A temporada mais fria do ano chegou e além de tirar os casacos do armário e ter um cuidado redobrado com a saúde é preciso dar atenção a outras situações relativas a este período de temperaturas baixas. Enquanto no verão as ameaças características são deslizamentos, inundações, enxurradas e alagamentos, provocados pelo excesso de chuvas, no inverno o tempo seco traz outro tipo de ameaça — a estiagem e os incêndios florestais.
Em 2014, o Sudeste passou pela pior seca dos últimos 80 anos, com mais de 130 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais afetados. Com chuvas abaixo da média, o volume de água em importantes rios e represas da região diminuiu drasticamente. A consequência foi que, além de comprometer o abastecimento hídrico em várias cidades, a estiagem também contribuiu para aumentar o número de incêndios florestais.
De acordo com dados do 6º Grupamento de Bombeiro Militar (6º GBM) de Nova Friburgo, apenas de junho a outubro do ano passado foram mais de 340 casos de incêndio em vegetação no município. Um número bem maior do que os 127 registrados no mesmo período do ano anterior.
Mas não foi só no inverno que a situação se agravou, devido à intensa seca. Apenas nos dois primeiros meses de 2014, foram 73 casos registrados. Número maior do que o computado neste primeiro semestre de 2015 — 71. Agora, em junho, começamos novamente o período onde, normalmente, se registra o maior número de casos de queimadas. Apesar de estarmos presenciando frentes frias que estão trazendo chuvas para a região, é preciso ficar atento.
Incêndio criminoso: o vilão da história
O clima seco, de fato, contribui para as queimadas, no entanto, este não é fator causador dos estragos. De acordo com o secretário municipal de Defesa Civil, João Paulo Mori, incêndios realizados pela mão humana são os que mais engordam as estatísticas. “Estamos nos preparando para a estiagem, já que a chuva também foi bem abaixo do esperado nesse verão. Sabemos que a vegetação e o ar ficam muito secos nessa época, mas ainda temos um problema bem grande, que vai além da força da natureza: os incêndios criminosos. Nosso índice é um dos maiores do estado”.
A afirmação também é confirmada pelo Corpo de Bombeiros: “Infelizmente a esmagadora maioria de casos de incêndio é consequência da ação humana. Por isso, contamos muito com o apoio de todos no que diz respeito à conscientização. Pedimos que, por favor, evitem colocar fogo na hora de fazer uma limpeza de terreno. As pessoas acreditam que o fogo deste tipo de ação é controlado, no entanto, como a vegetação fica muito seca nesta época a situação acaba saindo do controle e se transforma em um incêndio florestal”, revela o capitão do 6º GBM, Cantanhede.
Vale lembrar que, além de causar danos à flora, fauna e a saúde humana, provocar queimadas é crime previsto pelo Código Florestal Brasileiro, artigo 38.
Seis dicas que podem evitar um incêndio florestal
- Não jogue pontas de cigarros nem fósforos no chão
- Não jogue materiais como vidro na vegetação. Eles podem ocasionar o efeito lupa — raios solares convergem para um ponto após atravessar cacos de vidro, criando um foco de luz com muito calor
- Não solte balões. Sua queda pode gerar incêndios
- Carregue com você todo tipo de lixo (plásticos, papéis, restos de coida, etc.) até encontrar uma lixeira apropriada para depositá-los. Além de evitar a poluição do meio ambiente, você também pode evitar uma queimada, já que estes materiais são extremamente inflamáveis e qualquer superaquecimento, inclusive pelo sol, pode gerar um foco de incêndio
- Procure saber se o local onde vai acender fogueiras é seguro. Chamas em um local aberto e sem segurança podem ser devastadoras. Se o local for autorizado, limpe a área circundante num perímetro de cinco metros com pedras e tenha atenção à intensidade do vento. Mantenha sempre por perto uma fonte de água caso ocorra algum imprevisto. E não se esqueça... Antes de abandonar o local, certifique-se de que apagou bem a fogueira com terra e pedras e que não restam brasas acesas. Fogueiras mal apagadas podem causar incêndios florestais
- Se for realizar uma queimada controlada, avise aos vizinhos da sua propriedade. As chamas, mesmo que sob controle, podem ocasionar pânico ou ainda o acionamento desnecessário dos bombeiros
O que fazer em caso de queimadas
- Primeiro ligue imediatamente para as autoridades responsáveis, que podem ser os bombeiros ou serviços florestais
- Se tiver certeza de que não corre perigo, tente abafar as chamas batendo nelas com ramos até a chegada dos bombeiros
- Se observar alguém suspeito de ter provocado o incêndio próximo ao local, anote descrições e marcas, cores e placas de veículos, tudo o que achar suspeito e que possa ajudar na identificação
- Não dê uma de curioso assistindo aos incêndios. Deixe livre o acesso para aqueles que combatem as chamas
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