O ciclista Everson Bruno Macário, de 32 anos, morreu no sábado, 4, no Hospital Municipal Raul Sertã. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a causa da morte foi politraumatismo grave. O homem estava internado desde segunda-feira, 29, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital depois de se ferir em um acidente no viaduto da Avenida Geremias de Mattos Fontes, no Paissandu.
De acordo com testemunhas, Everson, mais conhecido como "Versinho", pedalava entre os veículos quando foi surpreendido pela porta de um carro de passeio que foi aberta repentinamente. Ele teria freado para tentar se desviar do carro e foi então atingido por outro veículo. O ciclista foi arrastado pelo carro até a entrada do Sanatório Naval. Everson foi socorrido pelos Bombeiros e internado em estado gravíssimo no Raul Sertã.
Amigos de Everson enviaram um texto em sua homenagem ao jornal A Voz da Serra através do vereador Professor Pierre, publicado abaixo:
Versinho, uma mensagem
Neste dia 4 de julho de 2015, deixou-nos uma mensagem EVERSON BRUNO MACÁRIO, carinhosamente chamado pelos amigos da Vila Amélia, VERSINHO.
E como fora poética e alegre sua vida, na verdade toda uma história contida em um poético verso, VERSINHO; brincalhão, gostava de zoar os colegas, mas sempre com um sorriso amigo estampado no rosto, bom cozinheiro, amante do reggae e fiel realizador do que pregam tantos ritmos desse gênero musical, como um de seus mais famosos hinos, entoado por Jimmy Cliff: “Reggae night / and we’ll be jammin ‘till the morning light” (“Noite de reggae/ e dançaremos até de manhã”), além da emblemática canção de Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza das respostas das crianças:/ É a vida! É bonita e é bonita! / Viver e não ter a vergonha de ser feliz...”
VERSINHO é-nos uma mensagem de alegria e do bem-viver, como também de reflexão sobre a fugacidade da vida e do quanto ela pode valer 1 segundo. E perplexamente, logo na semana em que o planeta ganhou um segundo, em virtude de suave lentidão em seu processo de rotação, causada por hecatombes climáticas e abalos sísmicos diversos, 1 segundo, apenas 1 segundo foi total para marcar a presença ou ausência física desse guerreiro, amante da vida e do reggae, entre nós.
Parece inacreditável... Em uma das reportagens sobre o ganho de 1 segundo, pessoas entrevistadas foram indagadas sobre o que fariam com aquele 1 segundo a mais. As respostas foram as mais variadas e as mais triviais.
Entretanto, o que ocorreu com VERSINHO num rotineiro final de tarde, saindo do trabalho, sob uma bicicleta, no viaduto Geremias de Mattos Fontes, fora causado como poderia ser evitado em 1 segundo. Uma porta de carro que se abre no ritmo acelerado de nossas vidas — friso, poderia ser qualquer um de nós — que, se fosse antecedida de 1 segundo para olhar o espelho retrovisor, não teria gerado tamanha e dolorosa sequência de acontecimentos que não me cabe e nem quero aqui descrever.
Durante o velório, a presença de centenas de familiares e amigos... Durante o translado do corpo do Memorial SAF até o cemitério São João Batista, passando antes pela querida Vila Amélia, de nossos primeiros anos, muitos carros enfileirados piscavam... Durante o enterro, a impressionante mensagem de VERSINHO: no momento potencialmente mais árido e doloroso do itinerário da morte, a história de vida de um jovem adulto de 33 anos, os mesmos 33 anos de Cristo, incrivelmente brotou das vozes dos amigos e familiares, das cordas do violão e das palmas ritmadas: uma canção a Deus, em ritmo de reggae, entoada pelos companheiros e acompanhada pelos presentes, envolveu o espaço de dor em espaço de alegria; o peso da morte em leveza da vida que a vence e persevera. Apesar da insistente tristeza, quão belo foi aquele momento, porque intensa também foi a história de vida de VERSINHO, cujo legado nem a morte foi capaz de abafar, ainda que em lágrimas e na contumaz dor de ver o “amigo partir”, na saudade que ficará.
Assim, VERSINHO não morreu, deixou-nos uma MENSAGEM de vida e de alegria.
(De Pierre, de todos os demais amigos e familiares de VERSINHO.)
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