Com apenas 18 anos de idade ela já realizou o sonho de muitos atletas do continente americano. O fato de participar da delegação brasileira que disputa os Jogos Pan-Americanos de 2015 em Toronto, no Canadá, já seria motivo de comemoração. Mas a friburguense Jhennifer Alves provou ter condições de ir além. Com os mesmos pés que a conduzem em perfeito equilíbrio com as mãos e o restante do corpo pelas piscinas, ela deu um passo rumo ao pódio do segundo maior evento poliesportivo do planeta.
A medalha de bronze conquistada no revezamento 4x100 medley na noite do último sábado, 18, coloca o nome da atleta de Nova Friburgo na história dos Jogos Pan-Americanos. E consolida a transformação da jovem revelação das piscinas friburguenses em uma grata realidade do esporte nacional.
A decepção de Jhenny na sexta
A mesma noite que consagrou a companheira de quarto na Vila Pan-Americano, a pernambucana Etiene Medeiros — que conquistou recorde sul-americano e tornou-se a primeira mulher da América do Sul a quebrar a barreira do minuto nos 100 metros costas —, teve sabor de quero mais para Jhennifer Alves. Classificada para a grande final dos 100 metros na manhã de sexta-feira, 17, a friburguense voltaria às piscinas na noite daquele mesmo dia. Apesar das expectativas, um deslize comprometeu o desempenho da atleta. Segundo a arbitragem a nadadora de Nova Friburgo cometeu um erro no movimento com as mãos, com o toque alternado na virada dos 50 metros. Desta forma, ela acabou desclassificada da prova.
“Primeiramente quero dizer a todos muito obrigado pelas palavras e pela força de todos. Confesso que fiquei super triste, por mais que meus fundamentos não sejam tão bons, isso nunca aconteceu, essa virada é quase impossível de se errar, pois o próprio nado leva as duas mãos juntas à frente. Mas é isso, infelizmente aconteceu. Levo comigo agora essa frase: ninguém é digno do pódio se não usar seus fracassos para conquistá-lo. Bola pra frente, cabeça erguida e vamos que hoje a noite tem revezamento”, escreveu em uma rede social.
A consagração
Jhenny tinha razão quando disse, em tom de esperança, que ainda havia a prova do revezamento. Acompanhada de três atletas de Seleção — Daynara de Paula, Larissa Martins e Etiene Medeiros —, a friburguense fez história e teve importância fundamental na prova que consagrou o quarteto. Jhennfer Alves foi a segunda nadadora brasileira a cair na piscina com o nado peito, segunda ela, a sua especialidade. O objetivo de baixar o tempo foi alcançado, e de forma considerável: de um minuto, nove segundos e 35 milésimos para um minuto, oito segundos e 50 milésimos. Etiene Medeiros piorou mais de um segundo em relação à marca que havia feito na vitória dos 100 costas, abrindo o revezamento com um minuto e 65 milésimos. Daynara de Paula obteve 58 segundos e 41 milésimos, e Larissa Oliveira fechou com 54 segundos e 96 milésimos.
O tempo total da equipe do Brasil foi de quatro minutos, dois segundos e 52 milésimos. Na mesma prova, os Estados Unidos conquistaram a medalha de ouro com direito a recorde da prova na competição (3min56s53), seguidos pelo Canadá, que ficou com a prata.
No pódio, a nadadora de Nova Friburgo estava visivelmente emocionada. Ela foi abraçada pelas companheiras, que reconheceram o talento da caçula da delegação brasileira de natação. Após o Pan-Americano de Toronto, Jhennifer Alves viaja para a disputa do Mundial de Natação em Kazan, na Rússia, que acontece entre o fim de julho e o início de agosto. O evento terá transmissão ao vivo pelo canal Sportv.
A emoção da família - Pelas redes sociais, pais e irmã de Jhenny vibram com resultado
Durante a sexta e o sábado de competições nos Jogos Pan-Americanos, as atenções dos friburguenses se voltaram para as piscinas de Toronto. Lá estava a representante de Nova Friburgo, Jhennifer Alves, em busca do feito histórico. Depois da desclassificação na sexta-feira, a glória no sábado com a conquista do bronze no revezamento 4x100 medley.
Através das redes sociais, inúmeras manifestações exaltavam o feito da atleta. No entanto, nenhuma foi mais especial que a comemoração dos parentes de Jhenny. A mãe, Patrícia Alves, exaltou a fé para vibrar com o momento. “As orações da Jhennifer e a minha deram certo. Deus é maravilhoso. Ela nadou e foi desclassificada, mas Deus permitiu o melhor tempo nacional e a quebra de barreira na eliminatória. Nadou abaixo do um minuto e nove segundos”, enalteceu.
Já o pai, Jair Conceição, preferiu lembrar a parte técnica e a melhora do tempo para parabenizar a atleta de apenas 18 anos. “Filha, você está de parabéns pela grande marca, e o objetivo alcançado de baixar o tempo. Também é através de nossos erros que conseguimos crescer. Mais uma vez eu vi o quanto você amadureceu, e sei que vai vir com as convicções no que tem que melhorar. Parabéns, e agora é focar no mundial de Kazan”, afirmou.
Irmã mais velha, Brenda Alves revela ter recebido a ligação de Jhennifer logo após a prova. Ansiosa pelo retorno da atleta, ela descreve toda a expectativa da família por recebê-la de volta. “Aí você recebe a ligação que esperava no dia. A saudade está tão grande que nem a maquiagem a pessoa tira direito pra falar com a minha anjinha. Estou orgulhosa de você, parabéns, você merece. Volta logo! Te amo, irmã mais linda desse mundo.”
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