Prefeitura: passagens gratuitas entre Centro e rodoviárias devem acabar

Gratuidade só vai até domingo, depois será cobrada meia-tarifa. Semana iniciou com transtornos
terça-feira, 19 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra
As novas linhas alimentadoras levam os passageiros às rodoviárias Norte e Sul (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)
As novas linhas alimentadoras levam os passageiros às rodoviárias Norte e Sul (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

Os ônibus intermunicipais não estão realizando o embarque e desembarque de passageiros nos pontos no Centro de Nova Friburgo, conforme determinou a prefeitura na semana passada. Nesta segunda-feira, 18, a Faol, empresa responsável pelo transporte público municipal, disponibilizou seis ônibus nas rodoviárias Norte, em Duas Pedras, e Sul, na Ponte da Saudade, para o transporte gratuito dos passageiros até o Centro. Mas, a gratuidade não deve durar muito tempo, porque, segundo o governo municipal, será cobrado R$ 1,65 (50% do valor da passagem) dos passageiros que usarem as linhas exclusivas que ligam as rodoviárias a região central da cidade.

“Quando o prefeito Rogério Cabral viu que a medida ia causar certo embaraço, ele determinou imediatamente que fossem colocados esses ônibus gratuitos com destino ao Centro. Os ônibus devem circular de 10 em 10 minutos e as passagens serão gratuitas até o domingo, 24. O prefeito vai se reunir com a empresa para que a gente consiga prorrogar esse prazo por mais uma semana. A partir de quarta-feira, 20, esses ônibus serão identificados com a cor vermelha para facilitar a identificação pelos passageiros”, disse o secretário da Secretaria de Mobilidade e Ordem Urbana (Smomu), Haroldo Cesar de Andrade Pereira, em entrevista coletiva na sede da prefeitura.

Na manhã desta segunda-feira, passageiros que vinham de cidades vizinhas desembarcaram na rodoviária Norte e, em seguida, embarcaram com destino ao Paissandu, no Centro, no ônibus da Faol estacionado em frente ao terminal. “O motorista e o fiscal da 1001 nos avisaram que podemos pegar esse ônibus da Faol de graça”, disse uma idosa que vinha de Cachoeiras de Macacu.  Na porta do ônibus, um fiscal explicava para uma jovem que na volta ela poderá pegar o mesmo ônibus e que não terá que pagar a passagem. No período em que a equipe de A Voz da Serra esteve no local, os fiscais não pediram aos passageiros a passagem intermunicipal que comprova que eles vieram de outra cidade.

O aposentado Hercílio Klen pegou o ônibus em um ponto na Avenida Comte Bittencourt, no Centro, com destino à rodoviária Norte. “O motorista me perguntou para onde eu ia. Eu falei que ia para Bom Jardim, entrei e não precisei pagar a passagem. Tomara que continue assim, porque pagar R$ 3,30 a mais fica caro”, disse o idoso de 67 anos.

A decisão da prefeitura que proíbe o embarque e desembarque das linhas intermunicipais no Centro tem como fundamento um decreto de 1998, que até hoje não havia sido cumprido e regulamenta a Lei Municipal 2.587/93, que autorizou a concessão das rodoviárias Norte e Sul. Embora no início do mês o governo municipal também tenha alegado que a decisão fora tomada por determinação do Ministério Público estadual, o órgão revelou não ter envolvimento com a medida. De acordo com o promotor Ângelo Gouvêa, a lei 2587 disciplina e autoriza a concessão das duas rodoviárias, mas nela não consta nenhum artigo que proíba os ônibus de embarcar e desembarcar passageiros no Centro.A medida causou preocupação em moradores de municípios vizinhos que temem perder o emprego em Friburgo, porque os empregadores teriam que arcar com o aumento de mais duas passagens diárias.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) de Nova Friburgo, Braulio Rezende, a medida irá trazer sérios prejuízos a empresas de todos os setores e a moradores da cidade e de municípios vizinhos. Ele enviou ofício ao prefeito Rogério Cabral em que pede revogação da medida e reclama da falta de diálogo com a comunidade e as entidades representativas de classe. “Novamente, ninguém foi ouvido. O comércio tem importante participação na economia do município e não é chamado para debater temas relevantes. Já enfrentou problemas com alteração nos horários de carga e descarga, inversão de mão de ruas, entre outras decisões que a Prefeitura toma sem conversar com os envolvidos. Em alguns casos, depois o prefeito até voltou atrás, mas já havia provocado enorme desgaste entre os empresários”, reclamou.

Na sexta-feira, 15, o deputado estadual Wanderson Nogueira (PSB) entrou com uma ação na justiça contra a determinação da prefeitura. “Sinto também que claramente o atual governo quer beneficiar a empresa de ônibus local que criou uma nova linha para atender essa demanda dos demais municípios. Por enquanto, não cobra passagem, mas cobrará - como já anunciado. O que me pergunto é: saem os ônibus intermunicipais, entram os da empresa local. Se é para melhorar o trânsito, me causa, no mínimo, estranhamento. Mais tempo para o trabalhador chegar ao trabalho. Mais dinheiro gastará. Menos dinheiro para comprar no comércio local. É um efeito dominó sem fim”, disse.

Em nota, o Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) informou que não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre a proibição determinada pela Prefeitura de Nova Friburgo. “O Departamento esclarece ainda que mudanças nas linhas intermunicipais devem ter autorização do órgão”, informa nota.

  • Os passageiros desembarcam no terminal e pegam o ônibus que vai para o Paissandu (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Os passageiros desembarcam no terminal e pegam o ônibus que vai para o Paissandu (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Hercílio Klen pegou o ônibus no centro: “Eu falei que ia para Bom Jardim, entrei e não precisei pagar a passagem” (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Hercílio Klen pegou o ônibus no centro: “Eu falei que ia para Bom Jardim, entrei e não precisei pagar a passagem” (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

  • Os fiscais da Faol orientam os passageiros sobre a nova medida da prefeitura (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

    Os fiscais da Faol orientam os passageiros sobre a nova medida da prefeitura (Lúcio Cesar Pereira/A Voz da Serra)

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