com muita vontade de aprender. Como podemos não nos encantar com isso? Confesso que já pensei em mudar de trabalho, para ficar mais perto de casa, mas no mesmo dia recebi uma mensagem de uma mãe agradecendo por ter ensinado seu filho, com dificuldades de aprendizagem, a ler e escrever. Fiquei muito emocionada com aquilo e me convenci de que aqui é o meu lugar”, diz Marilene.
Alcenyr da Rosa Parede é um senhor de 62 anos que também traduz a simplicidade, simpatia e união da população do Alto do Catete. Desde seus sete anos ele mora no bairro, há 27 trabalha cuidando da estrada e há pouco mais de dois anos resolveu se voluntariar e se tornou zelador da escola municipal. “Gosto daqui, é tranquilo e, ao mesmo tempo, não estamos tão distantes de bairros maiores, como Conselheiro Paulino. Nos falta um posto de saúde, mas somos uma comunidade rural privilegiada porque temos associação de moradores com sede própria, temos água de nascente que, apesar da seca, consegue abastecer as casas, temos iluminação nas ruas, uma mercearia e o ônibus passa algumas vezes por dia”, diz.
A localidade do Alto do Catete é cortada pela Estrada Francisco Luiz Zebende, a cerca de 10 quilômetros do centro de Nova Friburgo, e possui dois acessos pela RJ-116. Asfalto e paralelepípedo só existem em pequenos trechos, que chegam a ter menos de 500 metros, o que é um problema nos dias de chuva. A maioria das propriedades que encontramos pelo caminho é de sítios e ranchos, por isso, muitos moradores trabalham como caseiros. Não existe um posto de saúde e nem uma escola que possa atender alunos que já chegaram ao ensino fundamental ou médio. Apesar disso, o Alto do Catete nos chama mais atenção por seus inúmeros aspectos positivos como a limpeza, a bela vista cercada pelo verde e a tranquilidade invejável.
Alcenyr da Rosa Parede
Deixe o seu comentário