Lançada comercialmente no Brasil em maio deste ano, a vacina anti-Meningocócica B, internacionalmente conhecida como BexseroTM, já está em falta no mercado nacional. O desabastecimento provocou surpresa, principalmente pelo alto custo da vacina que não está disponível no SUS e é oferecida apenas em clínicas particulares ao preço de R$ 1.200 as duas doses. A situação fez com que algumas clínicas do país divulgassem esclarecimentos aos clientes sobre possíveis atrasos no esquema vacinal.
A principal explicação para a falta do produto é que a demanda projetada foi baseada no histórico de lançamentos anteriores e indicadores atuais de mercado. No entanto, devido à importância epidemiológica da doença meningocócica no país, surtos recentes e a ótima aceitação da vacina pelo mercado privado brasileiro, a procura pelo produto foi muito superior à expectativa inicial e as premissas estabelecidas anteriormente.
O laboratório Glaxo Smith Kline (GSK), responsável pela produção da vacina no país, também emitiu comunicado quanto à falta momentânea do produto. “Estamos trabalhando intensamente para assegurar uma rápida regularização dos nossos estoques locais e devida adequação à demanda do mercado brasileiro, buscando reduzir as limitações no fornecimento atual e minimizar o risco de futuras novas rupturas”, diz um trecho da nota, datada de 23 de julho.
Até que a situação se normalize, algumas clínicas não estão aplicando primeiras doses enquanto outras continuaram vacinando os clientes normalmente enquanto havia estoque do medicamento. É o caso da Prophilaxis Clínica de Vacinação, que possui unidades em várias capitais e municípios do país, inclusive Nova Friburgo, onde o medicamento também está em falta conforme apurado pela equipe de reportagem. A empresa divulgou nota esta semana sobre o problema. “Na ausência de qualquer comunicado do fabricante ou órgãos reguladores de que iria ocorrer o desabastecimento da vacina, a Prophilaxis se sentiu desautorizada em reservar aleatoriamente doses de vacinas para esquemas em andamento e, com isto, recusar atendimento enquanto havia estoque disponível da vacina. Escolher a quem vacinar não nos parece ético nem é condizente com as normas que regulamentam a vacinação contra doenças transmissíveis”, afirma um trecho do comunicado divulgado pela rede de clínicas.
Na nota do laboratório GSK, a recomendação às clínicas é priorizar o atendimento. “Neste período, do ponto de vista de assistência à saúde, e visando dar seguimento aos diferentes esquemas posológicos recomendados pelas Sociedades Médicas no país, acreditamos que a priorização dos esquemas vacinais já iniciados em lactentes, com manutenção da 2ª dose, seja o caminho mais indicado.
Vale destacar que os comunicados tranquilizam os pacientes que tomaram apenas uma dose da vacina antimeningocócica B até o momento. Isso porque os atrasos no protocolo vacinal não comprometem a proteção final ao se completar o esquema, segundo dados do fabricante.
Um pouco mais sobre a doença
A meningite é uma inflamação de uma das membranas que envolvem o cérebro e costuma atingir crianças menores de 5 anos. Essa doença pode surgir por bactérias (o meningococo), a mais grave, ou por vírus. Entre os tipos de meningite meningocócica estão a A, B, C, W e Y. A patologia costuma ser transmitida por meio do contato direto com pessoas contaminadas, seja por beijo, tosse ou espirro. Entre os sintomas da doença estão febre alta, dor de cabeça, vômitos, rigidez na nuca, manchas na pele, desânimo e moleza no corpo. No SUS, é possível se vacinar contra os tipos A, C, W e Y.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 17 mil pessoas foram contaminadas com a doença no ano passado, sendo 146 com o tipo B, o mais fatal de todos. Já a C seria responsável por 70% dos casos da doença meningocócica no país, o que requer maior necessidade de prevenção.
Deixe o seu comentário