Tamanho do mar

sábado, 18 de julho de 2015

estou com saudade de escrever para os amigos ser um pouco mais deselegante e soltar meus palavrões de sempre, escrever amenidades no facebook, sem lâmina que me dilacere, sem peso, sem urgencia sem ter que rimar, botar ponto botar vírgula, sem ter necessidade de voltar o cursor do celular ali atrás e colocar circunflexo em urgência (poder fazer um parêntese e contar que pensei primeiro em escrever chapeuzinho do vovô mas sou uma moça crescida agora e preciso aprender a falar direito, igual gente, como dizia mamãe, toda circunflexa)odiava ter que fazer as coisas igual gente – géssica senta igual gente, géssica come igual gente, géssica isso não é roupa de gente – talvez eu não fosse mesmo gente, será que ela nunca parou pra pensar nisso? não sou dessa gente que se porta e que tem postura, eu tomo caldo no mar, saio com a cara de um capeta em pleno processo de expulsão, não sei nadar e penso que vou morrer só de botar o pé na onda, eu derrubo coisas, sabe, falo alto, minhas sacolas arrebentam, eu sento no degrau do ônibus às seis da tarde, coisa que eu mais devo ter pago (pago ou pagado, nunca sei) na vida é calcinha pra passageiro de ônibus, não me porto mesmo

sou deselegante tanto de religião quanto de ideologia, tivesse eu um pouco mais de compostura, não escrevia essas coisas, não contaria defeitos, eu seria a Ilze Scamparini, você nunca verá Ilze Scamparini reclamona, chata, ciumenta, com fome, com tédio, com frio, aquilo que é elegância, eu como hambúrguer na mesa do trabalho e ando muito mal de saltob alto, eu sou uma ogra, por isso não estou na Itália cobrindo papas aqui na coluna tento ser escritora dessas que a gente vê em foto bonita, cheia de pose, então floreio texto finjo compostura, mas hoje deu saudade de algo que não sei dar o nome, saudade de ser leve como quem está entre amigos falar palavrão mesmo já sendo moca crescida, do tamanho do mar, sem caber em rima [cacete, esqueci o cedilha]

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Ana Blue

Blue Light

O que dizer dessa pessoa que a gente mal conhece, mas já considera pacas? Ana Blue não tem partido, não tem Tinder, é fã de Janis Joplin, parece intelectual mas tem vocação mesmo é pra comer. E divide a vida dela com você, todo sábado, no Blue Light.

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