REUNIÃO COM os ministros das áreas financeira e política do governo federal realizada domingo no Palácio do Planalto traçou uma estratégia para uma semana de fortes emoções no que diz respeito ao ajuste fiscal e às medidas restritivas apresentadas para o contingenciamento desejado de R$ 60 bilhões. A presidente Dilma está divida entre o racionalismo econômico e o populismo social que é a marca de seu partido.
DE TODAS AS medidas amargas que os governos federal e estadual vêm projetando para equilibrar as contas públicas, a mais dolorosa é, sem dúvida, o aumento de impostos. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, esse tipo de saída a que os governantes costumam recorrer não onera apenas o setor produtivo. Recai, cruelmente, sobre toda a população, na forma de repasse aos preços, de quebra de empresas e de desemprego.
NO DILEMA presidencial, de acordo com avaliações de economistas fora do governo, é possível promover um ajuste fiscal sem baseá-lo no aumento de impostos e até mesmo sem provocar desgaste político. Basta ter coragem de promover cortes de despesas e reformas para melhorar a produtividade e o ambiente de negócios.
O BRASIL PRECISA se inspirar no exemplo de outros países, que demonstraram na prática a viabilidade de acertar as contas e atrair investidores sem aumentar impostos. Em outras palavras, isso significa conferir prioridade a alternativas comprovadas como eficazes pelo setor privado, como um orçamento base zero, no qual cada projeto faça realmente sentido.
TAMBÉM É preciso apostar em reformas como a tributária e a trabalhista, e em programas maciços de infraestrutura voltados para aeroportos, estradas e ferrovias, com a atração de investidores externos através de concessões. Neste último quesito, o governo federal deve lançar um grande pacote em junho, envolvendo a concessão de aeroportos e rodovias. Espera-se que não seja apenas mais um projeto entre tantos outros que ficaram pelo caminho.
DEPOIS DE UMA sucessão de equívocos e de incompetência gerencial, o país não tem mais o direito de errar, pois a conta ficaria alta demais para os brasileiros. O momento é de persistir numa administração eficaz e na seriedade fiscal, sem dar margem a saídas fáceis, mas de consequências danosas, como o aumento da já insuportável carga tributária.
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