Colunas
Marias e Clarices
Meus amigos, meus irmãos, façamos um trato: não deixeis que minhas partes sejam expostas no whatsapp. Eu não mereço.
Eu estava na minha grande mesa azul comendo um sanduíche quando a bela moça da moto cor-de-rosa chegou no meu celular. Era um feto encolhido deitado nas veias da cidade, fruto tão doce mesmo que ainda tão verde, expulso tão cedo do pé. Jaziam ali, seus vinte e poucos, diante de mim, diante de meus vinte e tantos já cansados. Mais uma vítima do caos e da desordem, desse estado de coisas que nos coisifica. Caiu da moto cor-de-rosa. Uma bela moça encolhida na avenida, mas bombando nas redes sociais. Qual o problema dessa gente?
Me perguntei se na mãe daquela criatura alguém pensou. Talvez fosse senhorinha simpática dessas que têm sempre goiabada na geladeira. Que entram no grupo do whatsapp pra papear com as amigas da igreja ou conversar com as irmãs que moram em Aperibé. Ou por mais simples, louca, recatada, espalhafatosa ou faladeira que pareça, é mãe. E dor de mãe não tem nem nome, é indizível, intratável, inexprimível, só sabe quem tem.
Não deixeis, amigos meus, sangue do meu sangue e carne de minha carne, que o grupo de oração da igreja receba seus filhos mortos via celular. Que uma foto de um filho morto chegue sem aviso e adentre à força em nossas casas. Nossas belas moças não merecem. Todas as mães do mundo também não.
Ana Blue
Blue Light
O que dizer dessa pessoa que a gente mal conhece, mas já considera pacas? Ana Blue não tem partido, não tem Tinder, é fã de Janis Joplin, parece intelectual mas tem vocação mesmo é pra comer. E divide a vida dela com você, todo sábado, no Blue Light.
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