Um dos destaques deste primeiro fim de semana do Festival Sesc de Inverno 2015 é o show da consagrada cantora Gal Costa. Considerada uma das principais vozes da MPB, ela se apresenta neste sábado, 25, no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura e promete encantar o público. Acompanhada pelo guitarrista Guilherme Monteiro, a cantora mostra seus clássicos no show intimista “Espelho d’água”. O repertório foi escolhido a quatro mãos pela cantora e pelo jornalista Marcus Preto, que também divide com Gal a direção do espetáculo. Nesta entrevista exclusiva concedida ao Caderno Light — que contou com a valiosa colaboração de nosso colunista Lucas Vieira, de Discopédia — Gal fala um pouco de sua trajetória artística e do que reserva o show deste sábado. Confira:
A VOZ DA SERRA: Em Domingo (1967) você cantava com aquela voz doce, suave. No Festival da Record, com “Divino Maravilhoso”, sua maneira de cantar já era mais aberta, mais forte, com características de uma cantora de rock. Como se deu essa transição no início da sua carreira?
Gal Costa: Não só no início da minha carreira, mas durante toda ela eu gosto do ousar, de mudar, de criar rupturas entre um trabalho e outro. Gosto de criar novos caminhos e cantar coisas novas.
Em Recanto (2011) e Recanto Ao Vivo (2013) você trabalhou com diversos artistas jovens que contribuíram para que esse projeto ficasse com uma sonoridade moderna. Como foi trabalhar com essas pessoas e de quem veio a ideia de repaginar seus antigos sucessos?
Eu gosto de gravar o que me emociona, que me bate, sem me preocupar com rótulos ou com a idade dos compositores. Eu gosto de ousar, de criar rupturas na minha carreira. E ao mesmo tempo misturar isso com a maneira que eu fazia antes, de forma harmônica. Eu gosto de dar saltos na minha carreira, de mudar. E tanto Recanto, quando o Estratosférica agora, representam isso.
Seu show em Nova Friburgo “Espelho d’agua” é mais intimista. O que podemos esperar da Gal acompanhada só do violão?
O show “Espelho d’água” nasceu em São Paulo, quando fui convidada para um show intimista no Teatro Safra. Eu já tinha o show acústico correndo paralelo com a turnê do Recanto, mas estava cansada das músicas que vinha fazendo e queria mudar. Aí sentei com o Marcus Preto, que dirige o show comigo, e fomos escolhendo um novo repertório para este formato. Ele trouxe todas as capas dos meus discos e fomos assinalando as músicas que queríamos gravar. Eu dizia o que gostava, ele mostrava o formato que ficaria legal e sugeria outras canções também. A ideia nesse show é revisitar grandes músicas e grandes momentos da minha carreira.
Agora em maio você lançou “Estratosférica”, que tem sido muito bem acolhido pela crítica. Conte-nos sobre a realização desse álbum. Como você e os músicos chegaram naquele som que ouvimos no CD?
Eu queria que esse disco tivesse uma pegada mais eletrônica, com arranjos mais rasgados e com a estranheza dos arranjos gravados no estúdio. A ideia era continuar a trilha e o caminho que Recanto seguiu de ruptura, renovação, de mais um salto na carreira. Eu gosto de ousar e o Marcus Preto sabe disso. Ele foi o responsável pela caça ao repertório. Ele foi pedindo músicas aos compositores que conhecia, que gostava, e eles foram mandando. Nós ouvimos tudo e escolhemos juntos as músicas que estão no disco. Eu queria gravar um repertório novo, de gente jovem ou de uma geração que está há muito tempo na carreira, mas que eu não tivesse gravado. Eu acho rótulos péssimo, não gosto de classificar o estilo desse disco. Acho que ele é uma mistura de MPB, rock e pop. É um disco próprio, com muita mistura. É basicamente um álbum com uma linguagem moderna, fresca e ousada.
Qual sua expectativa para o show deste sábado em Nova Friburgo pelo Festival Sesc Rio de Inverno? Como é se apresentar para um público fora das grandes metrópoles?
A expectativa é a melhor possível. Eu adoro fazer o show “Espelho d’água” e tenho viajado muito com essa turnê. Fico feliz em poder levá-lo para Nova Friburgo.
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