As calçadas da Rua Arnaldo Bittencourt, atrás do Clube de Xadrez, na Praça do Suspiro, já estão sinalizadas — com o meio-fio pintado de amarelo e placas que informam que o estacionamento é exclusivo para os ônibus intermunicipais. A partir da meia-noite deste sábado, 11, os coletivos que vêm do Terminal Rodoviário Norte, em Duas Pedras, estão autorizados a embarcar e desembarcar passageiros no local. A novidade vai aumentar o fluxo de veículos na residencial Rua General Osório, no centro de Nova Friburgo. Após partirem do novo ponto, os coletivos seguirão pela via com destino às cidades do Centro-Norte do estado.
“Imagine essa rua com esse monte de carros estacionados, caminhão descarregando carga para os comércios, ônibus da Faol e agora esses ônibus enormes? Eu espero que tenham fiscais para arrumar a bagunça”, disse Silvia Araújo, que mora há mais de 20 anos na Rua General Osório. A via está em uma área nobre da cidade, e é cercada por casas, apartamentos, escolas públicas e privadas, hospitais e clínicas, além de comércios variados. Por isso, a rua é muito movimentada e está sempre ocupada por carros estacionados próximos às calçadas. Na manhã desta sexta-feira, 10, caminhonetes estavam paradas em fila dupla na rua.
Os outros dois pontos exclusivos para ônibus intermunicipais provenientes do Terminal Sul, na Ponte da Saudade, não estão totalmente sinalizados. As duas linhas operadas pela Viação 1001 — Nova Friburgo x Cachoeiras de Macacu e Rio das Ostras x Macaé — farão ponto somente para desembarque na Rua Coronel Zamith, próximo à Igreja São Bento Abade, debaixo do viaduto, no Bairro Ypu. No local, ainda não há sinalização para esses ônibus. Na Alameda João Torres Xavier, ao lado da Igreja Luterana, onde será realizado somente o embarque dos passageiros destas duas linhas, a faixa amarela sobre o meio-fio já foi pintada, mas não há placas de sinalização. Os ônibus provenientes do Rio de Janeiro, conforme já acontece, só farão ponto na rodoviária sul.
No início da semana, o secretário municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu), Haroldo Pereira, disse que os abrigos dos novos pontos serão construídos pelas empresas que operam os ônibus intermunicipais. O secretário da Smomu ainda explicou que os coletivos devem ficar parados nos pontos pelo tempo máximo de cinco minutos para evitar filas. Para isso, os representantes das empresas concordaram que todos os coletivos terão um cobrador para evitar que o motorista tenha que cobrar a passagem.
As vans também terão pontos para parada no Centro, mas ainda não foram divulgados os locais pela Prefeitura.
Em nota enviada nesta sexta-feira, 10, a Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) informou que haverá fiscalização nos novos locais de parada, bem como na Rua General Osório. “A fiscalização será realizada tanto pela referida secretaria quanto pelo Departamento de Transportes Rodoviários (Detro). Quanto aos novos abrigos, a secretaria informou que não pode fixar prazos, já que a construção dos mesmos está a cargo das empresas de ônibus”, esclarece o texto.
Mas a polêmica envolvendo os coletivos intermunicipais ainda não acabou. Está em andamento no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) um inquérito civil, provocado em maio pelo vereador Professor Pierre, para investigar a legalidade do decreto municipal de 1998 que proibiu as paradas desses coletivos no centro de Friburgo. Nesta semana, o MPRJ informou que a 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo aguarda informações dos órgãos competentes e das partes envolvidas nessa questão para dar continuidade ao processo.
Comerciantes da rodoviária norte estão pessimistas
A implantação dos novos pontos do transporte intermunicipal no Centro agradou usuários dos coletivos, mas a medida afetará negativamente os comerciantes da rodoviária norte. Em junho, eles registraram um aumento de cerca de 25% nas vendas depois que os passageiros tiveram que a embarcar e desembarcar no terminal. “Apesar de muitos passageiros descerem dos ônibus intermunicipais e embarcarem direto no ônibus da Faol, a minha loja registrou nas últimas duas semanas crescimento de 70% nas vendas. No último mês cresceu uns 20%. Mas eu acredito que as vendas cairão nos próximos meses por causa da mudança”, lamentou o empresário Antonio Teixeira, dono da G1, uma loja de roupas localizada no terminal.
O dono da lanchonete Princezinha, René Tadeu Oliveira, também não está otimista. “Certamente as vendas vão cair de novo. E com essa crise...”, disse o empresário, que trabalha no local há mais de 25 anos. Ele ainda reclamou da administração da rodoviária. “O pessoal critica que o terminal não tem capacidade de receber tantos ônibus, mas tem sim. O que falta é um fiscal de plataforma para evitar que os ônibus fiquem parados por muito tempo no terminal”, observou.
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