O jornal inglês The Guardian publicou no último domingo, 26, uma matéria sobre o momento difícil pelo qual atravessa o setor de moda íntima de Nova Friburgo, principalmente para os pequenos empresários. O município é visto como um exemplo local das adversidades que os brasileiros enfrentam hoje para superar a crise econômica do País — “a pior recessão em 25 anos”, afirma o periódico.
Não é a primeira vez que Nova Friburgo é matéria do jornal inglês. A cidade, aliás, foi assunto do The Guardian em pelo menos duas outras ocasiões: durante a Copa do Mundo, o Jardim do Nêgo figurou em uma lista de dez destinos turísticos a serem visitados no Brasil; e mais recentemente, a ordenação à revelia do Vaticano de bispos em um mosteiro na Janela das Andorinhas despertou o interesse do veículo inglês.
Bruce Douglas, jornalista que assina a reportagem — intitulada “Lingerie capital of Brazil feels the pinch as recession deepens” (“Capital da lingerie do Brasil sente o aperto com o agravamento da crise”) — inicia o texto com depoimentos de lojistas do polo de moda íntima de Friburgo, que em sua maioria apontam insatisfação com o recente cenário econômico brasileiro. Uma das entrevistadas, inclusive, afirma não estar mais comprando estoque, e que vende somente a mercadoria que tem disponível em sua loja. Ela pensa em deixar o ramo.
Porém, segundo a matéria, o setor de lingerie é um dos poucos no Brasil ao qual se espera crescimento econômico em 2015. A fonte consultada pelo Guardian é a Iemi, empresa brasileira que realiza estudos de mercado. Entretanto, esta não é a realidade enfrentada especialmente pelos pequenos empresários de Friburgo. Marcelo Prado, presidente do Iemi, comenta na matéria sobre as dificuldades de pequenas empresas em momentos de crise econômica. Segundo ele, são elas que mais sofrem. Quem tem mais poder de investimento pode, além de segurar o baque da crise, apostar em produtos especializados e mais sofisticados.
O presidente da Sindvest (Sindicado das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo), Marcelo Porto, também foi entrevistado. Ele reconhece as dificuldades atuais do setor, assim como a crescente competição com a China, porém cita, em consonância com a avaliação do presidente do Iemi, as transformações ocorridas dentro do polo de moda íntima de Nova Friburgo com a adoção de novas técnicas e novas tecnologias, o que resultou na produção de mercadorias de qualidade mais elevada. Para quem tem à disposição este capital, o cenário não seria tão ruim.
No momento em que o município se prepara para a Fevest (Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-Prima), a ser realizada de 2 a 4 de agosto, a palavra mais citada é justamente essa: reinvenção — aliás, se tornou um lema quase oficial desta edição da Feira, refletida nos discursos de lançamento do evento.
“Esse é o momento que o setor tem para se superar e quem está indo por esse caminho já está aparecendo mais para mercado. O polo já se reinventou por várias vezes, passou por todos os tipos de situações e hoje eu tenho certeza que o que vai fazer a diferença é exatamente a capacidade de se adequar, e Nova Friburgo é o que é justamente por essa capacidade”, disse Marcelo Porto durante o lançamento da Fevest.
Na mesma cerimônia, a presidente da Representação Regional Firjan/Cirj no Centro-Norte Fluminense, Márcia Carestiato Sancho, comentou sobre a alta do dólar como oportunidade de negócios e reforçou o apoio da Firjan aos empresários friburguenses do setor: “Com o dólar alto, é uma boa estratégia investir em exportação. É o momento de os empresários se inserirem nesse mercado. A Firjan, através do Centro Internacional de Negócios (CIN), pode apoiar mais esse movimento”.
Leia aqui a matéria completa do The Guardian, em inglês.
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