O que era apenas um sonho há alguns anos tornou-se realidade em 2015. Pela primeira vez em toda a história, Nova Friburgo terá uma representante nos Jogos Pan-Americanos, o segundo maior torneio poliesportivo do planeta, atrás apenas das Olimpíadas. A responsável pela façanha é a jovem Jhennifer Alves, nadadora de apenas 18 anos de idade. Atleta do Flamengo desde 2011, “Jhenny” disputará as provas dos 100m peito e revezamento 4x100 medley em Toronto, no Canadá.
“A ficha ainda não caiu. Acho que vou acreditar de fato apenas quando eu estiver lá no Canadá, ao lado de grandes nomes da natação mundial. A expectativa é brigar por uma medalha. Não vou apenas para participar”, garante.
De fato, a ficha deve ter começado a cair nesta quarta-feira, quando Jhennifer embarcou com a Seleção Brasileira para o Canadá. Os esportes aquáticos do Brasil serão representados por 81 atletas. São nove do nado sincronizado, oito dos saltos ornamentais, 35 da natação, três das águas abertas e 26 do polo aquático. Os Jogos Pan-Americanos de 2015 serão realizados entre os dias 10 e 26 de julho. Aproximadamente seis mil atletas dos 41 Comitês Olímpicos Nacionais das Américas são esperados para competir em 36 esportes. A friburguense cai na piscina para a disputa da primeira prova no dia 14.
Orientação médica vira profissão
A friburguense Jhennifer Alves começou a nadar por indicação médica. Os problemas respiratórios aos poucos foram superados, e deram lugar ao talento cada vez mais evidente a cada competição disputada. A partir de uma delas, a nadadora percebeu que o esporte poderia ser muito mais do que apenas o caminho para curar uma doença. “Participei de um campeonato pela Acquafitness, e consegui me sobressair. A partir dali eu quis encarar a natação como algo pra minha vida, e tive o apoio dos meus treinadores”, recorda.
Pouco tempo depois, Jhenny participou de uma seletiva no Flamengo e logo conquistou espaço nas piscinas da Gávea. Após a conquista de uma prata e um ouro no Open de 2014, nas provas de 100 metros peito e 50 metros peito, respectivamente, a atleta repetiu o feito no Troféu Maria Lenk deste ano, garantindo vaga no Pan-Americano de Toronto. De quebra, confirmou a participação no Mundial de Kazan, na Rússia, que será realizado logo depois do Pan. Pouco menos de um décimo e meio a separa de alcançar o sonho olímpico.
Pelo Flamengo, a nadadora alcançou as medalhas de ouro no Brasileiro Junior, ouro e prata no Troféu Maria Lenk e o título da Taça Sulamericana Juvenil — isto tudo em apenas um ano. No Sul-Americano, realizado este ano no Peru, a atleta de Nova Friburgo conquistou mais três medalhas importantes com a Seleção Brasileira Juvenil. A principal foi o ouro nos 100m peito, com o tempo 1m10s78, um novo recorde para a prova.
“Eu adorei participar do Sul-Americano e poder defender o Brasil. Eu sempre sonhei em participar da seleção, mas não imaginei que a oportunidade ia aparecer tão rápido. Fico imaginando que as próximas competições serão ainda melhores. Isto me motiva a treinar muito mais. Estou muito focada nos treinamentos e busco sempre me dedicar muito para poder ajudar mais o Brasil. Já estou ansiosa e espero que as competições cheguem logo”, comentou.
“Estou super feliz com a conquista das vagas. A ida para o Mundial me deixa ainda mais feliz porque é onde nós vamos tentar vagas para as Olimpíadas. É quando vou estar ao lado dos melhores nomes da natação brasileira feminina no revezamento. Sempre foi meu sonho estar nessas duas competições e agora está sendo possível. Não imaginava que seria tão rápido assim. Mas aconteceu, então vamos treinar cada vez mais para que venham ainda mais classificações.”
Além de representar Nova Friburgo, Jhennifer será a única representante feminina do Rio de Janeiro. Além de Jhenny, o estado terá apenas Luiz Altamir Lopes Melo, também do Flamengo, integrando a Seleção Brasileira de Natação.
Uma rotina nada fácil
Para se tornar uma atleta de alto rendimento, Jhennifer Alves precisou abrir mão de inúmeros outros aspectos de sua vida. Inclusive de sua adolescência, como ela própria costuma afirmar. A rotina absolutamente regrada inclui musculação e treinos na piscina às segundas, quartas e sextas-feiras. Às terças e quintas, realiza uma dobra pela manhã e um treino à tarde, ritual que é repetido também aos sábados. “Só tenho mesmo o domingo para descansar. Também faz parte da rotina de um atleta”, brinca.
A jovem deixou Nova Friburgo para morar no Rio de Janeiro há quatro anos, e desta forma abriu mão de todo o conforto em busca do sonho de competir profissionalmente. As dificuldades iniciais de adaptação e a saudade de familiares e amigos foram obstáculos a mais, que precisaram ser superados com determinação e força de vontade. “Em alguns momentos a gente pensa até em desistir. É muito complicado, mas consegui superar tudo isso. Hoje está comprovado que valeu a pena” analisa.
Nos últimos meses, desde a confirmação da vaga no Pan-Americano, todo o trabalho foi intensificado. Jhennifer leva a sério a rotina de atleta, e mesmo com apenas 18 anos de idade evita as festas para procurar ter a melhor alimentação e um bom sono. “Abri mão da minha adolescência em busca dos objetivos. Não é fácil”, comenta. O aumento da intensidade dos treinamentos e dos cuidados é diretamente proporcional à expectativa de brigar por medalhas em Toronto.
“A expectativa é muito grande, pois quero muito ter essa experiência, mesmo sendo a caçula da Seleção. É uma experiência profissional e também pessoal. O Pan-Americano será transmitido ao vivo pela TV Record e pelo Sportv. Peço a todos que acompanhem e torçam por mim. Quem sabe não conseguimos um feito histórico pra nossa cidade?”
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